Este é um breve resumo da trajetória de Fábio Carille, 44, comandante do Corinthians, e Alberto Valentim, 42, do Palmeiras, rivais neste domingo, na Arena Corinthians, em São Paulo, a partir das 17h (de Brasília), pela 32ª rodada do torneio nacional.





Carille tem uma vantagem significativa diante do rival. O time corintiano lidera o campeonato desde a quinta rodada e tem cinco pontos de vantagem em relação à equipe palmeirense: 59 a 54. Por isso Valentim sabe que a chance de ocorrer uma reviravolta no torneio passa pelo resultado no clássico.





O duelo entre eles, contudo, não é inédito.





Em 23 de março, eles se enfrentaram quando Valentim ainda era técnico do Red Bull. Naquele dia houve um empate por 1 a 1, em Itaquera, resultado que foi bastante frustrante para o time alvinegro - sofreu a igualdade nos acréscimos.





Confira abaixo um pouco mais sobre o perfil de Carille e Valentim.

Rivais nos gramados?


Apesar de ter nascido em São Paulo, Fábio Carille foi criado em Sertãozinho, a 320km da capital paulista. Foi lá também que tornou-se jogador profissional. Isso ocorreu em 1992, quando surgiu como um esforçado lateral esquerdo.





Só pendurou as chuteiras em 2007, mas durante 15 anos, defendeu as cores de muitos clubes. Os mais marcantes foram Paraná, Juventus e Barueri. Teve uma rápida passagem pelo Corinthians, em 1995, sem ter entrado em campo vez alguma.





Também foi treinado por nomes como Vanderlei Luxemburgo, responsável por fazer com que Carille virasse zagueiro a partir de 1998.





Natural de Oliveira, em Minas Gerais, Alberto Valentim se profissionalizou pelo Guarani, em 1995. Foi um bom lateral direito, inclusive sendo escolhido o melhor da posição na Bola de Prata da Revista Placar em 1996 pelo Atlético-PR.





Também rodou por muitas equipes do Brasil e foi um pouco mais feliz do que Carille. Esteve no elenco campeão do Paulista de 1998 pelo São Paulo e ganhou um Estadual e uma Seletiva para a Libertadores pelo Atlético-PR.





Contemporâneos como jogadores, eles não tem na lembrança de terem se enfrentado. De fato, isso ocorreu poucas vezes





O primeiro confronto entre eles foi em 10 de março de 1996. Valentim foi titular no Guarani e Carille (na época chamado apenas de Fábio), no XV de Jaú. O confronto pelo Campeonato Paulista terminou empatado por 1 a 1 e foi visto por apenas 2.2.74 pagantes no estádio Brinco de Ouro da Princesa.





No segundo turno, apenas Carille esteve em campo, pois Valentim havia se transferido para a Inter de Limeira para jogar a Série A2 do Estadual.





Pelo Campeonato Paranaense de 1996 algumas fontes apontam que eles se enfrentaram nas cinco partidas entre Paraná e Atlético-PR. Mas a escassez de informações sobre esses jogos não oferece tanta segurança. Um fato conhecido é que Carille era titular no Paraná e foi campeão do Estadual.





Segundo o GloboEsporte.com, eles também se enfrentaram no Brasileiro de 1996, quando Carille jogou pelo Coritiba, e Valentim pelo Atlético-PR.





Experiência no exterior


Valentim deixou o Brasil primeiro do que Carelli e o destino foi até melhor. Ele saiu do Atlético-PR em dezembro de 1999 para defender a Udinese, da Itália, jogando o campeonato nacional mais badalado do planeta. Basta lembrar que estavam lá Batistuta, Shevchenko, Salas, Bierhoff, Recoba, Crespo...





E ele não foi nada mal pela Udinese. Fez 14 jogos em seis meses no Italiano e a Udinese terminou em um oitavo lugar. Prosseguiu na equipe até janeiro de 2004, quando foi emprestado para o Siena. Depois foi contratado de forma definitiva e jogou três temporadas completas pelo time.





Mas a experiência na Itália também trouxe problemas para Valentim. Ele foi um dos jogadores pegos no escândalo dos passaportes falsos, no início dos anos 2000. Ficou três meses e meio suspenso. A vida seguiu normal depois desse episódio.





Já Carille deixou o Brasil ao final de 2002. A escolha foi bem incomum para a época: a China. O convite foi para jogar no Guangzhou, mesmo time que Luiz Felipe Scolari se despediu no sábado. Mas o treinador corintiano disse para a reportagem que o cenário que encontrou por lá era bem complicado e se frustrou.





"Fui para lá depois de jogar o Campeonato Brasileiro pelo Paraná. Tinha muitos brasileiros por lá em 2003, mas o mercado não se parecia nada com o que virou atualmente. Eu cheguei bem no ano da pneumonia asiática. Aquilo parou o país. O campeonato não começava. A gente ficou em um centro de treinamento no centro da China. Fiquei três, quatro meses e nada de campeonato. Não tinha assinado contrato, mas recebia o salário mensalmente. Aí resolvei voltar ao Brasil. Depois de 15 dias por aqui, eles me ligaram para eu voltar e eu preferi permanecer no Brasil", disse Carille ao ESPN.com.br.





Passados 14 anos da aventura na China, o técnico do Corinthians lamenta mesmo o fato de o futebol no país ser mais precário naquele momento.





"Para o meu nível de jogador no Brasil, eu recebia um bom salário. Mas a realidade em 2003 estava bem longe de ser o que se paga hoje em dia. Longe mesmo. Hoje a China é o que foi o Japão anos atrás, é o que foi o mundo árabe. Naquela época representava apenas uma realidade maior do que a minha no Brasil".





Pontapé inicial para serem técnicos


Fábio Carille decidiu que seria técnico de futebol em 2000. Na época, ele tinha de 27 para 28 anos e jogava no Juventus, clube do bairro paulistano da Mooca. E o "despertar" foi no mínimo curioso, segundo as recordações do treinador.





"Eu jogava no Juventus e alguns atletas do time de juniores me pediram para que eu pegasse a carreira deles como empresário, mas eu não tinha confiança para fazer isso. Foi aí que pensei: 'Estou com 27 para 28 anos e preciso direcionar minha vida'. Foi naquele momento que coloquei na minha cabeça que seria técnico de futebol. A partir daí comecei a fazer cursos, ler livros, conversar com amigos que estavam na Europa sobre esse trabalho", disse para o ESPN.com.br.





Para colocar o plano em prática, Carille resolveu estudar e o primeiro curso que ele fez foi em 2004, quando deu o pontapé inicial. Ele fez um módulo para técnicos de futebol e acabou arrumando um estágio no Araxá, em Minas Gerais. A primeira oportunidade como treinador ocorreu apenas em 2007. Após Sérgio Soares ser demitido do comando do técnico Barueri, a diretoria convidou Carille para antecipar a aposentadoria e virar treinador. Ele aceitou o desafio e iniciou assim a nova profissão.





Chegou ao Corinthians em 2009 a convite de Mano Menezes. Trabalhou como auxiliar técnico do comandante gaúcho, de Tite, Cristóvão Borges e Oswaldo de Oliveira, com raras oportunidades até dirigir o time. Foi nesta temporada que ganhou o incetivo para treinar a equipe e acabou efetivado.





"Eu sou feliz pela minha escolha. Se tivesse virado empresário em 2000, acho que não seria feliz comigo mesmo como sou hoje como técnico", disse Carille.





Para Valentim o primeiro insight para se tornar técnico ocorreu em 2004. Ele jogava pela Udinese e tinha como treinador Luciano Spalletti.





"Foi como um estágio. Ao ver o trabalho dele pensei: 'É isso que quero ser'", disse o treinador, via assessoria de imprensa.





De fato, foi com Spalletti que ele viveu o melhor momento na Itália. Passou a jogar no meio de campo e levou o time a Uefa Champions League, torneio que fez quatro partidas em 2003/04.





Mas a primeira atividade que exerceu após pendurar as chuteiras foi como dirigente. Virou assessor da presidência do Atlético-PR, clube que era comandando por Mario Celso Petraglia. Ficou nesse cargo até o final da temporada de 2013. Sentiu que não podia adiar mais o sonho de virar treinador.





Em janeiro de 2014, foi contratado como auxiliar-técnico permanente do Palmeiras e fez parte dos títulos da Copa do Brasil de 2015 e do Campeonato Brasileiro de 2016. No início deste ano ele saiu da equipe e foi treinar o Red Bull Brasil no Campeonato Paulista. Retornou ao clube palmeirense em 24 de junho.





Durante o hiato entre o Red Bull Brasil e a volta ao Palmeiras, Valentim viajou para a Itália e visitou algumas equipes para se atualizar. Um dos times observados foi a Roma, então comandada pelo velho amigo Luciano Spalletti.





Até virar o técnico efetivo do Palmeiras, Valentim acumulava 11 jogos como treinador interino do time.





Negócio próprio


Há dois anos, Fábio Carille inaugurou a Escola de Futebol Fábio Carille, em Sertãozinho. O local funciona todos os dias e oferece aulas de futebol para crianças e adolescentes de 4 a 16 anos, trabalhando principalmente com a garotada da cidade. Também tem aluguel de quadras e um bar/lanchonete.





São cerca de 200 crianças inscritas na escolinha, que trabalha com valores fixos, independentemente da idade: R$ 75/mês por aluno. No entanto, também há um programa de bolsas para crianças carentes, que podem treinar de graça nas instalações.





Mesmo sendo propriedade do técnico do Corinthians, aliás, ela é independente e não tem ligação com nenhuma equipe. No entanto, os donos levam os principais destaques para peneiras em times paulistas.





Alberto Valentim também tem um negócio próprio, mas mais modesto. Segundo o GloboEsporte.com, ele é dono da "Alberto Sport Center", uma academia de exercícios físicos em Oliveira. O local fica a 150km de Belo Horizonte e oferece musculação, natação e aulas de futebol.





Assim como faz Carille, a academia de Valentim é independente do Palmeiras e não tem qualquer ligação com a equipe.

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