O reencontro já poderia ter ocorrido em duas oportunidades. O Atlético-MG demitiu Marcelo Oliveira em meio às finais da Copa do Brasil e fechou com Roger, mas o treinador só aceitou iniciar o trabalho em janeiro de 2017. No decorrer daquele ano, ele acabou demitido antes do duelo entre Galo e Tricolor pelo Brasileirão.
No primeiro trabalho em clube grande, Roger instaurou processos e começou a implantar um método de jogo com princípios que rompiam vários dogmas do Grêmio. Este foi o ponto de partida, no campo, que fez o clube dar uma guinada.
"O Roger tem méritos, é um grande treinador. Mas sem o Renato a gente não teria vencido todos esses títulos que ganhamos", resumiu Pedro Geromel em recente entrevista à ESPN.
A frase do zagueiro merece atenção. Ao assumir o Grêmio em maio de 2015, Roger Machado deixou para trás o futebol aplicado por Luiz Felipe Scolari. Trocou a referência pela mobilidade, investiu pesado em metodologia de treino e criou um hábito enraizado no elenco: estudar.
Sob o comando do agora treinador do Palmeiras, os jogadores do Grêmio passaram a depurar mais as informações obtidas sobre adversários. Evoluíram em leitura de jogo e comportamento coletivo. Ganharam rotinas que se transformaram em um jogo de posse fluído. Dinâmico.
Com novos termos, Roger transformou o 'tocou, passou' em regra de segundos para a posse em cada atleta. Também trocou o 'joga aberto' por 'pisa na linha' em busca de amplitude no ataque para gerar espaços aos meias que vinham atrás. Adotou o assovio à beira do gramado como gatilho para subir a marcação do time e pressionar o adversário.
Entre um jogo e outro, Roger se debruçava no trabalho. A primeira experiência na elite do futebol como treinador fazia o ex-jogador se cobrar por mais a cada dia. Mais de uma vez, ele improvisou um jeito de assistir vídeos para melhorar a análise. Com um colchão no chão, ocupava a sala como se fosse cinema de olho em uma projeção na parede.
Durante os 447 dias à frente do Grêmio, Roger Machado viveu fielmente com suas convicções. O estilo do treinador gerou pressão interna pela cobrança intensa em treinos e jogos. Por fim, ele decidiu sair ao entender que o trabalho havia chegado ao limite. As relações já não eram as mesmas. Renato Gaúcho foi anunciado dois dias depois.
"Eu estava lá e trabalhei (na transição Roger-Renato) e passar as informações para ele (Renato) foi importante. Ele fez questionamentos de como era desenvolvido, como o Roger trabalhava, como o processo era feito para chegar no nível que chegou. Foi muito inteligente ao não propor mudanças na forma de jogar. Renato foi um grande jogador e também gosta desse futebol bem jogado", comentou James Freitas, ex-auxiliar técnico do Grêmio e atualmente no Cruzeiro.
As heranças de Roger, no começo, geravam certo desconforto no Grêmio. Admitir que o time tinha influências do ex-treinador não era algo comum. Aos poucos, o tema foi sendo superado. Até pelos títulos. Com taças, o reconhecimento se tornou orgânico. Naturalidade de quem entende que aquela fase foi importante, mas precisava ser complementada.
"O Grêmio sempre trabalhou bem, valorizou a posse de bola e isso o Roger colocou no grupo. Essa parte eu mantive. Outras partes… A bola parada, a marcação era por zona, e eu não gosto assim. Se o adversário fizer gol, vou ter de quem marcar. Com marcação por zona, vou cobrar de quem? O Grêmio também tinha problema defensivo por conta do Maicon ou Walace passando muito dos meias. Deixei eles mais fixos protegendo até os laterais", contou o atual treinador do Grêmio.
Renato manteve conceitos na reta final de 2016, mas já no ano seguinte transformou o Grêmio em um time ainda mais agudo. A posse que muitas vezes cruzava a linha tênue de controle para algo inócuo deu lugar a velocidade. Contundência. Agora em 2018 o time passou por uma nova transformação ao jogar com Maicon e Arthur.
O herói de 1983 inseriu novos princípios, revisou detalhes da bola parada e também mudou a gestão do vestiário. Com uma estratégia diferente, Renato Portaluppi colheu resultados que faltaram a Roger. Usando o trabalho anterior como base e explorando o legado em forma de conceito e prática. No jogo da décima rodada do Brasileirão o antecessor encontra o substituto. E o Grêmio revê um ídolo que já tem, de forma mais aberta, o reconhecimento pelo trabalho.
Trajetória no Palmeiras é parecida
No Palmeiras, a trajetória de Roger ainda é recente. Mas já demonstra alguns paralelos com o que ele apresentou no Grêmio. Sob seu comando, o time alviverde também passou a valorizar mais a posse de bola e trabalhar conceitos que estavam esquecidos com Cuca, como a saída pelo chão desde a defesa e a marcação por zona. Após um início excelente, alguns maus resultados - especialmente derrotas para o arquirrival Corinthians - conturbaram o ambiente e a relação com parte da torcida. Mas Roger tem apoio interno e se sustenta nos ótimos números na temporada, com aproveitamento de quase 70%.
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Contra o Sport sofremos gols por conta dessa marcação por zona na bola parada... esse era um problema com o Eduardo Baptista, aí o Cuca ao voltar, corrigiu, porém agora o Roger voltou com esse conceito, que eu particularmente não gosto.
Os atacantes tem que acompanhar os defensores e marcá-los individualmente na nossa área.
Ainda acho que essa marcação por zona na defesa é falha. Não raras vezes aparece um atacante livre na cara do Jaílson.