Endrick em Brasília: como o estádio da primeira final pelo Palmeiras uniu os pais do atacante

26/1/2023 13:31

Endrick em Brasília: como o estádio da primeira final pelo Palmeiras uniu os pais do atacante

Douglas e Cintia se conheceram e iniciaram o relacionamento no Mané Garrincha, palco da decisão da Supercopa, neste sábado. Mãe chegou a trabalhar grávida do filho no local

Endrick em Brasília: como o estádio da primeira final pelo Palmeiras uniu os pais do atacante

É difícil imaginar que alguém pudesse ser capaz de contar uma história tão impressionante através do destino como a escrita pela família Ramos Sousa, que tem no astro Endrick o papel de protagonista.



Neste sábado, às 16h30, no estádio Mané Garrincha, em Brasília, a joia de 16 anos vai disputar sua primeira final como profissional no Palmeiras. Num lugar em que seus pais se conheceram e onde sua mãe trabalhou até grávida, com Endrick prestes a nascer.

A decisão da Supercopa será praticamente no "quintal" da família de Endrick. Foi lá onde tudo começou.

Trabalho, amizade e amor
O ano era 2005, e Douglas e Cíntia lutavam pela sobrevivência. Trabalhavam no setor de limpeza do então acanhado estádio Mané Garrincha, ainda sem toda a modernidade e conforto pós-reforma para ser uma das sedes da Copa do Mundo de 2014.

Os caminhos deles se cruzaram após Cíntia ser transferida para o mesmo setor de Douglas. A amizade construída por meio de jogos de dominó nas escadarias do Mané Garrincha, durante o descanso do almoço, foi o início de uma grande história de amor.

– Cheguei e não conhecia ninguém, ele fez amizade rápida comigo, me dava atenção, conversava muito com ele sobre como tinha sido o fim de semana, era meu confidente. Fui gostando do jeito cativante dele, uma pessoa de caráter. Logo entrei de férias, aí ficamos conversando por celular, era amizade mesmo – relembra Cíntia.

Tanto Cíntia quanto Douglas garantem que não tiveram interesse inicial um no outro. Foi uma relação construída na base da amizade e que só virou amor após um beijo despretensioso – eles juram que foi por acaso – durante a espera de um ônibus na rodoviária de Brasília.

– Tinha uma final no Mané e convidei ela e uns amigos para assistir. Depois do jogo fomos comemorar o título, mas meus amigos acabaram não indo. Ela foi. Lembro que na época tinham três amigos meus interessados nela, mas ela não se interessou por eles.

– Fomos para uma festa, eu e ela. Foi a primeira vez que virei a noite, saímos direto de lá para trabalhar. Estávamos na rodoviária, ela sentada no banco, eu olhando para um lado e ela para o outro. Fui virar para avisar que o ônibus tinha chegado e acabei dando um selinho nela. Pegamos o ônibus e fomos trabalhar como se nada tivesse acontecido. Na hora do almoço, estava deitado no vestiário e ela apareceu na minha frente perguntando como que iria ser. Foi quando a gente começou a namorar – relembra Douglas.

Poucos meses depois de assumirem o namoro, o casal soube que teria um filho. Mesmo com o trabalho considerado pesado para uma grávida – Cíntia fazia a limpeza de todo o estádio, subindo e descendo várias escadas –, a mãe de Endrick não conseguiu tirar licença médica. Trabalhou até poucas semanas antes do nascimento do filho.

– Antes mesmo de nascer ele já frequentava os gramados. Pedimos para a administração do estádio para liberarem ela do trabalho por ter muitas escadas, precisava diminuir o risco. Mas não liberaram – conta Douglas, que ficou sem o emprego após a empresa de limpeza perder a licitação para seguir prestando serviços no estádio.

"O Endrick chutava muito já na barriga. Ver meu filho entrar naquele estádio, naquele campo, é algo que só Deus pode explicar", Cíntia Ramos, mãe de Endrick.

Parto de risco
Após nove meses de gestação e de trabalho na limpeza do Mané Garrincha, Cíntia viveu momentos de incerteza e muita apreensão no parto de Endrick. Durante a espera por um leito no hospital de Taguatinga, cidade satélite distante 17 quilômetros de Brasília, para a realização da cesariana, um caso de mecônio* assustou e exigiu dela uma atitude radical para salvar a vida do filho.

Sangrando muito enquanto esperava um lugar para a realização da cirurgia, Cíntia levantou e foi andando até a sala para a realização da cesariana. Uma cena que ela lembra até hoje.

"Ele nasceu roxo, fizeram sucção nele e demorou um pouco para ouvir o choro dele. Desde o dia do nascimento dele, só agradeço a Deus pela vida", conta a mãe de Endrick.
– Ele é um menino de ouro, até o parto dele que foi complicado. Em vez de descer ele subiu para as minhas costelas, defecou dentro da minha barriga. Ele poderia aspirar e ter problema respiratório. Eles apertavam minha barriga e só apertava, subia. Queriam me esperar para levar na cirurgia, mas fui a pé para a sala. Olhava no corredor e era apenas sangue. Não tem nenhum problema respiratório, absolutamente nenhum problema de saúde.

*Mecônio é o nome dado quando o bebê acaba defecando na barriga da mãe antes, durante ou depois do trabalho de parto.

Filho na base, pai na faxina
Aos 16 anos, o atacante pode conquistar o seu primeiro título como titular do time profissional do Palmeiras justamente no estádio onde os seus pais se conheceram, onde a sua mãe trabalhou grávida e o carregou por cada canto do local que receberá mais de 60 mil pessoas, muitas delas gritando o nome de Endrick.

Mas antes de atingir o status de estrela, Endrick e sua família precisaram vencer batalhas não só dentro de campo, mas também fora dele. A principal delas foi a falta de recursos para ter uma vida digna.

Após os primeiros passos nos campos de futebol de Valparaíso de Goiás e Brasília, cidades onde a família morou antes de se mudar para São Paulo, Endrick foi aprovado para jogar na base do Palmeiras com direito a apenas um acompanhante: a escolhida foi a mãe. O pai seguiu em Brasília trabalhando e tentando ajudar de alguma forma Cíntia e o filho.

Após perder o emprego em Brasília, Douglas decidiu se arriscar em São Paulo. A alternativa era tentar aumentar a renda na capital paulista, que tinha apenas as parcelas do auxílio seguro-desemprego, para sobreviver e manter o sonho do filho de ser jogador profissional.

No último mês em que tinha direito ao auxílio do Governo Federal, Douglas Ramos conseguiu emprego como auxiliar de limpeza em São Paulo. Ele começaria a ser o responsável por cuidar das dependências do Centro de Treinamento do Palmeiras, local que viria a ser o ambiente de trabalho de Endrick. Mas com uma condição: que nenhuma pessoa do clube soubesse que ele era pai de um jogador das categorias de base.

– Quando vim para São Paulo, no último mês do seguro-desemprego, não sabia o que iríamos fazer porque não tinha nada. A Cíntia me pedia calma. Em um mês comecei a trabalhar no Palmeiras, quando eles deram o registro na minha carteira ficou faltando um dia para não perder o seguro, caso isso acontecesse não conseguiria ter dinheiro entre o fim do seguro e o primeiro salário do Palmeiras. Não há como explicar, temos que agradecer a Deus e ao Endrick, tem o esforço e dedicação dele em tudo isso – explica Douglas.

E a história no Palmeiras foi marcante para Douglas após uma inesperada ajuda do elenco. Com problemas dentários em virtude de alta dosagem de antibióticos por conta de um problema na mão, o pai de Endrick perdeu praticamente todos os dentes da boca, causando nele um emagrecimento que chamou atenção dos jogadores pela dificuldade em se alimentar.

– Um dia o Jailson [ex-goleiro do Palmeiras] me pediu para ligar para a Cíntia porque gostaria de falar com ela, até achei estranho ele querer conversar com a minha esposa. Conversaram sobre o meu problema, e os jogadores pagaram uma prótese e tratamento dentários. Não esperava, foi algo que mudou a minha vida – conta Douglas.

O pai de Endrick saiu do trabalho no clube assim que o filho deixou começou a empilhar títulos pelas categorias de base do Palmeiras.

O bom filho a casa torna...
Endrick pisará novamente em Brasília, neste sábado, em um momento bem diferente de quando a deixou há sete anos. Vendido ao Real Madrid por R$ 400 milhões, a primeira vez no gramado do Mané Garrincha como jogador de futebol pode ser também o dia da primeira conquista como titular do Palmeiras.

E quis o destino que fosse Brasília. Endrick era um dos convocados pelo técnico Ramon Menezes para a seleção brasileira que disputa o Sul-Americano sub-20 na Colômbia. Caso não tivesse sido liberado pela CBF, o centroavante não teria a oportunidade de disputar uma final na cidade onde nasceu.

"Se ele tivesse ido para o Sul-Americano ele não poderia disputar essa final em Brasília. O destino foi se encaixando para dar tudo certo", lembra a mãe de Endrick.
– Ele disse que se pudesse alugaria ônibus para levar o pessoal, está em uma grande expectativa para poder jogar na cidade dele, ansioso por poder representar o entorno, as origens dele. Tanto para ele quanto para nós, será inesquecível – disse o pai de Endrick.







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Altino Lima     

Uma linda história, essa da família Endrick....Parabéns....

Marcelo Salim     

Esse japones deve comer merda ... pq ele só escreve merda tb ... perder ?? Teu cu japones .. aqui é Palmeiras porra .. "perder de pouco" vaza daqui japones cheirador kkkkk

yoshinobu sato     

Endrick de 9 so dudu que cruza resto pensar em chutar endrick fica perdido sem pegar bola agora e flamengo osso de roer vamos jogar bem para nao perder de muito

Edson Nogueira     

Vitti, não sei se daria um livro de romance, mas, com certeza um exemplo de perseverança, parabéns família e além de torcer por você em campo, Endrick que seja feliz na vida de Profissional garoto.????????????

Galileu Vitti     

Da um livro de romance, E ASSIM NASCEU MAIS UM ATLETA

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