No meio-campo, por exemplo, tem jogadores com características para ter melhores resultados em termos criativos nesse setor. Possui o potencial de Raphael Veiga, Felipe Anderson e Maurício, que são bons jogadores, com atributos favoráveis para efetivar a distribuição de jogadas de forma equilibrada. Porém, não estão sendo bem sucedidos em suas funções de controle de velocidade no jogo. Estão deixando o ataque pouco abastecido, o que diminui as chances reais de gol.

Vejo certa teimosia por parte do técnico Abel Ferreira em manter um dos jogadores mais habilidosos do elenco, Estêvão, como ala pela direita, sendo que sempre foi utilizado como meio-campista na base do Cruzeiro, onde surgiu e foi apelidado de “Messinho”, por ter excelente visão de jogo e conseguir municiar o ataque de forma primorosa. Apesar de Estêvão estar de saída da equipe, ele poderia ser melhor aproveitado jogando pelo meio, como “pensador”. Há certa dependência de atuações individuais que não era aparente quando o sistema estava organizado. Acredito que os atributos individuais devem elevar o coletivo da equipe - e não ser o alicerce do esquema.

O atacante Facundo Torres não está conseguindo render o esperado para ser uma alternativa viável para a futura ausência de Estêvão. O Palmeiras ainda não encontrou o centroavante titular para a equipe, uma vez que Vitor Roque chegou com esse status, porém ainda não marcou nenhum gol nos seis jogos que participou. Particularmente, acredito que esse jejum de gols pode estar diretamente ligado à dificuldade de criação que o time está apresentando.

As ausências e/ou baixo rendimento dos zagueiros Gustavo Gómez e Murilo têm interferido nas boas sequências de jogos, o que está obrigando o treinador a alterar a formação e o esquema tático da equipe. A consequência é um certo desentrosamento, que ficou claro nos dois gols sofridos na partida contra a equipe peruana do Sporting Cristal, na estreia do Palmeiras na Libertadores.

A performance coletiva poderia ter sido tranquila, dada a diferença técnica existente entre as equipes, mas tornou-se complicada. O Palmeiras até teve maior volume de jogo, mas, devido à lentidão dos passes, o domínio não foi efetivo. Apresentou dificuldades para entrar na defesa adversária, com a abertura do placar só ocorrendo na parte final do primeiro tempo. A vitória palmeirense por 3 a 2 só foi possível graças à capacidade de resiliência que tem marcado o trabalho de Abel Ferreira na equipe paulista.

Atualmente, a fortaleza Allianz Parque não é mais vista dessa forma, talvez devido à mudança de comportamento da torcida organizada, que passou a não apoiar jogadores e comissão técnica durante as partidas, fazendo manifestações no decorrer dos jogos - e não após as partidas, como fazia anteriormente. No jogo contra o Sport, do Recife, pela segunda rodada do Brasileirão, repetiu-se a falta de linearidade no desempenho do Palmeiras. O time pernambucano esteve melhor organizado, tendo inclusive bola na trave, mas o Verdão venceu a partida por 2 a 1.

O resultado teve a participação ativa do VAR, que assinalou um pênalti duvidoso para o time de Abel Ferreira. A não correção do equívoco determinou a vitória do Palmeiras e culminou em punição com afastamento de toda a equipe de arbitragem. Não estou querendo entrar no mérito se a decisão do STJD foi acertada ou não. O objeto desta análise é, simplesmente, destacar o baixo rendimento tático que o Palmeiras tem apresentado.

Aparentemente, o fato da equipe estar passando por processo de reconstrução pode estar afetando o desempenho coletivo do time, que não consegue atuar em alto nível. O fato de não conseguir ser protagonista dos jogos tem desapontado analistas e grande parte da torcida alviverde.

Os dois próximos jogos serão fundamentais para proporcionar tranquilidade à equipe, pois o Palmeiras será o mandante tanto contra o Cerro Porteño, pela Libertadores - que será realizado no Allianz Parque – quanto no Dérbi, pelo Campeonato Brasileiro 2025, que será na Arena Barueri. Ter bom desempenho será primordial para aliviar a pressão que paira, no momento, sobre a Academia de Futebol.