Aos 40 anos de idade, Hernán Barcos já não tem a cabeleira que o marcou quando era destaque do futebol brasileiro na década passada, mas o estilo goleador continua o mesmo. Um dia antes de fazer seu 41º aniversário, o centroavante do Alianza Lima, do Peru, entra em campo nesta quinta-feira para enfrentar o São Paulo, às 21h30 (de Brasília), como artilheiro da Conmebol Libertadores. Dos quatro gols marcados pelo Pirata na competição, um deles foi especial: na Bombonera, contra o Boca Juniors. Ele foi peça-chave para fazer o time peruano derrubar o gigante argentino na eliminatória antes da fase de grupos. – Foi muito lindo e emocionante. Eu, com quase 41 anos, fazer gol na Bombonera, que não tinha feito na carreira. Um sonho, ninguém esperava que a gente passasse – relatou ao ge o atacante com passagens por Palmeiras, Grêmio e Cruzeiro. A emoção vivida em Buenos Aires o fez colocar em dúvida o plano de se aposentar ao fim do ano. Ele anunciara que esta seria sua última temporada, mas agora sorri ao ser perguntado sobre o futuro. – Eu falei que vou jogar mais um ano para me preparar para parar. Porque fisicamente eu me sinto bem, ainda consigo competir, que é o mais importante. Ainda não senti que quero largar, mas falei para me preparar mentalmente e não é fácil. Vamos ver como termina o ano e aí decidir o melhor para todos – respondeu.
Ainda não entra na minha cabeça, tenho que trabalhar muito para aceitar que tem que largar um dia. Barcos está em sua quinta temporada no Alianza Lima. A chegada ao time peruano ocorreu logo após uma passagem frustrada pelo Bashundhara Kings, de Bangladesh, na qual fez apenas um jogo e depois teve que deixar o país pelo início da pandemia da Covid-19. – Aqui (em Lima) senti de novo o futebol voltar a ser importante. Tive várias passagens rápidas... Seis meses no Cruzeiro, antes teve o Vélez, aí Atlético Nacional por um ano, vou para Bangladesh e pego a pandemia e complicou tudo. Fiquei um ano parado. E vim para cá – listou. – Foi como achar meu lugar, onde me sinto bem. O torcedor do Alianza Lima é muito carinhoso. Futebolisticamente deu certo, senão era difícil que me quisessem, mas foi muito bom desde o dia 1 – reforçou o jogo, bicampeão peruano pelo Alianza Lima.
Independentemente da decisão de parar no fim do ano ou não, Barcos começou a projetar seu futuro para quando pendurar as chuteiras. O atacante concluiu o curso para treinador e está estudando para se transformar executivo de futebol, também. Se tivesse que escolher hoje, o Pirata diz que optaria seguir a carreira como gestor. – Com certeza vou estar dentro do futebol, eu vivo há 25 anos para o futebol. Difícil que fique fora. Não falo impossível, porque nunca se sabe. Mas acho que vou continuar a carreira, se não como treinador, como gerente esportivo ou algo assim. Hoje me vejo mais fora (como gestor). Além do futebol, o atacante começou a investir no ramo alimentício. Ele abriu com sua esposa Giuli uma cafeteria argentina em Lima e planeja expandir o negócio. – Pensamos na cafeteria porque gosto muito de café. Pensamos em trazer café de vários lugares do Peru e vender produtor argentinos. E com meu sócio, que já teve uma padaria argentina online, unimos as duas ideias e abrimos uma padaria e uma cafeteria argentina. Aqui unimos tudo, vendemos todos os produtor argentinos. – A gente entra aqui na padaria, vê as coisas saindo do forno e dá uma vontade de comer absurda. A gente se cuida, mas não vou falar que não comemos. Só com cuidado (risos) – concluiu.