Um novo laudo pericial, contratado pelo departamento jurídico do Palmeiras, indicou que o vice-prefeito de São José do Rio Preto (SP), Fábio Marcondes (PL), pronunciou a palavra “macaco” contra um segurança do Palmeiras. O caso é investigado por injúria racial e ocorreu após o jogo entre o Verdão e o Mirassol, pelo Campeonato Paulista, no dia 23 de fevereiro. A TV TEM pediu um posicionamento para a defesa de Fábio Marcondes e do Palmeiras, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
O documento de 21 páginas, que foi obtido pela reportagem na terça-feira (20), é de um instituto de perícias de Curitiba e detalha o áudio do vídeo, feito por uma equipe de reportagem da TV TEM, que registrou a briga. Na imagem, Marcondes aparece xingando o funcionário de "lixo". Na sequência, quando o vice-prefeito está de costas para a câmera, é possível ouvir um grito. Imediatamente, um dos seguranças diz: “Racismo, não”.
Na análise do instituto, a perícia fez uma transcrição fonética e comprovou que o vídeo não sofreu edição que alterasse a fala de Fábio Marcondes. – Identificado foi a formação do ataque silábico e nasalização da consoante “m”, em consistência ao núcleo esperado pela própria continuidade da fala – cita o documento. No começo das investigações, um primeiro laudo, feito pelo Instituto de Criminalística de São Paulo, apurou que a frase do vice-prefeito foi “paca”.
De acordo com a análise pericial anexada ao inquérito, o vocábulo “véa” ou “véio” aparece duas vezes. Na semana passada, porém, a Polícia Civil de Rio Preto solicitou ao instituto um novo exame complementar. Na requisição, a polícia aponta que, foneticamente, as palavras supostamente de cunho racista são audíveis.
Marcondes prestou depoimento na Delegacia Seccional de Polícia em Rio Preto. Conforme apurado pela TV TEM, Marcondes negou à polícia que tenha cometido racismo. Além do vice-prefeito, o delegado colheu o depoimento de outras 11 pessoas. A perícia complementar deve ser uma das últimas etapas do inquérito.
Após a análise, caso não haja mais nenhuma diligência, a polícia vai remeter os autos para a Justiça de Mirassol, com apreciação também do Ministério Público. Após o caso, em meio às investigações, Fábio Marcondes se licenciou do cargo de vice-prefeito por três vezes, além de pedir exoneração do cargo de secretário de Obras. Ele reassumiu a função cerca de 20 dias depois.