Despedida do Allianz: Estêvão entrega camisa para torcedor, é jogado para cima e aplaudido Eram 00h40 quando Estêvão deixou o Allianz Parque pela última vez. Distribuiu fotos e autógrafos a dezenas de torcedores e funcionários, acompanhado até o estacionamento do estádio, como quem estende uma despedida inevitável. Parecia seguir religiosamente o recado dado por um dos auxiliares de Abel no vestiário: "Desfruta, porque você vai sair no começo do segundo tempo." E assim a Cria o fez. – Acho que joguei leve, joguei solto, aproveitando tudo – conta Estêvão.
Seria difícil prever o que a noite guardava. A única certeza era de que esta seria como nenhuma outra. Abraçado por 40 mil torcedores, escreveu um roteiro que talvez nem nos melhores sonhos o atacante de 18 anos esperava: golaço, goleada por 6 a 0 sobre o Sporting Cristal, choro de criança e a emoção da mãe nos camarotes. Em seu último ato no Allianz Parque, Estêvão entrou como titular em uma escalação mesclada, abriu o placar com direito a drible e adversário deixado no chão, e permaneceu por 63 minutos em campo até ser substituído e sair ovacionado. Nos camarotes, a mãe Hetiene Almeida chorou emocionada. Acompanhada do marido, da filha, dos empresários do garoto e dois scouts do Chelsea, para onde se transferirá na Inglaterra, ela viu Estêvão, ao fim da partida, caminhar até a torcida, com os braços erguidos em agradecimento, e entregar a camisa da despedida a uma criança na arquibancada. – E eu disse a ele que queria emoldurar – contou Hetiene, rindo, deixando transparecer o orgulho, enquanto carregava o lanche pós-jogo que o clube deixou para entregá-lo.

Estêvão, inicialmente sozinho no ato em campo, não demorou até ser acompanhado, por Weverton, Vanderlan, Facundo Torres, Maurício, Lucas Evangelista, que se juntaram em uma roda para arremessá-lo ao alto. Saiu dos voos para dar uma volta olímpica no estádio, só descendo ao vestiário quando Abel Ferreira já dava entrevista na sala de imprensa. – Conversamos muito antes do jogo. Disse a ele para aproveitar, se divertir – compartilhou o pai, Ivo Gonçalves, com o ge enquanto aguardava o filho sair do vestiário.
Aos 31 min do 1º tempo - gol de dentro da área de Estêvão do Palmeiras contra o Sporting Cristal Estêvão fez questão de abraçar cada um deles, a mãe, o pai e a irmã Esther, antes de se dedicar às entrevistas com a imprensa. Recebeu de um torcedor uma camisa assinada, que fazia referência aos uniformes do tempo de escola, e ainda teve tempo de brincar com o segurança que certa vez o barrou de entrar no estádio. – Eu estava sem roupa do Palmeiras , sem pulseira, não quis me deixar entrar – brincou Estêvão, aos risos, abraçando o funcionário.

A saída ainda guardou minutos para o atacante voltar ao campo por uma última vez. Registrar fotos com a família, membros do staff e funcionários do Palmeiras no Allianz Parque. Foi no estádio, inclusive, que marcou, em abril do ano passado, seu primeiro gol como profissional. Ao pensar no menino que há menos de dois anos dava os primeiros passos na categoria principal, Estêvão é sucinto no recado que daria para si mesmo. É um orgulho, de saber que construí tudo isso. De forma muito rápida, até mais do que eu esperava. — diz o atacante.
Aos 18 anos, o atacante desenhou assim sua despedida em casa. Faz contra o Cruzeiro, no Mineirão, a última partida pelo Palmeiras no Brasil, e deixa o clube efetivamente após a Copa do Mundo de Clubes, quando passará a defender o Chelsea, na Inglaterra. Mais cara Cria já negociada pelo Alviverde, guarda agora a marca de 11 gols no estádio e 26, ainda em contagem, como um todo. Contrariando os lances imprevisíveis que sempre chamaram a atenção em sua carreira, ele carrega consigo uma certeza. – É um até logo. Nunca vou esquecer vocês, espero que nunca me esqueçam.
– É um até logo. Nunca vou esquecer vocês, espero que nunca me esqueçam.