[OFF] Gritos de 'bicha' em estádios não valem processo; xingar Sheik, sim

Estado afirma que processo foi movido porque Emerson teve integridade ameaçada



Se tornou praxe nos estádios paulistas a provocação aos goleiros de times visitantes. Sempre quando fazem a reposição de bola, os goleiros do time visitante ouvem o coro de "bicha", entoado pela torcida mandante.



Responsável por analisar atos discriminatórios, a Secretaria de Justiça e da Defesa da Cidadania de São Paulo afirma que é preciso separar casos dessa natureza.



A abertura de um processo administrativo deve acontecer quando a pessoa discriminada tem ameaçada a sua integridade. É o caso envolvendo Emerson Sheik.



A Torcida Camisa 12 e seu presidente, Marco Antonio de Paula, foram multados em cerca de R$ 20 mil por ato discriminatório contra Emerson Sheik, que postou foto dando selinho em um amigo em 2013.



O processo administrativo foi aberto pela Coordenação de Políticas para a Diversidade Sexual, ligada à Secretaria de Justiça e da Defesa da Cidadania de São Paulo. Cabe recurso.



"A Secretaria entendeu que era apropriado mover processo no caso envolvendo o Emerson em benefício da coletividade. O torcedor ameaçou o Emerson de sair do Corinthians de forma violenta [por causa do selinho]. Houve um ato discriminatório acintoso", justifica a assessoria de imprensa da Secretaria de Justiça e da Defesa da Cidadania de São Paulo.



No caso dos goleiros xingados de "bicha" nos estádios paulistas, a Secretaria entende que não é passível de abertura de processo administrativo contra os responsáveis pelo ato.



Entenda a multa dada por ameaçar Sheik



Presidente da Camisa 12, Marco Antonio de Paula, e outros membros levaram faixas com dizeres como "Viado não", "Respeito é para quem tem" e "Vai beijar a p.q.p. Aqui é lugar de homem". Além disso, entoaram gritos de cobrança e prometeram "tumultuar a vida" do jogador caso não houvesse uma retratação.



O protesto ocorreu em 2013, um dia depois de Emerson Sheik postar foto dando selinho em um amigo.



A declaração do torcedor gerou processo administrativo pelo Estado de São Paulo. Emerson Sheik não tem qualquer participação na ação. O valor integral recolhido com a indenização deve ser utilizado pelo Estado para políticas públicas de esclarecimento sobre cidadania.

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