Palmeirenses passam mal, detonam jogo às 11h da manhã e temem 'tragédia'

Jackson subiu mais que a defesa do Flamengo e abriu o placar para o Palmeiras





Se os torcedores estão felizes com a escolha da CBF em colocar jogos às 11h do domingo, os jogadores já não dizem a mesma coisa. Nesta manhã no Allianz Parque, dois palmeirenses se sentiram mal durante a partida. Lucas, lateral direito do time alviverde, foi inclusive substituído no intervalo. O goleiro Fernando Prass também revelou que teve queda de pressão em campo.



Apesar de já ser a quinta experiência da equipe no ano neste horário novo, as mudanças de estação do ano e temperatura estão fazendo diferença. Em entrevistas após o fim do duelo, os atletas não pegaram leve e cobraram por mais responsabilidade.



"As autoridades do futebol têm de ter mais responsabilidade. A temperatura estava muito alta, não existe isso. Tem que ter um pouco mais de respeito com os jogadores. Eles marcam os jogos e não perguntam nada aos atletas, que são os artistas do espetáculo. Outros jogadores reclamaram, o Prass disse que a pressão dele baixou quando foi comemorar o gol. É legal para a torcida, eles aproveitam o domingo, mas em campo atrapalha" disse o camisa 32, capitão do Palmeiras.



"Você tem que evitar a fatalidade. Não pode deixar o atleta desgastado a ponto de acontecer alguma tragédia. Responsabilidade é a palavra para as pessoas que marcam jogo em um calor desse. Eu estava muito tonto, estava enxergando tudo muito embaçado, a ponto de me sentir muito mal, o corpo muito mole. Pensei que a qualquer momento poderia cair no gramado, uma sensação muito ruim. Não gosto de reclamar, não é minha maneira, mas hoje me atrapalhou, atrapalhou minha saúde. A temperatura estava muito alta e a gente acaba se sentindo mal. Hoje me senti", acrescentou.



Prass contou que passou pela mesma situação que o colega, mas conseguiu voltar ao normal e ficou bem para continuar o jogo.



"As pessoas falam que se treina nesse horário, mas é bem diferente. No fim do primeiro tempo, eu fui comemorar um lance de jogo e a visão escureceu, baixou a pressão. É muito abafado, não tem circulação de ar, muito complicado. A gente está em agosto e a temperatura estava muito elevada para essa época do ano", falou o goleiro.



O técnico do Palmeiras, Marcelo Oliveira, também reclamou do horário, endossou o que disseram os jogadores e contou que outros também manifestaram problemas durante o duelo.



"Pode ter sido uma ideia boa, o público comparece, mas é sacrificante. O Lucas saiu em função de ter passado mal, o Dudu também estava com problema, o próprio Arouca pediu para segurar. Às vezes você precisa fazer uma mudança tática ou técnica e precisa segurar", disse o comandante.



"Precisamos rever essa situação, o Palmeiras tem que agir nos bastidores, porque é um horário que desgasta muito, porque está muito quente. Se fosse uma temperatura mais baixa, não teria problema. É um esporte, é saúde, você não pode brincar com a saúde do atleta. Os jogos são em alto nível. O torcedor e a imprensa estão do lado de fora e às vezes não sabem o quanto a gente corre, o líquido que a gente perde. Eu temo, sim. Hoje senti na pele. A qualquer momento, sentia que poderia desmaiar. Não é sacanagem. Senti na pela e temo por algo pior", finalizou Lucas.