Palmeiras, Crefisa e o triunfo da estupidez

A Crefisa bancou a contratação de Barrios: ele também vai para o Flamengo, Leila?



Não faz nem três meses que eu apanhei tal e qual o Dudu de zagueiro ruim ao escrever que não gostava da maneira que o relacionamento entre Palmeiras e Crefisa se desenhava. Pois bem, nesta sexta-feira estourou a primeira bomba de sujeira na história: Leila Ascêncio, presidente da empresa, soltou os cachorros na diretoria em entrevista ao Lance! (ponha uma máscara de gás e clique aqui para ler).



Em partes, ela tem razão. A diretoria do Palmeiras teve a "genial" ideia de levar adiante a sugestão da Adidas de criar uma réplica da camisa com o patrocínio da Parmalat. Curiosamente, tal ideia já foi adotada em 2011, mas de um jeito bem meia-boca, que parecia uma homenagem envergonhada - e, claro, com estampa do patrocinador da época, a Fiat. Agora, parece que queriam uma réplica mais fiel e, santa burrice, acharam que a Crefisa ia topar abrir mão do espaço pelo qual paga um caminhão de dinheiro por ano (quanto é, aliás?) para deixar no lugar alguém que há anos não coloca um centavo no clube.



Aí Dona Leila também errou, e feio: em vez de dizer "olha, vamos conversar, mas claro que isso não faz sentido" ao repórter, resolveu bancar o Belluzzo na entrevista pós-jogo do Fluminense em 2009 e cuspir fogo pelas ventas, ameaçando romper o contrato e "ir embora para o Flamengo, que dá muito mais visibilidade".



Vou repetir o que ela disse, segundo o Lance!, deixar bonitinho entre aspas, porque uma asneira dessas merece:



Isso é uma falta de lealdade, falta de escrúpulo com o patrocinador, é motivo para rescisão de contrato. O patrocinador master é a FAM e a Crefisa, investimos quase R$ 100 milhões no Palmeiras, estamos reformando a Academia agora e o Nobre vem com essa proposta indecente? Acham que a gente é trouxa? Para continuar assim, eu largo o Palmeiras e vou para o Flamengo, que dá muito mais visibilidade.



No texto de agosto, eu reclamava que algumas de suas declarações tinham cheiro de chantagem, já que ela condicionava a permanência do acordo após 2016 à eleição de um sucessor alinhado com o grupo político de Nobre. Ainda assim, grande parte dos comentaristas achou que ela tinha razão, que eu era um idiota, que lógico que eles queriam alguém sério para trabalhar e todo o discurso vazio que o Nobre empurra na torcida, com sucesso, de que ele é o Messias, grande salvador do Palmeiras. Curiosamente, ela mesma já diz que as coisas não estão tão bacanas no relacionamento. De novo, as palavras da boca dela:



Não é a primeira vez que o Paulo cria esse tipo de situações com a gente. Eu disse a vocês que eu nunca tinha dito não ao Paulo, mas de um tempo para cá a Crefisa e a FAM estão meio irritadas com esse Paulo. Tínhamos em contrato aquele Porco Gigante para a entrada dos jogadores em campo. O Paulo tirou o Porco e colocou a lona da Chevrolet dizendo que a culpa não era dele, era da Federação. Então, se ele não poderia garantir não deveria ter se comprometido conosco. Sempre tem uma história. O relacionamento que deveria ser de primeira linha está sendo deteriorado por falta de lealdade e de jogo de cintura. Eles decidem e o último a saber é quem banca aquilo lá, junto com o Avanti.



Amadores, todos. Da Adidas, de tentar ignorar o atual patrocinador para vender mais um produto, como se já não tivesse 800 camisas diferentes para vender. Do Palmeiras, de levar a ideia adiante - o projeto obviamente já foi abortado, mas nem sequer deveria ter sido considerado: "Olha, Adidas, esquece. A Crefisa é nossa patrocinadora preferencial, eles vão ficar putos, nem vou falar". E da presidente da Crefisa, por soltar o verbo na imprensa em vez de dizer: "Já comunicamos o Palmeiras, não aceitamos" em vez de agir como um dono de boteco que reclama de pagar 500 reais pro time de várzea do bairro porque os caras foram beber no bar vizinho.



Ou então não é amadorismo, é guerrinha interna de egos e chantagens mesmo. e tudo foi intencional, de forma a criar um clima tenso num momento em que o foco deveria estar dentro de campo, na final da Copa do Brasil (aliás Marcelo, ganhe essa merda). Seja como for, pela enésima vez em 101 anos de história, a estupidez triunfou.



E aí só aproveito para perguntar, de novo: quais são os termos da parceria entre Crefisa e Palmeiras? Se ela resolver mesmo "ir para o Flamengo", pode levar o Barrios ou ele fica? Quem vai pagar o gordo salário dele? Tem mais algum jogador nessa mesma situação? E as reformas que eles estão bancando, vão ficar por isso mesmo ou vão cobrar com juros de empréstimo para negativados?



Isso porque hoje o Palmeiras tem uma gestão profissional. Imagina se fosse o Tirone o presidente...

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