Dentro de pouco mais de um mês, teremos por aqui a Copa das Copas, como alardeiam governo e responsáveis pela organização. Uma oportunidade de o Brasil mostrar capacidade de receber grandes eventos, uma vitrine para o mundo, prova de evolução e as demais frases feitas de sempre. E, claro, o legado de estádios modernos.
A grande herança que as autoridades poderiam repassar para a sociedade, por ocasião do Mundial, seria o esfacelamento dos grupos de extermínio em que se transformaram certas torcidas. A violência e o horror que espalham por onde passam não tem limites – e não é de hoje.
Quando se imagina que se viu todo tipo de atrocidade cometida em nome de uma paixão, surge maldade maior e mais cruel. A mais recente, e horrenda, veio na noite de anteontem, ao final do jogo entre Santa Cruz e Paraná, pela Série B, em Recife, uma das sedes da Copa. Um rapaz morreu ao ser atingido por um vaso sanitário – privada -, atirado do alto da arquibancada. Ele estava do lado de fora do Arruda, próximo do portão destinado à torcida visitante, e não teve sequer como ser socorrido, tão grande foi o estrago do impacto.
A polícia constatou que se tratava de um fã do Sport, que estava junto com os seguidores do Paraná, quando estourou briga com a turma do Santa. Não importa se foi lá para bagunçar ou só para cumprimentar alguém. Importa que perdeu a vida, porque um assassino o matou. Um covarde que se respalda no anonimato e na impunidade.
Exceto os bandoleiros, os delinquentes, os jagunços dessas facções, ninguém mais aguenta violência por causa do futebol. Não dá mais suportar tamanha tortura, enorme descaso. Hospedaremos Copa como se fôssemos um bando de trogloditas. Engaremos quem?
Quem manda. A decisão da Copa Itália, entre Napoli e Fiorentina, por pouco não foi suspensa. Brigas de torcedores levaram pânico às ruas de Roma e apreensão ao Estádio Olímpico. O jogo saiu porque o chefe dos “Ultras” (organizada) do Napoli garantiu que controlaria seus seguidores. Ou seja, um capo é quem deu ordem para que se disputasse o clássico, afinal vencido pelo Napoli por 3 a 1. Fim da picada!
Solta, emperra, solta… O São Paulo não se decide: num momento, é time rápido e valente; noutro, se enrosca nos próprios erros. Esse vaivém deu o ar da graça no jogo com o Coritiba, no começo da noite de ontem, no Pacaembu. A equipe de Muricy Ramalho largou bem, ficou em vantagem (Pato), cedeu empate. Daí, se desencontrou, até sofrer a virada no segundo tempo, Igualou de novo, após entrada de Ganso, pressionou e flertou com a vitória, com bola desviada de cabeça por Luís Fabiano, poucos segundos antes do apito final, e que se chocou com a trave. Muita oscilação, pouca inspiração. E alguma tensão, detectada com declaração de Ganso. “Depois que entrei, o time melhorou e criou chances”.
Que horror! As diretorias de Santos e Grêmio deveriam devolver o valor do ingresso para os valentes que foram à Vila Belmiro. Seria gesto de justiça. Os jogadores correram, e só. A partida foi sofrível e o 0 a 0 serviu como nota. O Santos só acumula empates, e o ataque ousado do Paulistão hibernou ou sumiu.
Em busca de redenção. Falar da grandeza de Flamengo e Palmeiras é de redundância elefântica, que me avexa. Não vou tomar seu tempo, neste domingo, para lembrar que os dois clubes já se fartaram de conquistar títulos. Mas agora vivem realidade diferente da maior parte das respectivas histórias. Nenhum atualmente ostenta esquadrões – ao contrário, ambos penam para ter formações ao menos confiáveis e buscam identidade no Brasileiro. Na base do “é o que temos para o momento”, se enfrentam na tarde de hoje no Maracanã. Andam tão sem charme, largaram suas glórias em algum lugar do passado, e ainda assim são capazes de produzir bom clássico. Pois o futebol tem tantas surpresas, e vai que resolve aprontar mais uma…
4143 visitas - Fonte: Estadão