Poucos mereceram tanto quanto Marcelo Oliveira

Qualquer um que vencesse a Copa do Brasil, Santos ou Palmeiras, e o título estaria bem entregue. Pelas boas campanhas, pela semelhança e equilíbrio - tanto que decidiram nos pênaltis - das campanhas, e principalmente pelo jogaço de bola que ambos protagonizaram nesta quarta-feira, quem quer que erguesse a taça, esta estaria em boas mãos. Mas eu confesso que fiquei muito feliz pelo êxito do técnico Marcelo Oliveira. Ou melhor, pelo fato de ele não ter perdido, porque se isso acontecesse ele certamente seria injustamente execrado pelos palmeirenses e por boa parte de uma impaciente mídia.



Não que Dorival Júnior não merecesse ser campeão, nada disso. Mas a derrota não colocará em xeque seu trabalho no Santos. Não ouvi ao longo do dia nenhum questionamento à qualidade de seu trabalho com os meninos da Vila, ou qualquer indício de que ele está com o cargo sob risco. No Palmeiras não dá para cravar que o título garante 100% a continuidade do trabalho de Marcelo, mas certamente colocará um pouco de água na fervura da sanha de alguns jornalistas que acham que o técnico tem de matar um leão por dia.



Trabalhasse na Europa e fosse, além de bicampeão nacional, e chegado a quatro finais de Copas do país, Marcelo seria cogitado para a seleção desse hipotético país. Lembrando de que duas dessas finais foram no Coritiba, um time que merece todo o respeito, que tem uma invejável história, mas que não entra em nenhum competição além da fronteira paranaense com obrigação de título. Aliás, se fosse no tal país europeu, Marcelo sequer trocaria de time como teve de fazer aqui, onde chegou mais longe do que se esperava no Coritiba, não se acertou no Vasco, brilhou intensamente no Cruzeiro, e no Palmeiras fez mais do que deveria.



Primeiro é preciso lembrar que Marcelo está há pouco mais de 5 meses no cargo. E não são os primeiros cinco meses, em que poderia montar um time na pré-temporada, ele pegou o Palmeiras no meio do ano. Encontrou um elenco que não montou, com quase 30 contratações. E, mesmo assim, lhe exigiam que montasse um timaço e ganhasse Brasileiro e Copa do Brasil. numa prova de que parte da mídia encara conquistas como se fossem feitos de magia, de mágica, e não fruto de um exaustivo e longo trabalho.



Cada técnico tem uma característica e uma personalidade. Marcelo claramente é um montador de elenco, como fez com Coritiba e Cruzeiro, que adota um estilo no início do trabalho e o vai aprimorando com o tempo. Não é um acertador de times. Precisa iniciar a jornada e escolher seus pares. E quando faz isso, faz muito bem. Ganhando ou perdendo a Copa do Brasil, só poderá ter seu trabalho justa e corretamente avaliado depois que começar uma temporada no Palmeiras.



O time campeão é perfeito? Claro que não? O time que Marcelo comanda há apenas cinco meses tem falhas? Claro, como todos. O sistema defensivo é problemática, não há jogo grande e decisivo que o time não leve gol - e não fosse a mudança de regulamento da Copa do Brasil na final - teria perdido o título por causa do gol fora de casa do Santos. Ele não conseguiu rearrumar o setor depois da saída por lesão de Gabriel. Mas compensa com a eficiência do time nas bolas paradas de ataque, na postura ofensiva, e no acerto no lançamento de garotos como João Pedro - que sofreu um pouco porque o Santos forçou o jogo por seu setor - e Matheus Sales - este tomou conta da sua entrada da área, jogou como um veterano.



Tomara que, com esse título, o competente Marcelo volte a ter o reconhecimento geral que teve no bi do Cruzeiro. Se não acontecer, ele terá, pelo menos, o reconhecimento público deste blog.