Dudu, o chapéu que virou artilharia e título

10/12/2015 16:41

Dudu, o chapéu que virou artilharia e título

Dudu, o chapéu que virou artilharia e título

Dudu entregou tudo o que sua badalada contratação prometeu e foi um dos maiores destaques do ano



O gol contra o Flamengo no Maracanã, na última partida do Brasileirão, encerrou a magnífica temporada de Dudu no Palmeiras. A trajetória do meia-atacante em 2015 teve todos os elementos para um belo roteiro para o cinema: um início provocador, uma crise seríssima e uma volta por cima coroada com título e artilharia. Assim como Fernando Prass, Dudu já pode ser considerado um ídolo da torcida palmeirense e deverá, nos próximos anos, desfrutar do prestígio e arcar com a responsabilidade que essa condição lhe traz.



Até o dia 11 de janeiro o Palmeiras tinha anunciado oito reforços, sendo Zé Roberto o de maior renome; SCCP e SPFC disputavam nos bastidores a contratação de Dudu depois de uma temporada muito boa no Grêmio. Foi quando, na manhã daquele domingo, deu-se início a uma febre na torcida palmeirense com a anúncio do maior chapéu do ano: para surpresa geral, Dudu era do Verdão. Alexandre Mattos virou um alienígena mutante contratador, o Avanti explodiu e a autoestima do torcedor palmeirense ganhou um fôlego extraordinário.



Parte da mídia, como na fábula das uvas verdes, passou a achar o jogador apenas mediano. De repente, Dudu não era para tudo aquilo. Seu “grande potencial” como autor de inúmeras assistências subitamente virou “baixo poder de decisão”, devido ao pequeno número de gols marcados em 2014. Nunca um jogador entrou em má fase tão rápido mesmo sem entrar em campo.



A mágoa pelo chapéu levado se estendeu por meses a fio na ala clubista da imprensa. Dizem que palmeirense é chato e paranoico, mas a má vontade com Dudu era latente. O camisa 7 errou um pênalti contra a Penapolense, pelo Campeonato Paulista, e tivemos a primeira onda de ataques ao atleta. Com apenas quatro gols no Paulistão, a pressão sobre Dudu se intensificou com outro pênalti desperdiçado, este realmente importante: o da primeira partida da final do Paulistão, contra o Santos, no Allianz Parque.



A semana que antecedeu a finalíssima foi complicada. Mesmo com a vitória por 1 a 0, o placar era considerado insuficiente para o time entrar em campo confortável na Vila Belmiro, e Dudu foi alvo de muitas cobranças da imprensa.



Ele não respondeu bem a essa pressão. Na segunda partida, após uma disputa de bola com intensidade desnecessária com Geuvânio, acabou expulso, injustamente, por Guilherme Ceretta. Foi demais para o atleta, de apenas 23 anos e 1,67m: num rompante de ira, partiu para cima do árbitro, que tem mais de 1,90m, e acabou se chocando com ele, pelas costas.



Nosso camisa 7 pagou a conta da mágoa pelo chapéu arcando com toda a taxa de amargor que os seres humanos podem cobrar. Houve quem disse que, de chapéu, ele virou mico. Covardes o chamaram de covarde. E ele foi ao banco dos réus, com ampla cobertura da imprensa. Parecia o julgamento do Mike Tyson. A mágoa não passava nunca.



E qual não foi a indignação quando os advogados do Palmeiras conseguiram fazer valer os instrumentos jurídicos previstos em lei e Dudu seguiu jogando, até ter a pena reduzida em apelações posteriores? O castigo cumprido, de cinco jogos, foi justo diante do delito cometido e apenas cócegas perto de tudo o que Dudu passou. Por um lance bem pior, Petros, do SCCP, nem de longe sofreu o constrangimento a que ele foi submetido.



E Dudu cresceu demais com o episódio. Surpreendentemente apoiado pela torcida, que poderia ter caído na pilha da imprensa culpando-o pela perda do título, ele se fortaleceu. Voltou bem mais maduro, concentrado em jogar mais e reclamar menos.



Tão importante quanto isso foi seu crescimento tático. Antes limitado a jogar pelas beiradas do campo, como sempre fez, acabou conquistando importância quando solicitado a ocupar o meio. Baixinho e rápido, carregando o estereótipo de ponteiro, causou estranheza à torcida, que custou a entender e até a aceitar que ele rendia muito mais no miolo. E dentre todos os jogadores do elenco, foi o que melhor se adaptou ao setor, se tornando o vice-líder de assistências na temporada, com 12 (contra 13 de Robinho); distribuindo jogadas, invertendo a bola, dando passes em profundidade e penetrando na área com tabelas marcando gols. Vimos a síntese de tudo isso na final da Copa do Brasil contra o mesmo Santos.



Mesmo com toda essa pressão durante todo o ano sobre si, Dudu levantou a autoestima do palmeirense, alavancou as receitas, estimulou a rivalidade, resolveu um problema tático crônico, decidiu uma final e consagrou-se artilheiro. Além de toda essa trajetória, empolga a torcida com sua entrega dentro de campo. Uma dedicação legítima, que de forma alguma transparece jogo de cena para as câmeras – e o torcedor sabe quando é de verdade e quando é fake. Dudu é 100% legítimo e entregou tudo que sua contratação, a mais cara e badalada do ano, prometeu.



O chapéu não virou mico: virou título e artilharia. A seleção brasileira ainda não veio, mas o reconhecimento da torcida palmeirense, muito mais importante, Dudu já tem. Obrigado, ídolo!




4878 visitas - Fonte: ESPN FC

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