Mesmo campeão, Marcelo Oliveira precisa fazer o time mostrar um futebol convincente. Somos exigentes
Ao ganhar a Copa do Brasil, Marcelo Oliveira conseguiu algo que apenas dois treinadores haviam alcançado nos últimos 40 anos: ser campeão de um torneio grande pelo Palmeiras. Mas nem este feito memorável deve ser suficiente para segurá-lo no cargo se o time não apresentar um futebol convincente em 2016.
Paulo Nobre já declarou algumas vezes que é avesso à troca de treinadores, mas já tivemos, em 37 meses de gestão, cinco comandantes diferentes, sem contar o interino. Isso revela uma inegável tendência do comando do clube a ceder às pressões de torcida e conselheiros nos momentos de crise e resolver o problema da maneira mais tradicional.
No ano passado, o Palmeiras enfrentou uma instabilidade técnica seriíssima sob o comando de Marcelo, cujo ponto mais baixo foi a derrota em Chapecó. O time não conquistava pontos e não jogava bem; por bem menos, Oswaldo havia caído alguns meses antes. Marcelo só foi mantido no cargo pela perspectiva de conquistar a Copa do Brasil.
Temos pela frente a Libertadores, que será a obsessão de todos na Academia de Futebol. Em caso de eliminação no mata-mata, Marcelo só será mantido se o time estiver jogando consistentemente bem; se a eliminação for em jogos equilibrados, ou daqueles injustos, ou se formos roubados. Se formos dominados, ele não aguenta. E se cairmos na fase de grupos, não tem nem conversa: um abraço.
E essa pressão se justifica. Ao contrário do ano passado, Marcelo tem todo o conhecimento do elenco disponível e teve a oportunidade de alterar peças nesta janela de dezembro e janeiro. Se o time-base se manteve, é porque ele assim desejou. Com o material que considera ideal em mãos, com entrosamento pré-adquirido e tempo para desenvolvimento, o Palmeiras tem vantagens competitivas significativas. Os resultados terão que aparecer; a cobrança é diretamente proporcional às expectativas.
Essa é a vida de um técnico do Palmeiras. Marcelo foi massacrado no ano passado, resistiu por circunstâncias e venceu; mas nada o garante até o próximo campeonato. A conquista da Copa do Brasil foi épica, mas uma parte bem pequena do mérito é atribuída a ele, considerado apenas coadjuvante onde brilharam a torcida e os jogadores, sobretudo Fernando Prass e Dudu.
Para se tornar uma semidivindade e conseguir uma imunidade maior às crises como conseguiram Luxemburgo e Scolari, Marcelo Oliveira precisa ser, no mínimo, coprotagonista de uma grande conquista. Estamos na torcida por isso. Quanto mais tempo um técnico permanecer à frente do elenco, maiores as chances de sucesso.
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