Amistoso no Centenário fez Marcelo Oliveira acertar com Nacional em 82

Técnico do Palmeiras atuou como meia no passado; neste sábado, ele reencontra o ex-clube em uma final amistosa, no mesmo estádio onde já garantiu contrato

Marcelo Oliveira foi meia do clube uruguaio na década de 1980 (Foto: Acervo pessoal)



O agora técnico Marcelo Oliveira demorou mais de 30 anos para voltar a trabalhar em um jogo no Centenário, em Montevidéu. Mas, só nesta semana, serão dois jogos no estádio, onde ele atuou muitas vezes como meia no passado, vestindo a camisa do Nacional. No sábado, o Palmeiras, seu time atual, enfrenta justamente o ex-clube, pela final de um quadrangular amistoso no qual estreou com vitória de 2 a 0 sobre o Libertad, do Paraguai, na quarta-feira.



O local e a circunstância desta passagem pela capital uruguaia o fazem lembrar de quando foi retirado às pressas, em 1982, do vestiário do lendário estádio – palco da primeira Copa do Mundo, em 1930. A diretoria do Nacional não quis esperar o dia seguinte para formalizar o empréstimo do então meia do Atlético-MG.



– Foi um amistoso do Nacional contra o San Lorenzo de Almagro (da Argentina), com o Centenário cheio. Só entrei faltando 25 minutos. Pensei que não daria para fazer nada. Acabei fazendo dois gols, ganhamos de 2 a 0. Do estádio, à meia noite, meia noite e meia, me levaram direto para assinar o contrato. Eu não tinha assinado ainda, e eles estavam com receio de o Peñarol tentar me contratar depois dos dois gols – disse Marcelo Oliveira, rindo, em entrevista ao GloboEsporte.com.



– Fiquei lá até 83. Tínhamos um time muito bom, era a base da seleção uruguaia, juntamente com o Peñarol. Tínhamos vários jogadores do time que tinha sido campeão mundial pouco tempo antes (em 80, derrotando o Nottingham Forest, da Inglaterra). O Nacional tem uma grande tradição, uma bela torcida – completou o treinador, que na época foi colega do então atacante Milton Cruz, atualmente membro da comissão técnica do São Paulo.



O único compatriota naquele time se tornou um grande amigo. Marcelo Oliveira eventualmente emprestava seu carro (um modesto Fiat 147) para Milton Cruz viajar de Punta del Este com a família, mas gostava mesmo de ajudá-lo com passes para gol.



– Dei várias assistências para ele (risos). Mas teve um jogo do Campeonato Uruguaio que nós vencíamos por 3 a 0, e saiu um pênalti. Eu era o batedor oficial. O Milton pediu se poderia bater, porque queria ser o artilheiro da competição. Olhei para trás, o técnico (o argentino Alfio Basile) estava muito distante. Falei: "bate aí". Ele bateu para fora. O que aconteceu depois? Castigo. A bola pune: 3 a 1, 3 a 2, 3 a 3. Levei uma bronca danada no vestiário. Até hoje eu cobro isso do Milton Cruz – diverte-se o comandante palmeirense.



Três décadas mais tarde, o ex-meia está de volta ao Centenário. Como técnico, Marcelo Oliveira já havia retornado ao Uruguai pelo Cruzeiro, mas não ao palco da final deste sábado, muito menos para enfrentar o ex-clube. Por coincidência, o Nacional, além de adversário na decisão do torneio quadrangular, será também rival do Palmeiras na fase de grupos da Taça Libertadores. Um rival complicado, como sabe o treinador.





Quando meia, ele foi tirado do vestiário do Centenário (Foto: Cesar Greco/Ag Palmeiras/Divulgação)



– Estamos falando de 30 e poucos anos atrás, mas o Uruguai sempre foi forte. O futebol do Uruguai revela muitos bons jogadores, tem um futebol duro, com treinamentos muito fortes. Desde a base, encara-se essa garra, é da cultura. Pode ter certeza de que vamos enfrentar um time muito competitivo. O Nacional tem uma grande tradição, uma bela torcida.

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