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Johan Cruyff veio ao Brasil na década de 70, em uma viagem pela América do Sul para ministrar algumas palestras. Capitão da badalada seleção holandesa na Copa do Mundo de 1974, o ex-meia - falecido nesta quinta-feira aos 68 anos, vítima de câncer no pulmão - aproveitou para dar uma passada no Palmeiras para visitar o amigo Marinho Peres, capitão da seleção brasileira naquele Mundial e companheiro do holandês no Barcelona na temporada 1974/1975.
"No final da minha carreira, acho que em 1979, ele foi me visitar no Palmeiras. Ele apareceu no treino do nada, de surpresa. Nem eu sabia. Falou ‘Marinho, vim te visitar'. Imagina só... Quando viram quem era, todos só queriam ficar com ele, tirar fotos. Ficamos muito contentes. Mas foi bem rápido. Almoçamos e depois ele foi embora. Ainda ia para a Argentina", contou o ex-defensor.
E Cruyff não escapou de uma bronca. Resolveu fumar e levou um puxão de orelha no Palmeiras. "A gente sempre comentava que encontrar com ele era certeza de que ele estaria fumando. Aí ele acendeu um cigarro no vestiário. Falamos que não podia né. Tivemos que dar uma bronquinha (risos)", contou Marinho, que depois encontrou o holandês mais uma vez, na festa de cem anos do Barcelona, em 1999.
NÃO GOSTAVA DE CONCENTRAÇÃO
Da época em que conviveram no clube catalão, Marinho se lembra de um hábito de Cruyff, característico de muitos jogadores europeus. "Ele era muito já dele. Não gostava de ir para a concentração. Então, preferia ficar em casa. Era mais fácil descansar na cama dele do que ficar num quatro de hotel com mais quatro caras. O treinador entendia. Mas eu não estava habituado e estranhava", relembrou.
VERSÁTIL
Maior lenda do futebol holandês, tendo se consolidado com um dos maiores nomes de Ajax e Barcelona, Johan Cruyff era versátil dentro de campo. "Conforme a situação, ele mudava tudo. Quando estávamos no Barcelona, falava pra eu ficar como atacante e ele ia para a posição de zagueiro", completou o brasileiro.
"A seleção holandesa já fazia linha de impedimento em uma época que nem imaginávamos. Ficou conhecida como linha burra aqui, para diminuir espaço e marcar o adversário. Para mim, foi um aprendizado muito grande no tempo em que jogamos juntos no Barcelona, em termos de posicionamento no campo. Era um cara incrível. É uma grande perda", finalizou.
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