Na Copa de 1950, das 12 seleções que vieram ao Brasil, nenhuma contava jogadores que atuavam no país-sede. Sessenta e quatro anos e 14 mundiais, o cenário é bem diferente. O crescimento econômico do futebol brasileiro atraiu jogadores sul-americanos, formando uma verdadeira legião do exterior nos clubes do Brasil. E possível até montar uma "seleção estrangeira" quase inteira.
A seleção teria o goleiro uruguaio Martín Silva (Vasco). Na defesa, os zagueiros Otamendi (Argentina/Atlético-MG) e Erazo (Equador/Flamengo) e os laterais Mena (Chile/Santos) e Álvaro Pereira (Uruguai/São Paulo). O meio-campo seria formado por Eguren (Uruguai/Palmeiras), Valencia(Colômbia/Fluminense) e Aránguíz (Chile/Internacional). Com Valdívia (Chile/Palmeiras) e Lodeiro (Uruguai/Botafogo) mais à frente.
E a lista poderia ser maior. Nomes como os argentinos Conca e D'Alessandro, apesar de se destacarem no Campeonato Brasileiro, não podem entrar na seleção, pois não foram pré-convocados pelo técnico Alejandro Sabella. Mesmo caso do gremista Barcos, que apesar ter tido oportunidades de vestir a camisa alviceleste sob o comando de Sabella, ficou ausente da lista final do Mundial.
Além de outros jogadores titulares em seleções que não se classificaram para a Copa, casos do peruano Guerrero (Corinthians) e do paraguaio Cáceres (Flamengo). E de atletas convocados que deixaram recentemente o futebol brasileiro. Como os chilenos Marcos González (ex-Flamengo) e Eduardo Vargas (ex-Grêmio).
Apesar de estarem atuando no país que vai sediar a Copa do Mundo, os jogadores estrangeiros reconhecem algumas dificuldades e também lembram de fatores que facilitaram a adaptação ao Brasil. O goleiro Martín Silva contou com dicas de companheiros que passaram pelo país-sede da Copa
- Tivemos muitos companheiros que já tiveram experiência aqui no Brasil e por sorte transmitiram isso no período das Eliminatórias. Então, todos têm, mais ou menos uma ideia do que é jogar aqui no Brasil - disse.
Lodeiro está na lista do Uruguai (Foto: AFP)
O também uruguaio Lodeiro, que atua no Botafogo, cita as longas viagens que os atletas são submetidos e do período de concentração no Brasil.
- Faz dois anos que estou aqui e já acostumei também a viajar muito. Toda hora tem muito jogo longe, toda hora você tem que pegar avião, fica concentrado, então já me acostumei bastante a isso.
A diferença de clima entre as regiões do extenso território brasileiro é outro fator que traz preocupação para os atletas. O zagueiro equatoriano Erazo, que é reserva no Flamengo e titular de seu país, está atento ao frio que vai encontrar no Rio Grande do Sul.
- Minha seleção vai ficar lá em Porto Alegre e nesta época é muito frio lá. Então já falei (para os meus companheiros) que têm que se agasalhar muito - alertou.
Álvaro Pereira atua no São Paulo (Foto:Getty)
Fácil ou difícil, uma coisa é indiscutível: para esses estrangeiros a Copa é em casa, e caso não seja possível conquistá-la pelo país de origem, fica a torcida pelo anfitrião, como explica o lateral são-paulino Álvaro Pereira.
- Tenho que ser sincero. É o país onde jogo e gostaria de jogar num país campeão do mundo. Sempre que o país que eu represento não saia campeão, obviamente que sim - concluiu o uruguaio, sobre uma torcida pelo Brasil.
A abertura da Copa do Mundo é dia 12 de junho, com Brasil x Croácia, na Arena Corinthians.
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