Cabe a Nobre e Mattos consertar o Palmeiras

"Vou descontar essa última cagada do Dracena do teu salário, Alexandre"



Paulo Nobre é o presidente da Sociedade Esportiva Palmeiras, uma entidade privada associativa sem fins lucrativos. Pelo estatuto da SEP, a estrutura do clube é presidencialista, ou seja, todo tipo de decisão passa pelas mãos do presidente, que pode eventualmente delegar poderes.



Uma das (raras) pessoas a quem Paulo Nobre delegou poderes nesses três anos e pouco à frente de Palmeiras chama-se Alexandre Mattos. Chegou com status de estrela, de gênio das contratações cirúrgicas, até filmou propaganda do Avanti para fazer o palmeirense se associar e fortalecer o time.



Pois bem, a quem cabe a responsabilidade cabem também os louros da glória e a cobrança por eventuais insucessos. Portanto: é dos senhores Nobre e Mattos a culpa pela derrota por 4 a 1 para o Água Santa, pela série de quatro derrotas consecutivas sob o comando do novo técnico, pela esculhambação que virou o Palmeiras nas últimas semanas: ameaçado de eliminação precoce (e de rebaixamento!) no Campeonato Paulista, sonhando com um milagre para seguir na Libertadores, com um dérbi marcado para domingo sem a menor ideia do que fazer.



"Ah, mas Nobre e Mattos não entram em campo, não deixam o atacante rival passar por eles". Oras, é pior: são Nobre e Mattos que contratam os jogadores que permitem isso. Foram eles que trouxeram todos os jogadores, os mais de 40, contratados desde janeiro de 2015.



Foram eles que fizeram reforços "cirúrgicos" para completar o "ótimo" time de 2015, que venceu a Copa do Brasil daquele jeito: emocionante, orgasmático... e sofrido, tecnicamente pífio em 70% do tempo. Foram eles que avaliaram positivamente o trabalho pavoroso de Marcelo Oliveira e decidiram manter o treinador para 2016, contratando reforços a seu pedido (foi mesmo?) e de acordo com a sua visão de elenco.



Para que Marcelo passasse a maior parte do tempo que ficou em 2016 repetindo o péssimo trabalho do ano passado, escalando quase sempre os jogadores que já estavam no elenco e, no fim, acabasse demitido após mais uma atuação pífia que acabou em derrota - uma prova de que a confiança no projeto e na pessoa de Marcelo não eram tão altas como se imaginava. Se era assim, não seria melhor demiti-lo e buscar um novo técnico já em dezembro?. "Ah, mas quem demite um técnico campeão?". Bom, demitiram meses depois, grande diferença. Mas para o futebol do time, sim, poderia haver muita diferença.



Cuca não era minha opção preferencial. Preferia alguém mais jovem, ousado e com ideias novas, como Fernando Diniz, do Audax, que nos surrou semana passada. Maas obviamente ele pouco pode ser cobrado pelo que apresentou até agora. O problema é que o tempo está se esgotando: temos apenas dez dias até o jogo que pode decidir o semestre, contra o Rosario, na Argentina, com direito a um dérbi no meio. A sugestão que dei na semana passada, de dividir o time e focar em treinos específicos, já era. Cabe a Nobre e Mattos pelo menos ajudar Cuca a decidir: poupa alguém contra o Rio Claro? E no dérbi? Desistimos da Libertadores? Deixa o Paulista pra lá, assim temos um mês só de treinos pro Brasileirão? Os chefes, os que assinam, têm que decidir, e assumir a responsabilidade por isso.



Estamos de 2016 e o Palmeiras continua sem nenhum planejamento, na base do avanti e do siamonoi, na fé em San Gennaro e na mão de poucos.



É frustrante demais.