'Tive procura da China para voltar', revela Cuca

21/5/2016 14:31

'Tive procura da China para voltar', revela Cuca

Ao DIÁRIO, técnico do Palmeiras deixa aberta possibilidade de voltar à Ásia no ano que vem

 'Tive procura da China para voltar', revela Cuca

Cuca está na mira do Dragão. Em entrevista exclusiva ao DIÁRIO, o técnico do Palmeiras revelou ter sido consultado sobre a possibilidade de voltar à China, onde trabalhou por duas temporadas.



Cuca treinou o Shandong Luneng, time comandado atualmente por Mano Menezes. “Meu contrato com o Palmeiras acaba no fim do ano, junto com o mandato do presidente (Paulo Nobre). Tem eleição, é sempre complicado”, disse Cuca, que comanda hoje o Verdão contra a Ponte Preta, a partir das 16h, no Estádio Moisés Lucarelli.



DIÁRIO_ Vê possibilidade de ficar muito tempo no clube?



CUCA_ Não sei, porque tive procura da China para voltar. Fomos duas vezes campeões (no Shandong Luneng) e meu contrato com o Palmeiras acaba no fim do ano, junto com o mandato do presidente (Paulo Nobre). Tem eleição, é sempre complicado. Se eu não ficar, fica a montagem para outro profissional não ter esse trabalho. Tomara que peguem um treinador com a minha característica. Daí, é só dar sequência.



Como foi essa procura? Você voltaria para a China?



Foi sondagem para o ano que vem, não para agora. Não sei... Até porque não posso voltar lá este ano por força de contrato.



O Shandong o proibiu de voltar à China neste ano?



Proibiu.



Por quê?



Não sei.



Será que é para você voltar no ano que vem?



Não sei. Acho que não... Estou muito satisfeito aqui no Palmeiras, muito contente.



Você passou bastante tempo lá. Foram dois anos...



A cidade onde eu estava (Jinan) não era boa. Mas se for uma cidade para ter a família perto, uma escola para os filhos... Onde eu estava, não tinha. O trabalho, em si, é natural, as condições são boas. Se eu for, quero ficar só mais um ano.



Mas o campeonato deve ter um nível técnico bem baixo...



Não! Tem Gervinho, Lavezzi, Alex Teixeira, Renato Augusto, Ramires, Tardelli, Jucilei... E os chineses estão melhorando.



Gostou de viver na China?



Gostei. No CT, no campo, é maravilhoso. O problema é fora. Acaba o treino, para onde você vai? Não tem o que fazer. Para a família, é ruim. Um tempo, eles aguentaram. Depois, não mais.



Aí, você ficou sozinho...



Fiquei sozinho. Quando você leva a família para o aeroporto e pega o carro, volta para casa... Puta que pariu, que buraco fica! Dá uma vontade de correr de volta para lá, pegar o avião e ir junto. Essa é a pior parte.



Pretende seguir a carreira de treinador por quanto tempo?



Na época de jogador, estabeleci uma meta: quando não estivesse aguentando a pegada dos treinos, ia parar. Como treinador, vai ser a mesma coisa: na hora em que não estiver mais dando conta, eu paro.



Ou seja, pode demorar dez anos, cinco anos...



É. Pode ser ano que sem, se estiver atrapalhando (risos). É raro eu ser demitido. Na maioria das vezes, sei a hora de sair.



Gostaria de renovar logo o contrato com o Palmeiras?



Vamos esperar como as coisas andam. Se a gente vai fazer um ambiente favorável, o que já temos... Se o time se classificar para a Libertadores, o que vai dar vontade? De melhorar o time para ganhar a Libertadores. São coisas que fascinam. Não vim para o Palmeiras por dinheiro. Vim pelo que me ofereceram. Quero ganhar títulos.



No último ano em que o Palmeiras disputou o título do Campeonato Brasileiro, em 2009, você atrapalhou os planos do clube. Lembra-se?



Com o Fluminense?



Exato. A vitória do Fluminense por 1 a 0 tirou o Palmeiras da liderança do torneio.



O Obina fez um gol naquele jogo que até hoje eu não sei se foi falta. Foi, né? Afinal, o juiz (Carlos Eugênio Simon) deu...



Aí você vai comprar briga com a torcida do Palmeiras...



Verdade (risos). Eu me lembro de que, na última rodada daquele Brasileiro, o Fluminense enfrentou o Coritiba. Eu falava com o pessoal do Palmeiras: “Não perde do Botafogo, pelo amor de Deus”. O Botafogo brigava para não cair com a gente e o Coritiba. Se a gente perdesse, caía. Empatamos e o Coritiba caiu. A virada do Fluminense foi coisa de Deus.



O jejum de títulos brasileiros do Palmeiras é um peso?



Não. Isso ajuda, me motiva ainda mais. Tomara que a gente possa ser campeão este ano.



Quais times você vê nessa briga com o Palmeiras?



Os grandes e alguma surpresa.



Pode citar os clubes?



Melhor manter internamente.



Quando você foi jogador do Palmeiras, em 1992, o clima de ansiedade era semelhante ao atual? O clube não era campeão fazia muito tempo.



Era uma ansiedade absurda, mas o clube tinha um patrocínio forte, o que deu ao Vanderlei (Luxemburgo) o direito de contratar quem quisesse, em 1993. Ele escolheu os melhores. Quando se tem os melhores e um bom trabalho, vai ganhar.



Em 1992, você achou que o time seria campeão. Tanto que fez a comemoração da faixa (simulou que colocava uma faixa no peito após um gol)...



Fiz para motivar. Fomos até onde deu: a final. O São Paulo era melhor. E ganhou com méritos. No outro ano, o Palmeiras ganhou. E eu fui para o Santos.



Ficou uma frustração?



Eu havia chegado da Espanha operado do púbis e tinha medo. Muitos movimentos causavam dor. Quando fiquei sem contrato, o Santos fez uma proposta de compra. Liguei para o (José Carlos) Brunoro e ele respondeu: ‘Você vai fazer besteira, deixará de ser campeão’. Respondi que precisava ir.



Bateu um arrependimento?



Bateu, mas hoje eu faria igual. Pensei na família. Tinha medo do meu púbis. No meio do ano, tive problema. Talvez, se eu tivesse ficado, seria campeão no nome, mas não jogando.



Um dirigente daquela época me disse que o Palmeiras usou uma parte do dinheiro que gastaria com a sua renovação para comprar o Edmundo.



Péssimo negócio (risos)! Mas foi uma pequena parte, né? O Edmundo custou bem caro.



É um exemplo de que uma simples escolha pode mudar o curso da história.



O futebol é engraçado. Fiz um Botafogo melhor do que o outro (de 2006 a 2008) e perdemos três finais: duas nos pênaltis e uma no último minuto da prorrogação. Incrível! E o destino ainda me aprontou outra...



Outra qual?



Vou para o Flamengo no outro ano e o Botafogo é campeão do primeiro turno. E eu, eliminado. Os botafoguenses no Maracanã gritando “ô, vice é o Cuca!”. Era meu aniversário, não acreditava naquilo. Ganhamos o segundo turno e fomos à final. A torcida fez a faixa: ‘Vice é o Cuca’. Eu ficava de frente para ela... O jogo foi para os pênaltis, vi o vestiário e pensei: “Se perder, dou um pique até lá que ninguém vai me achar”. Daí o Bruno pega dois pênaltis, nós ganhamos e eu vejo os guris do Botafogo no chão. Levantei um por um, igual quando estava lá. Se eu perco aquele jogo, estava rotulado. A vida dá voltas...



Dá voltas mesmo. O Palmeiras foi goleado pelo Água Santa em 27 de março. Menos de dois meses depois, você vê o time na briga pelo título brasileiro.



Quando acabou aquele jogo, fui humilhado dar a entrevista... Mas falei que aquele time seria campeão brasileiro. Falei naquele jogo, não na vitória contra o Corinthians. Foi confiança no grupo. Muita gente interpretou errado, como presunção. Mas temos condição de ser campeões. Temos de lutar.



A demora para conquistar títulos importantes fez com que você duvidasse de você mesmo no começo da carreira?



Não, porque os trabalhos eram bons. A imprensa cobrava muito de mim uma conquista. Eu chegava às finais, mas não ganhava. Depois, ganhei um Carioca com o Flamengo, depois três Mineiros, dois títulos na China, uma Libertadores...



A conquista de Libertadores mudou o seu patamar?



Mudou, é o maior título possível. Só tem um maior. Sempre se faz comparativo de treinador, mas o trabalho mais difícil não é a parte tática. O trabalho mais difícil de um treinador é a montagem do elenco.



Por quê?



Porque passa pela desmontagem. Essa é a pior parte: chamar um jogador e falar que não conta com ele. Fiz 20 vezes no Atlético-MG. Vinte foram trocados! Chamei e expliquei que não ia contar com eles. Um deles me disse: “Mas você está me f..., professor. Quero te ajudar”. É difícil. O cara fica puto, mas você faz o que tem de fazer.



No futebol, às vezes, não é possível ter coração...



Não é. E você não pode pedir que o diretor demita. É coisa sua. É o que estou fazendo aqui. Quero fazer um Palmeiras para ganhar hoje. Mas, se não ganhar, será no ano que vem ou no outro. Isso é iminente. As coisas estão andando certo.



Você é de fazer promessas?



Sim, sou.



Já fez alguma para o Palmeiras ser campeão brasileiro?



Ainda não, mas será para Nossa Senhora. (Mostra a foto do celular, com a imagem da santa).



É a mesma imagem que você estampou em uma camiseta quando o Atlético-MG foi campeão da Libertadores?



É a mesma.



Onde ela está?



Ao lado das taças do Atlético-MG. O pessoal pediu e eu deixei. Ganhei da minha mulher.



Qual queda doeu mais este ano: Libertadores ou Paulista?



Quando perdi nos pênaltis para o Santos, eu estava no vestiário e falei: “É para aproveitar”. Saí sem trauma. Dei três dias de folga para os guris e quarta-feira começamos. Trabalhamos focados. Fomos o único time grande que conseguiu trabalhar o Brasileiro. Neste começo, temos de ir a mil por hora. Nos sete primeiros jogos, vamos estar bem. Depois, vamos dar uma trabalhada de novo.



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62895 visitas - Fonte: Arthur Stabile e Fernã

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