Em litígio com WTorre, Palmeiras faz 50º jogo no Allianz contra Santa Cruz

Palmeiras antecipou duelo contra o Santa Cruz para poder jogar no Allianz Parque



Às 16 horas (de Brasília) deste sábado, na briga pelas primeiras posições do Campeonato Brasileiro, o Palmeiras enfrenta o Santa Cruz, no Allianz Parque. Em litígio com a WTorre, o time alviverde disputará contra os pernambucanos seu 50º jogo no estádio desde a reabertura.



O antigo Palestra Itália permaneceu fechado para obras de 2010 a 2014. A despeito da parceria com 30 anos de duração, Palmeiras e WTorre têm uma relação cada vez mais deteriorada e discutem questões relativas aos direitos de exploração da arena em arbitragem.



A disputa começou em torno da quantidade de assentos do estádio que cada parte tem direito a comercializar e inclui até os moldes do Avanti. Insatisfeita com o programa de sócio-torcedores do clube, "menina dos olhos" do presidente Paulo Nobre, a WTorre chegou a lançar um projeto semelhante por conta própria.



"Da parte do Palmeiras é uma relação institucional e profissional", pontuou Nobre em entrevista ao site Gazeta Esportiva. "Evidentemente que pode ser melhorada, mas administramos os problemas do dia a dia para que os jogos possam acontecer da melhor forma possível", acrescentou.



Para recuperar o investimento feito na construção do Allianz Parque, a WTorre aposta na promoção de shows e eventos de diferentes naturezas. Desde a reabertura, realizada em novembro de 2014, o clube precisou jogar fora do estádio sete vezes, todas no Pacaembu.



Por contrato, quando o Palmeiras é desalojado, a WTorre é obrigada a pagar uma multa de 50% da renda bruta da partida e ainda deve repassar 20% do valor do aluguel da arena. Já o clube tem o compromisso de reembolsar a parceira pelas despesas de manutenção em dias de jogos.



Durante a disputa arbitral, as duas partes não vêm cumprindo os repasses previstos em contrato. De acordo com Rogério Dezembro, presidente da WTorre Entretenimento, a definição dos valores devidos é um dos itens a serem definidos pela arbitragem em curso.



"Era impossível prever 100% dos desafios que a parceria traria antes de ela começar a funcionar, então é natural que existam ajustes. Discutir nunca é agradável e, pelos resultados que a arena vem gerando para os dois lados, o ideal seria que tivéssemos um clima mais amoroso. Mas é um modelo novo e precisamos de paciência", declarou em sua última entrevista coletiva.



Durante a temporada de 2015, o Palmeiras precisou mandar jogos fora do Allianz Parque apenas em duas ocasiões. Em 2016, já foram cinco partidas e, até o final do ano, o número aumentará, uma vez que o duelo com o Cruzeiro não será no estádio.



Recentemente, a possibilidade de não enfrentar o América-MG na arena em função da estreia do filme "Independence Day: O Ressurgimento" causou mal-estar entre Palmeiras e WTorre. Um dos candidatos ao título brasileiro, o clube conseguiu antecipar o jogo para atuar em casa.



Com mandato até dezembro de 2016, Nobre tem esperança no futuro. "A relação é muito longa e espero que, com o passar do tempo, cada parte possa explorar a arena da maneira que melhor lhe convém. O Palmeiras preocupado com a parte esportiva e a WTorre em ter o retorno do capital investido", declarou.



Ao falar sobre a concorrência entre os jogos do Palmeiras e os eventos da WTorre, Rogério Dezembro lembrou o modelo em que o estádio foi concebido. Para o executivo da construtora, apesar das tensões que marcam o início da relação, o casamento tem tudo para ser bem-sucedido.



"Esse modelo não foi imposto. É um modelo que o Palmeiras escolheu lá atrás e acho que ainda é o melhor que existe. Qual seria a alternativa? O clube ter contraído uma dívida gigantesca e sacrificar suas receitas? Estamos sofrendo as dores do nascimento, mas a criança é linda. Apesar de dolorido, o parto tem valido a pena", disse.