É hora de mudar a história do Palmeiras no Beira-Rio

No ano passado, Barrios perdeu um pênalti e o jogo pela Copa do Brasil acabou 1 a 1



“Desemprego deve subir em janeiro”. Essa era a manchete da Folha de S.Paulo no dia 7 de dezembro de 1997, domingo, um dia depois da última vitória do Palmeiras sobre o Internacional no Beira-Rio. O presidente era Fernando Henrique Cardoso, ainda em seu primeiro mandato, o dólar custava R$ 1,11 e o jogo mereceu um registro de uma linha na capa do jornal – algo até óbvio num dia em que haveria jogo da Seleção e a partida não valia nada, porque o Palmeiras já estava classificado para decidir aquele Brasileirão contra o Vasco.



O público não chegou a 2 mil testemunhas e o lateral-esquerdo Wagner, que havia chegado em 1994 para ser a “sombra” de Roberto Carlos mas nunca vingou, marcou o gol da vitória num belo chute cruzado. Como o Palmeiras havia garantido a vaga na final durante a semana, ao vencer o Santos por 1 a 0, Felipão só escalou um titular naquele fim de tarde de sábado - Roque Júnior, e como volante, ainda por cima. O time foi: Marcos; Neném, Agnaldo, Júnior Tuchê e Wagner; Roque Júnior, Daniel, Marquinhos e Jorginho Paulista (Thiago Gentil); Eriberto e Cris.







De lá para cá, sabemos como o mundo mudou. O dólar oscilou, passou de 2 reais, beirou os 4, voltou para 2 e pouco e hoje está de novo perto dos 4. O desemprego caiu, mas voltou a subir e a assombrar os brasileiros. Marcos virou santo, Roque é nosso ídolo até hoje (se desconsideramos a triste passagem no segundo semestre de 2008), Thiago Gentil nunca passou de um garoto esforçado, Eriberto fez mais fama por ser gato e se chamar Luciano e dos demais pouco ouvimos falar. Perdemos aquele Brasileiro com dois empates por 0 a 0, mas ganhamos a Copa do Brasil do ano seguinte, a Libertadores de 1999, Felipão ganhou status de Deus, o Palmeiras caiu duas vezes para a Série B, mas ganhou outras duas vezes a Copa do Brasil... e NUNCA MAIS ganhou do Internacional no Gigante do Beira-Rio.



Até o Beira-Rio não é mais o mesmo, aliás: foi reformado para a Copa e perdeu a Coreia, seu setor popular, entre outras modificações que o deixaram com cara de “arena”, para o bem e para o mal. O Inter, que vivia tempos brabos naquela época com o sucesso do Grêmio, ganhou duas vezes a Libertadores, um Mundial contra o Barcelona e virou sinônimo de boa gestão – mas seu eterno favoritismo no Brasileiro, nunca cumprido, já se transformou em piada.



A Porcopedia do amigo Fabio Tatu registra 14 partidas de lá para cá, com incríveis dez derrotas e quatro empates. Nessas partidas, são 26 gols colorados e 12 alviverdes e algumas histórias curiosas: o gol de Dunga ao pé da barreira que salvou o Inter do rebaixamento e tirou o Palmeiras das quartas de final, em 1999; a bicicleta de Rodrigão que de nada adiantou, em 2007; e o gol com a mão de Barcos anulado com ajuda da TV, em 2012.







No ano passado, duas partidas: 1 a 0 para o Inter no Brasileirão e 1 a 1 na ida das quartas de final da Copa do Brasil - jogo em que o Palmeiras fez um ótimo primeiro tempo, mas Barrios perdeu um pênalti; e Rafael Marques, com uma bela testada, garantiu o empate que seria vital para a classificação no Allianz Parque.



Tudo isso, porém, é passado, e o presente que importa é: o Palmeiras precisa vencer o Internacional no domingo para se manter líder do Brasileiro sem depender de outros resultados. O Inter está em crise, há seis jogos sem vencer, com um ponto conquistado nos últimos 18, e terá técnico novo, Paulo Roberto Falcão. Esse Palmeiras de Cuca tem se mostrado capaz de tropeços bobos fora de casa, como na derrota para o péssimo Cruzeiro, mas foi forte o bastante para despachar o Sport, em outro estádio de poucas boas lembranças para nós. Com o retorno de Gabriel Jesus e Róger Guedes, que o Palmeiras volte a ser o Palmeiras vibrante das rodadas anteriores e mande o tabu do Beira-Rio para as cucuias. É hora de mostrar força. É hora, mais do que nunca neste ano, de ser Palmeiras.