Zagueiro do Palmeiras quer que a equipe permaneça a liderança do Brasileirão mesmo com os desfalques.

Erik e seus companheiros fizeram a rara alegria dos palmeirenses no Beira-Rio



— Estamos ganhando: devo ligar a TV e começar a ver ou não?



Separados por milhares de quilômetros, unidos pelo amor ao Palmeiras, auxiliados pela bendita tecnologia, Mariana e Paulo viram juntos o time vencer o Internacional por 1 a 0, neste domingo, e se manter na liderança isolada do Brasileirão.



Quer dizer: ela viu de fato, olhos grudados na frente da TV, mas só a partir dos 35 minutos do primeiro tempo. Antes disso, soube pela bendita internet que o time estava vencendo por 1 a 0, gol do Erik, e a maldita superstição a fez pensar duas vezes antes de ligar o aparelho e mandar a frase acima para ele. Eu mesmo sei que essas coisas não se fazem: ano passado, contra o mesmo Inter, na Copa do Brasil, foi eu ligar a TV e sair o segundo gol deles. Felizmente persisti e o Girotto fez o terceiro gol em seguida.



Lembrei esse caso à minha amiga, mas a ansiedade falou mais alto e, mesmo antes que Paulo respondesse, lá foi ela conferir a sorte do time e tentar acalmar o moço, que estava num lugar meio isolado, com acesso ao celular mas sem televisão e com os nervos à flor da pele. Celular na mão, whatsapp à toda: ”Parece que estamos bem.” “Tá louco, cada cruzamento na área me tira o ar.” “Estamos bem, mas já era pra ter matado o jogo.” “Caramba, Guedes perdeu gol na cara.” “Acabou o primeiro tempo. 1 a 0. Te acalma.”



Ela aproveitou o intervalo para recarregar a bateria do celular por alguns minutos e logo estava novamente a postos em sua função de plantão esportivo. “Estão em cima, estamos nos segurando bem.” “Falta encaixar um contra-ataque.” “Tá ficando complicado. Saiu Xavier e entrou Dudu.” “Cuca viajou, acho.” “Rafael Marques no Erik. O Cuca é maluco.” “28, ainda 1 a 0. Tenso.”



Do outro lado da linha, Paulo não escondia a ansiedade. “Tô tão nervoso que tô ficando enjoado, puta merda.” Ela continuou falando do jogo: “Guedes precisa treinar finalização.” “40. Sufoco. Mas vai dar.” “Leandro Pereira no Guedes. Fez bem. Agora não adianta mais encher de zagueiro.” “45. Vai até 50.” “Acabou. GANHAMOS, CARALHO!”



Fim de jogo. Depois de 19 anos, o Palmeiras volta a vencer no Beira-Rio. Comemoramos e tento acalmar a amiga ao meu lado enquanto ela tecla furiosamente ao celular, trocando juras, abraços virtuais apertados e promessas de encontros futuros à luz do Allianz Parque e dos bares nos arredores para ver o Palmeiras campeão brasileiro em dezembro.



O Palmeiras vai ser mesmo campeão? Não sei, mas, após um jogo como esse, é impossível não se encher de esperanças, não entrar no espírito de "EMPOLGOU". Claro que ainda há problemas a resolver, acertos a fazer. Como disse Mariana a Paulo durante o jogo, Róger Guedes não pode perder tantas chances claras. A defesa ainda pode ser mais segura. Talvez não precisássemos sofrer tanto nos minutos finais. As mudanças de Cuca às vezes assustam – confessem, quem não achou que precisava de um volante a mais e não se espantou com a entrada do Leandro Pereira?



Mas o que importa hoje é: continuamos líderes, vencemos um jogo em que conseguir um ponto foi milagre nos últimos anos, estamos fortes como nunca. Cuca tem um problemaço para as semanas de Olimpíada: arrumar um substituto à altura de Jesus e fazer com que o time não perca rendimento sem o craque. Vágner já mostrou talento no Ituano (inclusive contra a gente naquela maldita semifinal em 2014) e agora precisa mostrar que tem estofo para vestir a camisa que já foi de Oberdan, Valdir, Leão, Marcos e agora se encaixa tão bem em Fernando Prass. Que tudo dê certo. Há milhares de Paulos e Marianas esperando ansiosamente por isso. Eu quero estar lá com eles.