4/8/2016 07:34

Nova estrela, Gabriel Jesus tem até colega morto como estímulo pelo ouro

Gabriel Jesus em treino da seleção olímpica: chance de fazer história não só por ele imagem: Eduardo Anizelli/Folhapress



Bem antes de dividir ataque com Neymar e Gabigol, Gabriel Jesus infernizava a vida dos adversários com outro companheiro. Na história que carrega até a estreia dos Jogos Olímpicos nesta quinta, contra a África do Sul em Brasília, o atacante palmeirense foi marcado por um amigo pouco conhecido. Mas que estará, de alguma maneira, presente com ele.



Colega das divisões de base do Palmeiras, o atacante Tininho tinha histórico criminal e foi morto, aos 16 anos, de maneira trágica. A história dele virou um dos estímulos para Gabriel Jesus, reconhecido não apenas pelo talento, mas pela cabeça feita e pela serenidade.



“Muita gente diz que o Tininho chegaria perto do Gabriel, que pegou um carinho grande por ele. Vieram de uma região parecida, se identificaram, dedicaram muito tempo juntos e um apoiava muito o outro”, recorda Bruno Petri, que treinou os dois colegas na base do Palmeiras.



Por lá, onde chegou aos 9 anos, Tininho passou quase metade da sua vida. Se no clube era querido por ser alegre, brincalhão e amigo dos amigos, a ponto de ter pequenos furtos encobertos pelos colegas de alojamento, fora dele era mais difícil. No Jardim Tranquilidade, onde vivia em Guarulhos, era tudo mais complicado.

O pai e os irmãos de Tininho tinham histórico criminal. As más influências, por mais que amigos como Gabriel Jesus e Gabriel Vinícius tentassem o contrário, ajudaram a empurrá-lo para o lado errado. Aos 16 anos, quando foi morto após assaltar um carro e trocar tiros com a polícia, Tininho já tinha duas passagens pela Fundação Casa. O Palmeiras, que chegou a alojar Tininho para afastá-lo da violência, e muitos outros, tentaram ajudar.



Ederson, pai de Gabriel Vinícius, também atacante jovem palmeirense, foi um desses. “Ele ficou na minha casa em alguns fins de semana. Depois percebemos que brincávamos com ele e estávamos suprindo o que faltava a ele. Nem ele queria voltar para casa às vezes”, recorda, emocionado. “Ele me ligava, me dizia para ir busca-lo porque não aguentava mais ficar na casa dele”.



Lembrar do amigo deixa Gabriel Jesus arrepiado



Gabriel Jesus, que também viveu tudo isso de perto, carrega sempre Tininho consigo. Se lembrou do amigo após conquistar a Copa do Brasil 2015 pelo Palmeiras. Ou, meses antes, ao homenageá-lo durante a disputa da Copa São Paulo.



“Lembro muito dele. Chego a ficar arrepiado ouvindo você falar dele. Era um parceiro que jogava comigo. É complicado. Mas sei que Deus guardou um lugar muito bom para ele lá em cima”, contou Gabriel Jesus, hoje titular da seleção brasileira sub-23, à Gazeta Esportiva no ano passado.



No futebol, uma das poucas alegrias de Tininho, além de vestir a camisa do Palmeiras, foi presentear o pai com um carro. “Nesse dia, ele assinou contrato com um empresário e brincou comigo, ‘estou rico’”, recorda Ederson.



Já Gabriel Jesus, uma das grandes esperanças do Brasil pelo ouro olímpico, foi além. Vendido por 32 milhões de euros ao Manchester City, já está entre as cinco principais transferências do Brasil em todos os tempos. A partir desta quinta, a chance de marcar ainda mais seu nome na história estará nas mãos de Jesus. Por ele e por Tininho.

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