13/9/2016 10:13

O que esperar do duelo tático entre Palmeiras e Flamengo

Com a derrota do Atlético Mineiro para o Fluminense, o clássico nacional no Allianz Parque ganha ainda mais relevância e aspecto de decisão, mesmo na fórmula por pontos corridos. Um ponto separa o Flamengo do líder Palmeiras. O que esperar, então, do duelo tático entre as equipes?



Cuca é adepto da marcação individual e a grande diferença técnica do Fla em relação ao jogo do turno – vitória palmeirense por 2 a 1 no Mané Garrincha – é Diego Ribas.



Não é difícil presumir que o técnico alviverde irá destacar um jogador para vigiá-lo, provavelmente o volante Gabriel. Para marcar o único meia criativo na execução do 4-2-3-1 montado por Zé Ricardo que sacrifica um pouco mais Willian Arão na proteção à defesa. Mas mesmo ele terá alguém para perseguí-lo, provavelmente Tchê Tchê. Sempre na pressão desde a saída de bola.



(Na animação abaixo, uma possibilidade de marcação por encaixe sob pressão do Palmeiras na saída de bola rubro-negra com os zagueiros Rever e Rafael Vaz, mais Márcio Araújo que recua para auxiliar)







O volante intrépido também terá que ajudar Zé Roberto a proteger o lado esquerdo. Porque Pará, o ponteiro – Gabriel ou Fernandinho – e mais Arão ou Diego usam e abusam das triangulações pelo setor. Já que Dudu não é tão disciplinado na volta, Cuca pode usar a inteligência tática de Rafael Marques, o provável substituto do lesionado Gabriel Jesus, para uma variação: na recomposição, o centroavante volta para ajudar e libera o camisa sete.



(Abaixo, uma jogada característica do Flamengo, com aproximação de Arão com Gabriel e Pará à direita e chegada ao fundo procurando Guerrero e quem mais aparecer na área adversária)







No momento ofensivo o camisa 19 vai para o centro do ataque porque o Palmeiras novamente vai abusar do jogo aéreo no Allianz Parque. Com Yerry Mina de volta à zaga se juntando a Vitor Hugo. Na retaguarda, mas também na área rubro-negra. O time paulista marcou 13 dos seus 42 gols de cabeça. Quinze na bola parada.



Usa o recurso também para acuar o adversário, dominar os rebotes e transformar em volume de jogo. Cria uma atmosfera favorável no Allianz Parque para se impor. Não por acaso é o melhor mandante e o time que mais finaliza na competição.

Flagrante da jogada de bola parada que terminou no gol de Mina sobre o São Paulo: cobrança de Jean, sete jogadores alviverdes entrando na área adversária, incluindo os zagueiros Mina e Vitor Hugo pelo centro, mais dois livres no rebote para garantir a manutenção do time no ataque (reprodução TV Globo).



Cabe ao Flamengo aproximar as linhas para negar espaços, bloquear os flancos com seus ponteiros ajudando os laterais e evitar as faltas e escanteios. Principalmente, não abrir mão do ataque. A tendência é que Guerrero retorne à formação inicial, apesar das boas atuações de Damião.



Adiantar a marcação em alguns momentos e valorizar a posse. O Fla tem melhor aproveitamento nos passes e ficou mais com a bola que o Palmeiras nestas 24 rodadas. Também é o melhor visitante exatamente porque tenta jogar da mesma maneira independente do mando de campo. Até porque até aqui jogou sem uma casa para chamar de sua.



Trabalhar as jogadas pelos flancos, com apoio alternado dos laterais e infiltrações em diagonal de Gabriel e Fernandinho, que trocam de lado constantemente. Sempre com presença de pelo menos três jogadores na área para concluir.

Flagrante da construção da jogada do primeiro gol do Flamengo sobre o Vitória: tabela entre Arão e Pará, que cruza para Fernandinho, que aparece na área com Damião, Diego e Gabriel (reprodução PFC).



Se recuar demais pode não resistir. Ainda que dos 24 gols sofridos apenas cinco tenham saído de cruzamentos, ao contrário do problema crônico do Fla em 2015. Sair atrás na casa palmeirense costuma ser fatal.



Clima de decisão, líder e vice-líder, as melhores campanhas do returno atrás apenas do surpreendente Botafogo. Rivalidade histórica. Duelo em tática e estratégia. Se a pilha não passar do ponto e descambar para o antijogo é grande a chance de termos o jogo do Brasileiro de 2016 que será lembrado na próxima década. Que seja.

As possíveis formações das equipes, com o Palmeiras marcando individualmente no meio-campo e podendo usar Rafael Marques voltando pela esquerda para ajudar Zé Roberto contra Pará e Gabriel, armas do Flamengo que abusa das tabelas e triangulações pelos lados e contará com o retorno de Paolo Guerrero (Tactical Pad).

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10572 visitas - Fonte: Blog André Rocha

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