7/11/2016 14:35

BLOG: Muito além do "feio x bonito": Palmeiras é quem melhor aplica sua ideia de jogo em campo

O campeonato chegou na reta de definições e parece que o líder Palmeiras está muito perto de se transformar no campeão Palmeiras, algo que vem deixando os torcedores mais tensos do que usual. E a tensão tem entrado em campo. Palmeiras x Internacional foi um jogo de muita disputa pela bola e baixo nível técnico. Poucos passes trocados em sequência, muita disputa aérea, uma grande intensidade das equipes.



Talvez por isso muita gente vê o Palmeiras “jogando feio”: bola é muito disputada e pouco rolada. Jogo mais pelo ar que pelo chão. E é tudo uma questão de perspectiva: se você aprecia um estilo mais parecido com troca de passes, o Palmeiras joga feio. Se aprecia o estilo uruguaio de futebol, então o Palmeiras joga muito bonito. Logo, estamos tratando de questões subjetivas, de gosto.



O problema é que o subjetivo do “bom x mau” e “bonito x feio”, esquecemos do objetivo. De analisar propostas de jogo. De falar da aplicação das ideias em campo. E quando entramos nesse aspecto, vemos porque o Palmeiras é líder: é o time que melhor aplica seu modelo de jogo em campo.



Entender o que é modelo de jogo de ver o porquê o Palmeiras tá próximo de ser campeão: não existe modelos melhores ou piores no futebol. Apenas escolhas dos técnicos. Se essas escolhas vão dar certo, é outro papo. Existem, sim, modelos mais modernos do ponto de vista conceitual - Santos e Flamengo são um bom exemplo. Mas ser moderno não é garantia de sucesso.



Tudo está relacionado à aplicação em campo. Um exemplo: quando o Palmeiras perde a bola, todo mundo faz uma pressão tão forte e intensa no adversário que essa mesma bola perdida é recuperada ou afastada, de qualquer jeito, da defesa. Isso faz parte de uma ideia de “não deixar o adversário escapar” dessa pressão infernal criada.

Talvez por isso a bola corra pouco e é muito brigada: intensidade, pressão, um rebote aqui, outro lá…e talvez por isso mesmo o Palmeiras defenda com encaixes individuais: para pressionar logo e mais perto do campo de ataque. Mina e Vitor Hugo, dois monstros no embate individual, crescem jogando assim, recuperando e afastando, fazendo o time ter que se defender pouco e não precisar montar linhas.

Isso é uma escolha. Algo que Cuca treina e gosta. Ele acredita nessa forma de jogar. Se a predileção é por pressionar, “encaixar” o adversário com todo mundo perseguindo, logo quando a bola é recuperada, tem pouca gente pra receber lá na frente. Por isso a opção de Gabriel Jesus como centroavante no 4-1-4-1: ele é a referência em todas as reposições de bola, rebatidas, chutões e lançamentos. Como é muito habilidoso, recebe, dribla e sai na cara do gol.

Isso faz o Palmeiras propor pouco o jogo e não se importar em ter a bola. Cuca prefere esse jogo reativo e as bolas paradas - ao todo, 28 gols foram feitos assim, um total de 49% do total do Verdão no Brasileirão. Para efeito de comparação, o Corinthians de 2015 fez 36% de seus gols assim.



Melhor? Pior? Feio? Bonito? Apenas propostas diferentes. Porque o futebol é um jogo de escolhas e do quanto essas escolhas surtem efeito em campo.



Santos e o Flamengo possuem modelos de jogo mais modernos sob o prisma conceitual do futebol: marcam por zona, jogam pelo chão, sempre com apoio e saída qualificada e pensada. Ontem, Dorival Jr. colocou Yuri para iniciar a construção das jogadas ofensivas, algo que Guardiola fez muito com Alaba no Bayern. A questão é que uma ideia moderna e complexa não significa vitória.



O Palmeiras merece ser campeão porque é o time que melhor aplica sua ideia de jogo em campo. Gostando ou não dessas ideias, aplicá-las e colher como produto a vitória é MUITO difícil. Quantos campeões chegaram à pontuação do Palmeiras na 34º rodada? Hora de reconhecer méritos, saber questionar e entender que o futebol, assim como a vida, é um espaço de diversidade.

8754 visitas - Fonte: BlogPainelTático/GE

Mais notícias do Palmeiras

Notícias de contratações do Palmeiras
Notícias mais lidas