Foto: André Hernan
A passagem do Palmeiras mudou totalmente a rotina da pequena e tranquila Vilhena. Localizada a cerca de 2300 km de São Paulo, ou a 700 km de Porto Velho, a cidade entrou recentemente para o mapa do futebol nacional. E quis o destino, e o sorteio da Copa do Brasil, que a primeira vez do quase centenário Verdão em Rondônia fosse no interior do estado.
Além de atrair cerca de 500 pessoas ao aeroporto na noite de terça-feira, a delegação do Palmeiras levou uma multidão ao hotel em que os atletas ficaram hospedados. O local, aliás, virou ponto turístico e de concentração dos torcedores e vendedores ambulantes.
A necessidade de ver de perto os ídolos palmeirenses foi tanta que até seguranças, roupeiros, médicos e nutricionistas do clube posaram para fotos e distribuíram autógrafos.
Para receber o gigante do futebol brasileiro, muita coisa foi modificada. Principalmente no estádio Portal da Amazônia. Arquibancadas móveis foram instaladas para que a capacidade fosse aumentada de cinco mil para 12 mil pessoas, e melhorias no sistema de iluminação foram feitas para abrigar emissoras de televisão. Mas quis novamente o destino que um fator imprevisível prejudicasse o espetáculo: a chuva.
A grande quantidade de água que caiu na cidade nos últimos dias prejudicou o já problemático estado do gramado. Além dos buracos, atletas de Palmeiras e Vilhena tiveram de enfrentar um campo pesado, enquanto torcedores se aglomeravam nos pequenos espaços cobertos e desviavam dos caminhos de barros por todos os lados.
– Eu acho muito legal a Copa do Brasil, é uma Copa democrática e que leva equipes de ponta para regiões afastadas. É só ver o que tem de palmeirense aqui. Mas temos de respeitar o público. O torcedor que vem exige um bom futebol. Sei que houve a chuva, mas tem de se preparar e melhorar a cada ano - disse o técnico Gilson Kleina.
Tem de ter um gramado que dê aos atletas do Vilhena e aos adversários que vêm aqui a condição de jogar futebol. Isso é importante, porque o Brasil vai sediar uma Copa e temos de nos preocupar com a evolução do futebol brasileiro. A região se mobilizou e Vilhena se projetou com essa partida, mas algumas coisas precisam ser impecáveis no futebol e uma delas é estrutura e condição de gramado para o torcedor ver o seu ídolo - completou o palmeirense.
Preocupados em receber bem os palmeirenses, os vilhenenses não esconderam o orgulho de terem vencido a concorrência de grandes arenas, como a de Manaus e a de Cuiabá, para sediar o duelo contra os paulistas. A cada papo, uma exaltação ao jogo e o discurso de que não existe rivalidade na cidade. Prova disso foram as camisas do Corinthians, do São Paulo, do Flamengo e do Grêmio dentro do Portal da Amazônia, dividindo espaço nas apertadas arquibancadas ao lado dos alviverdes.
Dentro de campo, o VEC foi liderado por Elsinho e por pouco não foi para o intervalo em vantagem, se não fosse a chance desperdiçada pelo pequenino camisa 10. A cada arrancada ou desarme, gritos eufóricos como se fossem gols decisivos. E nem mesmo o gol marcado por Leandro, já aos 42 minutos do segundo, impediu uma grande festa dos donos da casa.
O resultado desfavorável por "apenas" 1 a 0 fez os atletas pedirem o encerramento da partida por diversas vezes e o técnico Marcos Birigui comemorar o apito final como se fosse um título. E praticamente foi isso. A derrota do Vilhena para o Palmeiras na noite da última quarta-feira, no estádio Portal da Amazônia, foi a maior vitória futebol de Rondônia nos últimos anos. Afinal, o time terá a oportunidade de jogar em São Paulo, dia 10 de abril, no Pacaembu.
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