A ponto de escolher para qual clube iria se transferir na temporada seguinte.



"Veio o Coritiba e o Atlético-PR atrás de mim. O Luxemburgo era técnico do Palmeiras e quis me levar para lá. Só que eu tinha um sonho de ir para o Corinthians de tanto ver esse time jogar com aquela torcida imensa. Eu já tinha uma escolha dentro de mim", disse o jogador, atualmente no Luverdense, ao ESPN.com.br.



A negociação entre os paulistas e os pernambucanos virou uma novela e só foi finalizada no começo de 2010.



"Estava quase certa minha ida e deu uma esfriada. Então, eu desencanei. Um dia, eu estava treinando e fui tirado às presas para viajar e assinar contrato no Timão. Fiz exames e fui direto para pré-temporada à noite", relatou.



No dia seguinte, Moacir foi tomar café da manhã e tomou um grande susto ao ver na mesa seus novos companheiros de equipe.



"Eu dei logo de cara com Ronaldo e Roberto Carlos e o Edu Gaspar. Eu queria ser volante e era muito fã do Edu, gostava do jeito que ele batia na bola e a classe dele. Eu só via esses caras pelo videogame e pela televisão. A ficha demorou muito para cair. Foi surreal", recordou.



Mesmo recém-chegado, o jogador logo mostrou seu jeito extrovertido e se enturmou com os medalhões.



"Me deixaram bem à vontade. Subi na cadeira para fazer um discurso, mas me enrolei tanto que não deu certo (risos). O Ronaldo Fenômeno me colocou o apelido de Lázaro Ramos [ator da TV Globo] e já ficou aquela brincadeira toda. Ele é um cara humilde demais pelo que representa pra o mundo. Acho que isso é para poucos. Não é à toa que é chamado de Fenômeno, porque é um ser humano fenomenal", elogiou.



Fantasma de Itu:



O Corinthians fazia pré-temporada em um hotel na cidade de Itu, interior de São Paulo. Como era janeiro, chovia quase todos os dias e era muito comum a queda de energia na região por causa dos raios.



"Uma noite teve um apagão no alojamento. Todo mundo saiu andando e estava tudo escuro. A galera acendendo celular pelo corredor procurando a caixa de força. Tinha uma lagoa e muito mato perto. Alguém saiu do quarto com um lençol branco cobrindo todo corpo e passou pelo mato como se fosse um fantasma", relembrou.



"Ninguém queria saber se era de verdade ou não, a gente saiu correndo e batendo porta até entrar nos quartos (risos). Eu era um dos últimos e perto de um batente. Eu fui correr e tentei pular a churrasqueira, mas tropecei e caí. Ficou uma puta resenha porque fui o único que não conseguiu fugir (risos). Até hoje não sabemos quem foi", garantiu.



O Corinthians, que havia vencido a Copa do Brasil e o Paulista de 2009, vivia o ano de seu centenário, disputava a Copa Libertadores da América. Durante a fase de grupos, o lateral quase marcou seu único gol pelo clube alvinegro na vitória por 2 a 1 sobre o Cerro Portenho, no Pacaembu.



"Fiz uma bela jogada pela direita saindo do campo de defesa. Eu fui cruzar, mas a bola desviou no pé do defensor e encobriu o goleiro que estava no primeiro pau, que ia entrar. O Ronaldo Fenômeno completou em cima da linha. Eu brincava que ele tinha roubado meu gol. Ele respondia: ‘Mas a bola não ia entrar'", contou.



"No dia seguinte nós vimos na TV que ela ia entrar, sim (risos). Daí, o Ronaldo só dava risada minha cara. Foi muito engraçado. O gol poderia ter sido meu, mas foi dele também. Apesar de que um gol a mais ou a menos para ele não faria muita diferença, mas para mim ia fazer. Não é sempre que um lateral faz um golzinho né? (risos)", brincou.



Se perdeu o gol para Ronaldo, ao menos ele recebeu alguns presentes do centroavante.



"Ganhei duas camisas dele. Dei uma para o meu tio e outra para meu o irmão. Eu tenho guardada uma camisa autografada por todo grupo de jogadores de relíquia. Poucas pessoas vão viver o que eu vivi. Imagina quantos jogadores sonham em chegar a isso? Eu tive essa honra de jogar com os melhores jogadores Brasil e do mundo. Foi algo acima da média", recordou.



Após fazer uma grande primeira fase na Libertadores, o Corinthians encarou o Flamengo nas oitavas de final. O lateral fez um pênalti no jogo de ida no Rio de Janeiro que terminou com vitória flamenguista por 1 a 0. No duelo de volta, a equipe de Parque São Jorge triunfou por 2 a 1, mas acabou eliminada.



"Depois disso, teve uma turbulência e tal. Mas no meio de 2010, eu tive lesão eu não consegui voltar da mesma forma que estava quando era titular. Em 2011 comecei bem, mas voltei a sentir dores. Perdi espaço porque fiquei dois meses fora", garantiu.



"Tive que começar do zero. Dai veio a oportunidade veio o Sport para jogar mais vezes porque estava como terceira opção no Corinthians. Não tinha uma boa aceitação da torcida. Já tinha um pouco de rejeição com alguns jogadores. Foi até algo bom para mim", analisou.



'Eu era bem preguiçoso, sabe?'



Nascido em Recife, Moacir Costa da Silva precisou ajudar o pai em vários serviços antes de tornar-se jogador de futebol. Só que o garoto fazia de tudo para ficar o mais longe possível do batente pesado.



"Ele fazia encanamento, pedreiro, pintava casas. Eu e meu irmão mais velho íamos comigo. Eu era bem preguiçoso, sabe? Pedia para e ele fazer meio expediente e jogar pelada (risos)",

disse.



"Uma vez depois do almoço eu estava pintando uma grade, que era bem detalhada, por isso precisei sentar no chão para não deixar nenhum detalhe sem tinta. Eu estava morrendo de sono e acabei deitando. Meu pai tinha saído para comprar alguma coisa e quando ele chegou eu estava dormindo no chão com o pincel na mão perto da cabeça. Depois do almoço me bateu aquela ‘tiriça' (risos). Eu dava tanto ‘migué' no serviço e na escola por causa de futebol que chegou uma época que meu pai me impediu de jogar bola (risos)", afirmou.



O jovem fez testes no Náutico, mas não foi aprovado. Depois, fez peneira com mais de 500 jogadores e parou na metade por causa da enorme distância de casa. Após jogar em um time de bairro, ele passou nas categorias de base do Sport, mas acabou dispensado aos 19 anos.



"Depois disso, eu fui jogar no Central-PE. Eu fui pai novo, com 20 anos. Estava longe do meu filho e dos meus pais. Sempre ficava ao lado deles. Largar tudo e morar sozinho pelo sonho de ser jogador de futebol é complicado. Você está fora em todas as datas comemorativas", lamentou.



"Mesmo assim, fui muito bem nos juniores e subi ao profissional. Fui como lateral e tive chance de jogar um campeonato todo e voltei comprado pelo Sport", recordou.



Após chegar ao time rubro-negro, em 2008, ele rodou por Corinthians, Paraná, Coritiba, Boa Esporte, Fortaleza e Grêmio Novorizontino. Aos 31 anos, o jogador atualmente defende o Luverdense-MT, na Série B do Campeonato Brasileiro.



"Eu estou tecnicamente no meu melhor momento. Eu estou atuando como lateral ou volante. Eu quero ajudar na posição que precisar. Tenho a confiança do treinador", finalizou.

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