Não está.



Na verdade, não existe nem mesmo remorso em torno do investimento mensal de R$ 1 milhão entre salários e luvas diluídas ao longo de seu contrato e bancados pela patrocinadora Crefisa.



Peça-chave na contratação de Barrios na concentração da seleção paraguaia, em junho de 2015, durante a Copa América, o departamento de análise do clube não tem convicção de que o atacante foi um erro.



"Quando a gente trouxe... Uma das contratações do Palmeiras mais contestadas foi o Lucas Barrios. Quando a gente trouxe, ele era um dos artilheiros do Campeonato Francês pelo Montpellier. Aí você fala assim: 'poxa, não era pelo Paris Saint-Germain, não era pelos times...' Não, cara. Se eu não me engano, o Montpellier estava naquela época em 10º, 11º e ele era o artilheiro do Francês. Era um cara que já tinha jogado no Borussia Dortmund, o Lewandovski foi banco dele e ele tinha uma característica dentro das características que o Palmeiras procurava: que era um '9', aquele centroavante, um cara de área", afirmou o analista palmeirense Rafael Costa, em evento recente em São Paulo.



"Não tinha como errar. E a gente trouxe. Ele não se adaptou no Palmeiras, não conseguiu - talvez pelo modelo de jogo implementado pelo treinador, aí é uma outra esfera -, não se adaptou e hoje está fazendo gol no Grêmio. É um erro? Não sei", completou.



No Dortmund, Barrios foi durante muito tempo o titular absoluto do técnico Jurgen Klopp, contribuindo com gols e assistências e sendo decisivo para conquistar a Bundesliga em 2010/11.



Enquanto 'voava', Lewandowski era uma mera opção do banco, entrando às vezes no segundo tempo ou jogando as partidas menos importantes.



Com a sua saída da Academia do Futebol, a Crefisa se livrou de pagá-lo até a metade de 2018, em uma economia estimada em R$ 11 milhões em salários. O argentino naturalizado paraguaio teve o seu momento mais marcante na Copa do Brasil de 2015.



E o mesmo departamento de análise teve papel decisivo nisso.



"Na Copa do Brasil, quando a gente ganhou em 2015, pegamos o Fluminense na semifinal e, no primeiro jogo, teve um pênalti no Zé Roberto. O Zé Roberto fez o gol, acabou 2 a 1 e aí o departamento de análise, a gente reparou uma coisa na hora: ninguém tinha entrado no rebote. Ele bateu, fez gol, beleza, a gente comemorou. Passaria despercebido. A gente chegou e comentou no próprio camarote do jogo que ninguém havia entrado no rebote. E aí chegamos no outro dia, chamamos a comissão técnica, ela tem de te dar essa liberdade, se não dá, fica complicado. A gente chamou e fez assim: 'foi bacana, a gente fez o gol, mas ninguém entrou no rebote'. Aí, na época, o treinador era o Marcelo (Oliveira): 'bacana, não tinha pensado nisso'", contou Rafael Costa.



"Durante a semana, a gente treinou isso e, na próxima quarta, o jogo foi no Allianz Parque. Pênalti para o Palmeiras. Zé Roberto bate a bola, o Diego Cavalieri defende, entram três jogadores do Palmeiras no rebote e o Lucas Barrios faz o gol. Então, talvez se a gente não estivesse atento a esse momento e a comissão técnica aberta a essa informação, poderíamos não ter ganhado a Copa do Brasil. E foi através de um gol desses que a gente passou para a final", concluiu.



Naquela ocasião, em confronto de volta no Allianz, Barrios marcou duas vezes, o segundo deles no rebote, o Palmeiras venceu por 2 a 1 no tempo normal e confirmou a vaga por 4 a 1 nos pênaltis. Na decisão, levou a melhor sobre o Santos para ficar com o título.



Barrios trocou o Palmeiras pelo Grêmio em fevereiro.



"Uma das melhores decisões da minha carreira", classificou. Os números dão razão ao atacante.

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