1) Pelliciari, o nome do jogo (e do gerente de obras do Allianz Parque)

Quatro dos 106 gols marcados por Romeu Pelliciari com a camisa do Palestra saíram naquela tarde de domingo, contra o Corinthians. Imparato (três vezes) e Gabardo completaram o massacre por 8 a 0. Pelliciari é um dos grandes nomes da história do Dérbi: fez 14 gols em 13 confrontos contra o maior rival durante sua primeira passagem pelo Alviverde, de 1930 a 1935. Na segunda passagem, em 1942, disputou o clássico duas vezes e não marcou. A família Pelliciari voltou a ter papel importante na trajetória do Verdão recentemente: Claudio Pelliciari, filho de um primo de Romeu (e corintiano!), foi gerente de obras na construção do Allianz Parque.



2) Poderia ter sido mais

Os jornais da época contam que a arbitragem do Dérbi prejudicou o Palmeiras ao não marcar um pênalti quando o corintiano Rossi colocou a mão na bola. Além disso, Imparato, autor de três gols, teve um outro invalidado pelo juiz. Romeu Pelliciari ainda mandou uma bola na trave.



3) Crise profunda no rival...

"Palestra, diante de um adversário fraco e desorientado, não teve dificuldade em vencer por 8 a 0". Foi assim que "O Estado de S. Paulo" resumiu a goleada palestrina. Não era mesmo o dia do Corinthians... Na verdade, não era o ano do Corinthians, que já havia sido atropelado por Santos e São Paulo, ambos por 6 a 0, e pelo próprio Palestra, por 5 a 1, no primeiro turno daquele Campeonato Paulista. No dia seguinte aos 8 a 0, uma manifestação de torcedores insatisfeitos em frente à sede do clube, na Rua José Bonifácio, motivou toda a diretoria a renunciar.



4) ... e só alegria no Palestra!

O Palestra Itália de 1933 não entrou história apenas pela goleada em cima do maior rival. O time já havia sido campeão paulista invicto em 1932, faturou o título de 1933 e voltaria a erguer o troféu em 1934. É o único tricampeonato estadual da história do Verdão. Na temporada de 1933, foram incríveis 113 gols em 34 partidas disputadas.



5) Valeu por dois?

Naquele mesmo 5 de novembro de 1933, em partida preliminar, os chamados "segundos quadros" de Palestra e Corinthians se enfrentaram. E o Palestra também venceu por goleada: 4 a 0. Ou seja, no cômputo geral do dia, foram 12 gols para o Palestra e nenhum para o Corinthians.



6) Sim, valeu por dois!

A goleada por 8 a 0 sobre o Corinthians está registrada na tabela do Campeonato Paulista de 1933 e também na do Rio-São Paulo de 1933, torneios vencidos pelo Palestra. Mas não houve dois massacres naquele ano. É que a partida foi válida pelos dois campeonatos, uma estratégia comum naqueles tempos. O Rio-São Paulo, na época, era chamado de Primeiro Campeonato Brasileiro de Clubes. A ideia era ter, além de cariocas e paulistas, equipes de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul. A dificuldade no transporte dos jogadores, aliada a uma temporada de chuvas, impediu que isso acontecesse. De qualquer forma, o ano de 1933 marcou o início oficial da era profissional do futebol no Brasil, com atletas recebendo para jogar.



7) O 'Stadium' do jogo

Naquele 5 de novembro, Palestra Itália e Corinthians se enfrentaram no Estádio Parque Antártica. Ou melhor, no Stadium Palestra Itália. Foi assim que o campo do clube, localizado no mesmo terreno do atual Allianz Parque, ficou conhecido a partir de 1933, após passar por sua primeira grande reforma. A arquibancada geral, que era de madeira, passou a ser de concreto armado; além disso, uma tribuna social foi erguida para os associados do clube. A inauguração ocorreu alguns jogos antes dos 8 a 0, e também teve goleada: 6 a 0 no Bangu, pelo Rio-São Paulo.



8) Na telinha



Não há imagens em vídeo da goleada palmeirense, mas aquele jogo foi parar nos cinemas. Ele é uma das pautas do filme "O Casamento de Romeu e Julieta", de 2005 (vídeo acima), e foi citado até pelo Doutor Chapatin, personagem do seriado mexicano "Chapolin" (abaixo).

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