Palmeiras busca primeira vitória sob comando de Gareca nesta quarta-feira
Quem torce ou acompanha o Palmeiras sabe que o ambiente político no clube não é dos mais tranquilos há tempos. Que o diga o novo técnico Ricardo Gareca, que após apenas dois jogos começa a sofrer pressão de alguns conselheiros alviverdes, insatisfeitos com as atuaçòes do time alviverde nos dois reveses após o retorno da Copa do Mundo. E olha que o treinador rejeitou até propostas para deixar o Palestra Itália durante a pausa para a competição que teve a Alemanha como campeã...
De acordo com fontes ligadas ao Palmeiras, durante o Mundial, Gareca recebeu uma proposta concreta para ser o técnico da Venezuela no projeto para levar o país à Copa do Mundo na Rússia. O treinador já havia tido várias conversas com Rafael Esquivel, presidente da federação venezuelana, ao longo dos meses de abril e maio, mas nenhuma oferta em mãos. Assim, deixou o Vélez Sársfield para assumir o time palestrino há dois meses.
Após aceitar a proposta do Palmeiras, contudo, Gareca recebeu novo telefonema por parte de Rafael Esquivel com uma oferta para dirigir a equipe Vinotinto por quatro anos. Mas o argentino não quis nem saber sobre os termos da proposta e afirmou: pretendia cumprir o contrato com o time palestrino até o fim e levá-lo à próxima Copa Libertadores. Seu salário atual é de R$ 200 mil, podendo aumentar consideravelmente em caso de metas atingidas.
Gareca fazia parte do "plano A" da Venezuela para assumir a seleção depois da pausa por causa do Mundial de 2014. Além dele, outro argentino era nome forte no país, no caso Miguel Ángel Russo, do Rosário Central. O colombiano Jorge Luis Pinto, que levou a Costa Rica às quartas de final na competição em solo brasileiro, e Sergio Markarian, uruguaio que treinou o Peru, eram outras prioridades. Dunga surgiu como favorito apenas após as recusas, mas fechou com a CBF.
Gareca ainda teve sondagens de dois times argentinos desde que assumiu o Palmeiras, mas sequer quis conversar. O River Plate, após a saída de Ramón Díaz, telefonou para o treinador oferecendo um projeto para jogar a Libertadores 2015, mas após a ouvir a recusa acertou com Marcelo Gallardo. O Independiente de Avellaneda também procurou o técnico que atuou no clube no fim da carreira, só que acabou acertando com Jorge Almirón
A aposta de Gareca no Palmeiras, entretanto, pode custar caro ao treinador. O clube tem ambiente político conturbado desde sempre, e alguns conselheiros em contato com a reportagem disseram que o treinador não deixou uma boa impressão inicial - não pelos resultados em si, mas pelas atuações. A péssima apresentação no clássico com o Santos e as falhas defensivas nos gols sofridos contra o Cruzeiro em casa causaram desconforto, principalmente porque afastaram o time alviverde do topo do Brasileiro.
Outra crítica de membros do conselho ouvidos pela reportagem é o fato de que Gareca só pede reforços oriundos da Argentina. Entre os nomes contratados, por exemplo, estão Tobio, Mouche e Allione, enquanto Lucas Pratto, Facundo Ferreyra e Maxi Morato foram outras tentativas de reforços. A derrota por 2 a 0 para o Guarani em jogo-treino, apesar de triunfos diante de Ponte Preta, Barueri, Red Bull e Juventus, não caiu bem entre os palmeirenses.
Eles reconhecem, em contrapartida, o esforço do treinador em compreender o futebol brasileiro.
O divisor de águas para Gareca tentar conquistar o conturbado ambiente político do clube palestrino serão os dois jogos desta semana. Primeiro no jogo contra o Avaí, fora de casa, pela ida das oitavas de final da Copa do Brasil, principal obsessão da temporada para o time alviverde retornar à Libertadores. Depois, no clássico contra o arquirrival Corinthians, no domingo, o primeiro Derby na nova arena adversária em Itaquera. Dois resultados negativos prometem incendiar o Palmeiras.
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