O homem em questão era Armandinho, o jogador da equipe lituana que o tinha indicado ao clube. "Fomos para a delegacia de camburão, algemados. Chegando lá eles olharam o vídeo, e o ladrão não tinha nada a ver com o Armandinho", conta Odair. "A comandante veio pedir desculpas, mas aí eu já tinha apanhado. Falei para eles que se acertassem com o pessoal do clube, porque eu estava indo embora. Com essa recepção... Eu tinha acabado de chegar", reclama.
O episódio o abalou, e ele resolveu romper o acordo e voltar ao Brasil. "O contrato era de dois anos, e eu não recebi nada, fui embora. O clube queria que eu ficasse, mas eu não quis. Fechava os olhos e via os caras me batendo. Hoje eu dou risada, mas na hora não foi brincadeira", relembra. Três anos após o ocorrido, ele não tem qualquer sequela e até cogita um dia voltar à Lituânia, mas só como turista. "Posso até passar, mas ficar não (risos). Fiquei traumatizado porque apanhei muito."
Odair Patriarca seguiu treinando categorias de base até 2016, quando trocou o Novorizontino por um cargo na secretaria de esportes da cidade de Riversul, que fica no interior paulista, a 17km de sua cidade-natal Itaporanga. Ele é treinador de futebol e faz parte do projeto 'Quem Ama, educa'.
Da caixa de sapato à seleção brasileira
Nascido em 1963, o ex-jogador quase morreu na infância. Foi diagnosticado com o chamado 'mal de simioto', nome popular dado aos casos de desnutrição de bebês que têm alergia ao leite de vaca. No caso de Odair, a alergia era ao leite de sua mãe. Ele chegou a ser desenganado pelos médicos, mas foi salvo pelo leite de uma tia. "Eu nasci com 600 gramas, praticamente cabia em uma caixa de sapato. Me deram 40 dias de vida, e meus pais já tinham preparado o óbito, mas minha tia ainda tinha leite pois meu primo acabara de nascer", conta.
Odair acredita que, pelas condições da sua infância, o fato de ter virado atleta profissional "foi um milagre". Ele começou na base do São Bento-SP, subiu ao time principal e, na década de 1980, passou a rodar por clubes como Ponte Preta, Figueirense e Rio Branco-SP. O empréstimo ao Novorizontino em 1990 foi o que impulsionou sua carreira. "Despontei por causa da 'final caipira' contra o Bragantino, no Paulistão. Aí o Telê Santana me levou ao Palmeiras; depois o Falcão me convocou para a seleção brasileira. Tudo isso no mesmo ano", relembra o ex-lateral.
Odair estreou com a amarelinha em um amistoso contra o México, em dezembro de 90. Depois, jogou contra a Bulgária, em maio de 1991, e sacramentou sua ida à Copa América daquele ano. "Estar entre os 22 melhores do teu país em uma Copa América foi um presente por tudo pelo que passei", celebra.
Mas o prestígio de ir à seleção brasileira não foi suficiente para mantê-lo no Palmeiras. Com a chegada da Parmalat ao clube em 1992, Vanderlei Luxemburgo optou por dispensá-lo para contratar Gil Baiano, lateral que havia vencido duas Bolas de Prata e que o técnico já havia treinado no Bragantino. "Não tenho nenhuma mágoa dele [Luxemburgo]. A escolha era dele, só que naquele momento foi errada", critica Odair. "Ele queria trazer o jogador dele, tudo bem, mas naquele momento praticamente me tirou de uma Copa do Mundo. Eu estava no grupo da Copa América e tinha a possibilidade de ir para a Copa de 94, como foram Márcio Santos e Paulo Sergio [todos ex-Novorizontino]."
Odair saiu do Palmeiras para o Juventude-RS, e ainda passou por Vila Nova e Bragantino antes de encerrar a carreira como jogador em 1997, no Montes Claros.
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