Valdivia, em coletiva (Foto: Marcelo Hazan)
Valdivia convocou uma entrevista coletiva, nesta quinta-feira, na Academia de Futebol, para explicar o fracasso nas negociações com o Al Fujairah, dos Emirados Árabes, e o posterior "sumiço". Ele culpou o sheik, dono do clube, pelo problema.
O meia havia acertado tudo com o Al Fujairah, dos Emirados Árabes. Chegou até a ser apresentado pelo clube. Mas os árabes desistiram da negociação, e Valdivia viajou para a Florida (EUA), de férias.
- O pai do sheik teria tirado o apoio do filho, porque disse que era muita grana, e isso poderia ser usado para construir hospitais e escolas. Para o Palmeiras, foi passado que eu não teria acertado os valores, o que eu desminto, já mostrei as provas. Fiquei muito surpreso.
Valdivia relatou, passo a passo, a negociação com os árabes. Contou que foi recebido por torcedores e jornalistas nos Emirados Árabes, e depois pelo dono do clube. A transação era de 5,5 milhões de euros (R$ 16,6 milhões, sendo R$ 10,5 milhões do Verdão e o restante do conselheiro e investidor). Uma multa de 2 milhões de euros também seria paga ao Al Ain, ex-clube de Mago nos Emirados Árabes.
- Fui recebido na sala do sheik. Ganhei a camisa do Al Fujairah, com o número 10. O sheik subiu foto no Facebook dele, falando que estava apresentando o novo reforço. Fiz exames médicos e ficou tudo acertado. Não assinei o contrato porque era o período do Ramadã, e isso é diferente de tudo o que temos aqui. Mas ficou acertado que eu deveria me apresentar na Alemanha, no dia 5, onde o time faria a pré-temporada. Foi exatamente da mesma forma que eu fui para o mundo árabe pela primeira vez (em 2009, também vendido pelo Palmeiras, ao Al Ain). Ganhei alguns dias de férias e fui para a Disney com a minha mulher. Não imaginava que aconteceria tudo isso.
Valdivia afirmou também que não estava "sumido". Ele justificou que não precisava avisar ao Palmeiras seu paradeiro porque já havia assinado a rescisão com o clube.
- Eu já não era mais jogador do Palmeiras. Eu fui vendido. Eu era jogador do Al Fujairah.
Ainda sobre o "sumiço", Valdivia explicou que, como estava de férias na Disney, não quis saber de procurar informações na internet sobre seu futuro.
- Eu tinha as provas suficientes de que estava tudo certo (com o Al Fujairah). Saíamos do hotel 8h ou 9h para passear e voltávamos muito tarde, para dormir. A minha mulher publicou fotos pelo celular da irmã dela. Tinha internet, sim, é difícil não ter internet na Disney, mas eu não entrei em momento nenhum. Fui para descansar e para me apresentar no dia 5 no Al Fujairah.
O Mago foi questionado sobre o motivo de não ter dado informações nem para o pai dele, Luis, sobre seu paradeiro. Em várias entrevistas por telefone, Luis Valdivia disse que não sabia onde estava o filho.
- Eu tenho 30 anos. Fiz tudo pela família. Dei uma casa para meus pais logo depois que assinei o primeiro contrato com o Colo-Colo. Mas não preciso ligar para meu pai, "olha, vou sair de férias".
Reintegrado ao elenco
Valdivia treinou com os companheiros na Academia de Futebol, na manhã desta quinta-feira. Ele correu em volta do gramado, ao lado de Rodolfo e Josimar, ambos em recuperação física. Segundo o diretor executivo do Palmeiras, José Carlos Brunoro, Valdivia será reintegrado ao elenco. O dirigente afirmou que vai processar o Al Fujairah.
- Nós também ficamos surpresos com a não confirmação da negociação. Estava tudo acertado. Neste momento, ele está reintegrado ao elenco. Faremos uma ação jurídica por termos sido prejudicados, para que os direitos do clube e do jogador sejam preservados - disse Brunoro.
O capitão Lúcio aprovou a folga de Valdivia e disse querer contar com o meia no time novamente. O Mago, porém, deixou seu futuro nas mãos do clube.
- O Palmeiras precisa de dinheiro. O presidente disse muitas vezes que ninguém é inegociável. O clube recebeu uma proposta e assinou todos os documentos, que garantiam a minha saída do clube. O Palmeiras precisava de grana, chegou uma grana que o clube aceitou. Abri mão de 10% para ajudar o clube. Concordamos em todos os termos e fui vendido. Se vier mais uma proposta, quem decide primeiro é o clube. Se decidirem se é boa, ou não, eu sou chamado. Esse é o procedimento normal - disse Valdivia.
O meia afirmou, porém, que pretende continuar jogando no Palmeiras. Ele diz não prever nenhum tipo de problema na relação com o torcedor a partir de agora, por conta da negociação frustrada.
- É uma instituição que me deu tudo. Tenho cinco anos aqui no clube e nunca fiquei em lugar algum tanto tempo. A motivação é a mesma de querer jogar. O Palmeiras vive um momento complicado, mas tenho certeza que sairemos dessa. A motivação existe sempre. Se não tiver motivação de treinar, é melhor ficar em casa deitado - disse o Mago.
- A mensagem que passo é: da minha parte não muda nada. Desde ontem voltei a ser jogador do Palmeiras. Quero conquistar coisas e disputar um jogo no nosso novo estádio. A minha motivação não muda nada - emendou.
Valdivia aproveitou para confirmar que não jogará mais pela seleção do Chile:
- Minha decisão não muda (de não jogar mais pelo Chile). Sou agradecido à comissão técnica, mas a minha volta ao Palmeiras não muda nada. Bem ou mal, com coisas negativas que a seleção passou, agradeço à seleção e à torcida. Representar meu país é o mais importante.
José Carlos Brunoro diz que Valdivia foi reintegrado ao elenco e vai processar clube árabe (Foto: Marcelo Hazan)
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