Com fígados e rins comprometidos, Mendonça estava em choque séptico e o quadro não pôde ser revertido mesmo com antibióticos.
LIGAÇÃO DE FAMÍLIA COM O FUTEBOL
A ligação de Milton da Cunha Mendonça com o futebol veio de família: seu pai, que também adotara o nome Mendonça, foi zagueiro do Bangu na década de 1950. Porém, após dar seus primeiros passos no Alvirrubro, o meia, ainda júnior, migrou para o clube no qual seu coração bateria mais forte: o Botafogo.
'BAILA COMIGO' E SÉRIE INVICTA...: NO PANTEÃO DO GLORIOSO
- Eu não sou jogador do Botafogo, eu sou torcedor do Botafogo.
Mendonça subiu para os profissionais do Glorioso em 1975 e não demorou a se tornar ídolo e titular absoluto da equipe. Embora não tenha encerrado a seca de títulos importantes do Botafogo que já durava desde 1968, o meia logo caiu nas graças da torcida alvinegra e entrou no panteão de ídolos do clube.
Além de ter o Torneio Início de 1977 como seu único título oficial, o armador deixou lembranças de gols e de boas atuações para os botafoguenses. Ao lado de nomes como Paulo César Caju, Rodrigues Neto e Dé, Mendonça fez parte da equipe que obteve uma invencibilidade de 52 jogos entre 21 de setembro de 1977 e 16 de julho de 1978.
O gol mais lembrado ocorreu nas quartas de final do Brasileiro de 1981. O Botafogo encarava o Flamengo quando Mirandinha lançou o meia. Mendonça entortou Júnior e tocou na saída de Raul, decretando a vitória por 3 a 1 do Botafogo sobre o campeão brasileiro do ano anterior. A jogada ficou conhecida como "Gol Baila Comigo" (canção interpretada por Rita Lee que, à época, também dava nome a uma novela da Rede Globo).
Naquela competição, o Alvinegro esteve bem perto de chegar à decisão. Após vencer por o São Paulo por 1 a 0, o Botafogo viu Mendonça e Jérson estenderem a vantagem do Botafogo. Contudo, após 28 minutos de intervalo, os são-paulinos viram o sonho do título acabar com a derrota para 3 a 2. Saiu de General Severiano em 1982 sem títulos de ponta, mas com um histórico de 118 gols em 342 jogos.
COLEGA DE TITE, 'QUASE' TÍTULO NO PALMEIRAS...: CICLOS EM OUTROS CLUBES
Após deixar o Botafogo, Mendonça atuou por duas temporadas na Portuguesa. Além de atuar com atletas como Roberto César e Edu Marangon, o meia teve no Canindé outro colega que ganhou renome: o então meio-campista Tite, que se destacou marcando gols e, décadas depois, se tornou o treinador da Seleção Brasileira.
Em seguida, foi negociado para o Palmeiras, onde novamente conviveu com o desafio de quebrar uma seca de títulos (a equipe não era campeã desde 1977). Mendonça participou do elenco que levou o Verdão à final do Paulistão de 1986. Mas a equipe, que tinha nomes como Mirandinha e Éder Aleixo, viu seu sonho frustrado com a derrota por 2 a 1 para a Inter de Limeira, no Morumbi.
No ano seguinte, desembarcou na Vila Belmiro, com a responsabilidade de ser o camisa 10 do Santos. Atuando ao lado de nomes como Rodolfo Rodríguez e César Sampaio, conquistou o Torneio de Marselha em uma excursão com a equipe na Europa. Saiu ao fim de 1988, também sem títulos de ponta, mas deixando seu futebol elegante e uma tarde emblemática para os corações santistas lembrarem: em um clássico diante do Palmeiras, Mendonça marcou dois gols de voleio.
Em seu currículo, o meia ainda tem clubes como a Inter de Limeira (no qual atuou no ano em que a equipe voltava à elite do Brasileirão), Al-Sadd (QAT) e um breve e afetivo retorno ao Bangu, equipe no qual iniciara sua trajetória. Em 1991, Mendonça acertou sua transferência para o Grêmio, mas guardou uma lembrança cruel: além de perder espaço, o Tricolor gaúcho não engrenou no Brasileirão e amargou a queda para a Série B.
Depois, o meia colecionou passagens pelo Internacional de Santa Maria (RS), Fortaleza, América-RN, até pendurar suas chuteiras no Barra Mansa (RJ).
LUTA CONTA O ALCOOLISMO APÓS PENDURAR CHUTEIRAS
Após deixar os gramados, o ex-jogador teve de conviver com a luta contra o alcoolismo. Sem a rotina dos treinos, o hábito de Mendonça beber foi se acentuando, a ponto de ele deixar de fazer suas refeições para consumir bebida alcoólica.
O vício já culminara em um quadro gravíssimo: com sérias lesões hepáticas, Mendonça foi internado na UTI, com risco de morte. O ex-jogador contou com a amizade de Adilio, ex-meia do Flamengo, na luta contra o álcool: graças ao rubro-negro, o meia botafoguense foi internado em uma clínica de reabilitação no Rio de Janeiro em 2017.
À época, Mendonça recebeu visitas e ajuda do ex-jogador Wilson Gottardo. Além disto, o ex-dirigente do Botafogo, Carlos Augusto Montenegro, e do prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, foram visitá-lo na clínica de reabilitação durante os 40 dias em que ficou internado.
No entanto, o ex-meia teve constantes recaídas de sua dependência de bebida alcoólica. Em maio de 2019, Mendonça passou por um novo drama: ao cair de uma escada na estação de trem na Estação Guilherme da Silveira, teve um ferimento profundo causado por um vergalhão e sofreu outras duas fraturas.
Assim que o acidente ocorreu, foi removido para o Hospital Albert Schweitzer e submetido a uma cirurgia de emergência, pois perdera muito sangue.
Mendonça, Palestra, Palmeiras, Botafogo
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