Último grande 10, Alex brinca: "Ademir me emprestou a camisa do Palmeiras"

23/8/2014 09:50

Último grande 10, Alex brinca: "Ademir me emprestou a camisa do Palmeiras"

Ídolo da quase centenária história palmeirense, meia do Coritiba reencontra pela última vez da sua carreira o Verdão em São Paulo

Último grande 10, Alex brinca:

Alexsandro de Souza nasceu em Curitiba, no Paraná, no dia 14 de setembro de 1977. Talento formado nas categorias de base do Coritiba, ele frequentava as equipes de base da seleção brasileira quando, no meio do ano de 1997, aos 19 anos, surgiu a oportunidade de jogar de verde, mas defendendo a Sociedade Esportiva Palmeiras.



Neste sábado, pouco mais de 17 anos depois da primeira das 243 partidas do talentoso meia com a camisa palmeirense, Alex poderia reencontrar pela última vez, em São Paulo, a torcida que o idolatrou no futebol paulista entre os anos de 1997 e 2000, e depois entre 2000 e 2001. Às 21h, tem Palmeiras x Coritiba, no Pacaembu, válido pela 17ª rodada do Campeonato Brasileiro. Mas Alex está machucado. Assim, o torcedor não terá a chance de se despedir do último grande camisa 10 da quase centenária história alviverde.



- O Ademir me emprestou a 10 um pouco (risos). Ele me deu vários conselhos de como ser um 10 palmeirense, de como me comportar como jogador do Palmeiras - recorda.



Decidido a se aposentar após o término do Campeonato Brasileiro, Alex, hoje perto de completar 37 anos, dá os últimos chutes clássicos e toques refinados de uma carreira brilhante no futebol. Pelo Palmeiras, conquistou a Taça Libertadores da América de 1999, além da Copa do Brasil e da Copa do Mercosul de 1998, e do Torneio Rio-São Paulo de 2000. Além de títulos, foi em São Paulo que o atleta começou a consagrar uma trajetória brilhante nos gramados.



- Eu não seria o Alex que sou hoje em temos de respeito e de projeção se eu não tivesse vestido a camisa do Palmeiras. O clube apostou em um menino de 17 anos para substituir dois caras que jogaram demais como Djalminha e Rivaldo, e eu consegui comprovar. Não tem como olhar a minha carreira sem falar do Palmeiras. A representatividade do Palmeiras na minha carreira é 100% - completa.



Em entrevista ao GloboEsporte.com, concedida no centro de treinamento do Coritiba, Alex relembrou seus momentos de glórias pelo outro Verdão que divide o coração do atleta até hoje.





Bons tempos: Alex veste modelo da primeira camisa que usou no Palmeiras (Foto: Sergio Gandolphi/GloboEsporte.com)



Como foi a sua chegada ao Palmeiras?

Eu comecei a vida como profissional no Coritiba, em 1995. Dois anos e meio depois de estar jogando aqui e na seleção sub-20 aconteceu a negociação com o Palmeiras. Não foi fácil, foi uma transição complicada porque a exigência no Coritiba naquele momento era mínima, eu era uma promessa como existem várias todos os anos. E fui para um clube que tinha um poder financeiro muito grande, na época com a parceria da Parmalat. Naquele momento, eu ia como uma promessa para substituir “só” Djalminha e Rivaldo. Era uma missão bem complicada e não foi fácil. Estava saindo de casa pela primeira vez para viver sozinho numa cidade que é infinitamente maior que Curitiba, com uma pressão muito maior por jogar no Palmeiras. Quando eu cheguei, era claro que o objetivo do clube era ser campeão da América. Cheguei num início de projeto de ganhar a Libertadores. Foi bem difícil, mas o final da história foi legal.



Dava para imaginar que teria uma carreira tão grande no clube logo na sua chegada?

Quando eu comecei a jogar, eu pensava apenas em ser jogador de futebol. Eu não ficava vislumbrando o que ia acontecer, o que eu poderia ganhar ou perder. Eu tinha um sonho de criança, aquela coisa de você poder ganhar do time da rua de cima. No início, eu queria jogar no Couto Pereira, depois jogar no Morumbi, Maracanã, Mineirão. Queria jogar nos grandes estádios, mas não imaginava o que ia acontecer. Quando eu cheguei ao Palmeiras, eu olhava ao meu lado os jogadores que eu estava acostumado a ver pela televisão. Tinha jogado contra eles uma vez só, na Copa do Brasil de 1997, meses antes. Eu cheguei e dei de cara com Cléber e Velloso. Você começa a perceber no dia a dia. Você pensa: “Pô, sou jogador do Palmeiras, né? Vou ter de jogar nesse nível.” Antes eu não imaginava nada disso, mas depois, com o dia a dia, você vai aprendendo, convivendo e suportando essa pressão grande. Acho que eu passei bem por isso.



E demorou para se encaixar no time?



Em 1997, eu participei bem da fase de classificação do Brasileiro, fui muito bem, mas na fase final não foi legal, meu desempenho caiu bastante. Eu 1998, mesmo nós conseguindo conquistar a Copa do Brasil, meu primeiro semestre não foi legal. E eu estava fechando um ano de Palmeiras na Copa do Brasil, quando o Oséas fez o gol do título contra o Cruzeiro no Morumbi. Se eu fosse fazer um balanço nesse primeiro ano, seria de um jogador irregular, que fez bons jogos, outros espetaculares, alguns ruins e outros até péssimos. Foi um ano de muita irregularidade, até por estar me adaptando a essa realidade nova, do time que o Palmeiras tinha, da pressão que era jogar no Palmeiras naquele momento. De 1997 para 1998 acredito que foi um ano de transição e de uma irregularidade grande. A partir do segundo semestre de 1998 eu me confirmei como jogador do Palmeiras, como titular da posição, sendo decisivo em vários momentos, na conquista da Mercosul e da Libertadores. Esse é o balanço. De maio de 1997 à conquista da Copa do Brasil de 1998, foi de transição e muita irregularidade. Mas, a partir do segundo semestre de 1998, eu fui titular da posição com convicção, participando de maneira efetiva.





Alex, em jogo contra o River Plate, pela Libertadores de 1999 (Foto: Agência Estado)



Quando sua carreira começou a se confirmar no Palmeiras?

Acho que a explosão foi na Mercosul. Fui artilheiro da Mercosul, e conquistamos o título de uma maneira muito legal. O Felipão, a comissão e os jogadores mais velhos, que já estavam acostumados a jogar na América do Sul, trataram a Mercosul com uma importância muito grande, como se fosse um preparatório para a Libertadores. Quando nós entramos na Mercosul, nós já tínhamos a vaga da Libertadores pelo título da Copa do Brasil. Nós tratamos aquela competição com uma importância muito grande. Fomos campeões e fui o artilheiro da competição. Ali foi o início.



E a campanha da Libertadores?

Claro que a Libertadores tem o peso maior porque era o objetivo desejado pelo clube. Naquele jogo contra o River Plate, que foi a semifinal, logo depois da partida contra o Vasco, que também teve a sua importância, ali talvez tenha sido o grande momento da minha passagem pelo Palmeiras até por ser a maior conquista na grande galeria de títulos. Ali foi o ponto alto.



Qual foi seu jogo mais marcante pelo Palmeiras?

Meu jogo com a camisa do Palmeiras é contra o River Plate. Quando eu lembro de um jogo em que tudo tenha funcionado bem, eu lembro de Palmeiras x River Plate. No jogo da ida, em Buenos Aires, talvez tenha sido uma partida que eu tenha visto dentro de campo em que um goleiro tenha pegado tudo. O Marcão só não pegou a bola do gol porque ele já tinha pegado três ou quatro antes, e a bola acabou sobrando para o rapaz fazer o gol. Mas o que o Marcos fez naquela noite foi um negócio absurdo. Eu lembro que, no retorno para São Paulo, o Marcão falou que não poderia ser assim, que em São Paulo teria de ser ao contrário e que o pessoal da frente que teria de brilhar. Lembro que o jogo começou e logo nas primeiras duas ou três bolas eu não perdi, e a confiança foi lá em cima. Na primeira chance que eu tive de finalizar em gol, eu acabei fazendo 1 a 0. Depois acabei confirmando o 3 a 0 com um gol muito bonito. Lembro que a jogada iniciou comigo. Era escanteio para o River Plate, e conseguimos um contra-ataque e matamos o jogo com um gol meu. O Euller perdeu dois ou três gols em jogadas minhas, o Oséas também. Foi um jogo que coletivamente foi espetacular. Tudo funcionou e nos levou à final. Individualmente falando, foi um jogo em que tudo de positivo aconteceu para mim. Eu devo ter errado pouquíssima coisa na partida. Claro que tiveram outros jogos fantásticos, mas até pelo peso do jogo, esse Palmeiras e River ficou marcado.



E seu gol mais bonito? Foi aquele contra o São Paulo?

O gol mais bonito foi contra o São Paulo, mas não carrego muita coisa desse jogo porque eu peso muito essa coisa dos números e dos fatos em cima da importância. O gol, como plasticidade, foi absurdo, mas se eu tivesse de escolher um gol com a camisa do Palmeiras, eu escolheria o terceiro gol contra o River Plate. A jogada se desenhou muito bonita, parte comigo de um rebote lá atrás, passou para o Zinho, que entrega para o Paulo Nunes. Ele pensa e dá tempo para nós chegarmos. No domínio, eu consigo tocar no canto do Bonano... Você vê que faz tanto tempo, mas ainda é vivo na minha memória de tão importante que foi. Mas o gol contra o São Paulo, com certeza pela plasticidade e por ser no Choque-Rei, também foi importante.



Para a torcida tem um peso especial por ter sido contra o São Paulo, no Morumbi, contra o Rogério Ceni...

Para mim também tem um peso especial esse gol porque todo o momento em que se enfrentam São Paulo e Palmeiras no Morumbi vem esse questionamento para mim. A imprensa me procura para saber como era aquele momento e como aconteceu. Um dia o Palmeiras vai quebrar isso (de nunca mais ter vencido no Morumbi desde esta partida), com certeza. Mas a lembrança fica.



Tem palmeirense que brinca que o Palmeiras nunca mais vai vencer no Morumbi só para relembrarem esse gol em todos os clássicos no estádio...

Eu agradeço (risos), mas acredito que o palmeirense quer ver o Palmeiras vencer o clássico no Morumbi, com certeza.





Alex comemora contra o Corinthians, na Libertadores de 2000 (Foto: Agência Estado)



Por que você acha que criou uma identidade tão grande com a torcida?

Sempre que eu estou em um lugar, eu tento respeitar a história daquele lugar e daquele clube. Quando eu cheguei ao Palmeiras, eu tinha muito tempo livre. Eu só treinava e ia para a minha casa, em Perdizes. Eu sempre fui muito interessado pela história do futebol. Então eu fui buscar conhecer o Palmeiras, o que o palmeirense gostava, o que o palestrino gostava. Sempre respeitei e isso procurei trabalhar para fazer as coisas bem feitas dentro do campo. Essa relação com a torcida foi criada por eu respeitar a história de um grande clube como o Palmeiras.



Você se considera um ídolo do Palmeiras?

Essa história de idolatria eu, particularmente, não acredito muito. Você pode gostar do que eu fiz, outro pode questionar que eu poderia ter feito mais. Isso é uma posição individual. O que eu acredito é que eu tenha marcado o meu momento na história do Palmeiras. Isso ninguém tira porque ao analisar a cada fato da minha passagem eu tive uma importância. Mas eu não me considero ídolo de ninguém, não é apenas no Palmeiras, isso é em todos os clubes em que eu joguei. Mas eu olho para trás e vejo que em momentos importantes da história do Palmeiras eu participei bem. Olhar para a camisa do Palmeiras que teve jogadores fantásticos, da minha posição pra frente, e ver que eu sou o artilheiro da Libertadores junto com o Tupãzinho, vejo que teve César, Evair, Edmundo, Rivaldo e eu estou à frente deles. Eu citei quatro nomes e poderia citar mais do pessoal lá de trás. Isso me traz uma satisfação absurda, mas ídolo eu nunca me considerei e até hoje falando não me considero. Mas sei que naquele momento tive uma participação importante.



Mas o carinho da torcida do Palmeiras por você é muito grande...

É um absurdo até hoje. O palmeirense sempre me tratou bem, desde a minha chegada até hoje, anos depois que eu não estou mais lá. E a recíproca é verdade. O carinho que eu tenho pelo Palmeiras e pelo torcedor palmeirense é muito grande.



Como foi ter vestido a camisa 10 do Palmeiras?

O Ademir me emprestou a 10 um pouco (risos). Tem situações em que você não precisa ver. O Pelé no Santos, o Ademir no Palmeiras. Eu cresci com o meu pai falando de três camisas 10: Dirceu Lopes no Cruzeiro, Ademir da Guia no Palmeiras e Rivellino no Corinthians. E tive a felicidade de vestir duas delas. Eu brinco que o Ademir e o Dirceu me emprestaram a camisa 10. Eu colocaria também nesse grupo o Djalminha. Ele jogou muito no Palmeiras, mas jogou pouco. Talvez a minha diferença para ele é que eu tenha jogado mais tempo. O Djalma jogou um ano e pouco e acabou se transferindo para a Europa. Para mim foi uma satisfação muito grande porque eu sempre estive com o Ademir nesse período. Todas as vezes em que ele foi até o centro de treinamento ou eu estava no Palestra Italia sempre me tratou muito bem. O Ademir me deu vários conselhos de como ser um 10 palmeirense, de como me comportar como jogador do Palmeiras. Muito mais que título e a parte financeira, a vida no futebol é conhecer, tomar um café, conversar e ouvir uma história de pessoas como o Ademir da Guia. Isso me traz uma felicidade absurda. Eu tive isso no meu momento no Palmeiras. Convivi com o Oberdan um tempo, quando ele aparecia por lá, convivi com o Seu Valdir de Moraes, Dudu, Ademir, César Maluco. Fora isso eu dividi vestiário com lendas do Palmeiras como César Sampaio, Zinho, Evair e Cléber. Isso me enriqueceu muito como pessoa, porque eu ficava ouvindo história deles. Essa situação de poder jogar em clubes como o Palmeiras que tem uma história rica eu tenho de agradecer sempre.



E o que precisa fazer um camisa 10 do Palmeiras?

O 10 do Palestra, do Palmeiras acadêmico, até pela forma como eu joguei e jogo ainda hoje, como o Djalminha jogou, nós cabíamos no Palmeiras por isso. É aquela coisa que o palestrino e o palmeirense gostam. Eles montaram aquela Academia na década de 60 e depois montaram a segunda Academia na década de 70 que foi bicampeã brasileira. E por coincidência o 10 sempre era o Ademir e a mesma maneira de jogar. Ele teve até certo ponto os mesmo questionamentos que eu tive. Nesse sentido as histórias se fundiam. E o Ademir, um senhor que já tinha vivido aquelas experiências muitas vezes, falava manter a calma aqui, apertar ali, se posiciona assim. E isso foi muito importante para mim.



O que significou para a sua carreira essas passagens pelo Palmeiras?

Tudo. Eu não seria o Alex que sou hoje em temos de respeito e de projeção se eu não tivesse vestido a camisa do Palmeiras. O clube apostou em um menino de 17 anos para substituir dois caras que jogaram demais como Djalminha e Rivaldo, e eu consegui comprovar. Não tem como olhar a minha carreira sem falar do Palmeiras. A representatividade do Palmeiras na minha carreira é 100%.



Você demonstra conhecer muito a história dos clubes por onde passou. Tem algum trecho preferido do hino do Palmeiras?



"Torcida que canta e vibra" é muito legal, mas o início, "quando surge o Alviverde imponente" é uma coisa que marca. Isso eu lembro quando estávamos no antigo Palestra Italia, e os torcedores começavam com isso, era verdadeiro. Não é um Alviverde qualquer, não é um clube qualquer. Essa parte do hino é muito verdadeira. Tem o refrão da torcida que canta e vibra, e isso dá uma ênfase maior, mas o início é uma situação que marca demais. Quem teve uma oportunidade de ouvir isso dentro de campo não esquece. Isso acontece comigo.



Qual mensagem você gostaria de deixar para a torcida palmeirense, que comemora os 100 anos do clube nesta semana?

A mensagem é simples, de felicidade. Independente de centenário e se hoje o Palmeiras tem um grande time ou se vai conquistar um grande título isso pouco importa. Você tem de olhar do centenário para trás, aquilo que o Palmeiras construiu. Não só em termos de futebol, mas em termos de história. Principalmente ali, quando ele muda de Palestra para Palmeiras, ali já é uma vitória absurda. Se você for olhar os títulos, a história, os jogadores, os treinadores, aquilo que se ganhou, se viveu, você vê que não torce por um clube qualquer. É o Palmeiras. Uma vez, conversando com a família Beting, o Mauro e o Joelmir falaram que só sabe o que é ser palmeirense quem é palmeirense. Isso você não consegue explicar para outra pessoa. Que o torcedor tenha muito orgulho do clube que torce, do clube que é dele. Realmente, não é um clube qualquer. Tem de ser muito respeitado e valorizado.





Alex, no jogo do título da Libertadores, em 1999

(Foto: Agência Estado)



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10413 visitas - Fonte: Ge

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