Brunoro se apega à promessa de grandeza, mas admite ano frustrante

Diretor não sonha nem com vaga na Libertadores de 2015 e aceita crítica por conta do "intelecto da torcida"



Com o Palmeiras à beira da zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro, José Carlos Brunoro prefere olhar para frente em uma promessa que mantém desde que assumiu o cargo, em janeiro do ano passado, de que o time será forte no futuro. Mas, no momento, o diretor executivo não esconde a sua frustração pela campanha na temporada do centenário.



“Sendo muito franco, esse time do Palmeiras não é para ser campeão, mas também não é para estar na zona de rebaixamento.



Vai brigar pela Copa Sul-americana”, disse Brunoro à rádio Jovem Pan. Embora se considere o dirigente com “mais bagagem no esporte brasileiro” por ter passado por vôlei, futebol, basquete e até Fórmula 1, ele ainda parece não entender que, desde 2013, os classificados para a Sul-americana se definem com base nos eliminados até a terceira fase da Copa do Brasil.



De qualquer forma, fica a frustração por não ter nem uma vaga na Libertadores como objetivo. “É duro falar isso, muito duro, mas são as circunstâncias do campeonato. Não queria falar isso nunca, sempre pensamos em ganhar, mas assumimos as nossas limitações”, afirmou o sempre sorridente diretor, tentando se mostrar sincero.



“Houve erros de avaliação, sim. Mas pensamos em 2015”, alegou. “O time do Palmeiras tem que pensar grande sempre, sempre. E vai ser muito grande, podem ter certeza. Espero que todos vejam isso no futuro. Tudo que estamos fazendo vai deixar o Palmeiras perenemente muito forte. Nossa missão é essa, pela representatividade e camisa do Palmeiras.”



Em meio a tantas explicações, Brunoro reclamou de azar por não ter conquistado o Paulista, disse que Ricardo Gareca recebeu tudo o que pediu e ficou mais afastado do elenco do que deveria, avisou que o Verdão receberá uma porcentagem de uma futura venda de Marcelo Moreno como parte da negociação de Barcos com o Grêmio e lamentou por Alan Kardec não ter renovado por uma diferença de proposta salarial que o próprio atacante, hoje no São Paulo, informa ser de R$ 5 mil mensais.



Mas entende as críticas. “Não é injusto. Se o time não tem resultado...”, falou, mais uma vez, tentando argumentar. “Ninguém quer prejudicar e aceito as críticas porque não sou Deus para não errar, mas recebo ameaça de morte e uma porção de coisas que são uma besteira muito grande. Fico muito triste. Não tenho nada a esconder, não faço nada errado, faço as coisas dentro dos critérios do clube. Mas tem que conviver, paciência. O que não pode é se entregar, tem que enfrentar os problemas.”



E Brunoro julga estar enfrentando bem as dificuldades no Palmeiras. Comemorou a Certidão Negativa de Débito conseguida pelo clube na semana passada, que dá direito a patrocínios estatais como da Caixa Econômica Federal, e se defende dizendo que o departamento de marketing conseguiu ações em redes sociais e renda mensal líquida de R$ 800 mil com os planos de sócio-torcedor.



“É muito duro ser avaliado pelo futebol. O Palmeiras não quer ser representado só no futebol e faz muito em outras áreas, mas fica escondido. E, no futebol, justificativas válidas não serão aceitas. Por mais que se justifique, o intelecto da torcida não permite”, comentou o dirigente, que, apesar de tantos avanços anunciados, não garante que continuará no cargo em caso de reeleição do presidente Paulo Nobre, que tem se afastado de Brunoro exatamente por conta do pleito em novembro.



Mas o diretor confia no que foi feito até agora. “As outras administrações anteciparam tudo, não tinha como funcionar.



Temos uma política salarial emergencial em termos financeiros, mas não filosófica com os contratos por produtividade, que vamos manter. O Palmeiras foi um dos únicos clubes que não atrasou salário e imagem um dia sequer. E vai economizar R$ 300 milhões em juros em dez anos com o aporte do Paulo. A partir do ano que vem, está com a plenitude da receita, a arena funcionando, as coisas que implementamos no marketing... Aí sim está pronto para ficar forte perenemente”, insistiu, repetindo como mantra um termo ainda não aplicado na prática.