Agostinho Folco é um dos idealizadores da Bengala Azul, organizada do São Caetano
Torcedor símbolo dos tempos de glória do São Caetano, Agostinho Folco lamentou nesta segunda-feira mais um rebaixamento de seu clube do coração. O fundador da "Bengala Azul", torcida organizada apenas com sócios acima de 60 anos, evitou apontar culpados pela queda à Série D e viu a equipe do ABC em momento parecido com o do Palmeiras.
"Você vê o que está acontecendo com o Palmeiras. É uma situação parecida. Vem gente de fora, empresário querendo se aproveitar... Não funciona! Não adianta, não funciona", disse Agostinho, hoje com 80 anos, em entrevista ao ESPN.com.br. "Três rebaixamentos é muita coisa. Paulista, Série B e agora de novo... Não sei o que aconteceu", continuou.
A série de fracassos a que se refere o símbolo da Bengala Azul começou em 2013, um ano depois de a equipe ficar a apenas um ponto de retornar à elite do Campeonato Brasileiro. No Paulista daquele ano, o São Caetano iniciou sua série de rebaixamentos, deixando a Série A-1 depois de mais de uma década, desde o acesso em 2000.
Ainda em 2013, na Série B do Brasileiro, o time acabou na penúltima colocação, com 20 derrotas em 38 jogos, campanha incomparável com a do ano anterior, quando a equipe do ABC acabou a competição no quinto lugar, exatamente com a mesma pontuação de Atlético-PR e Vitória, que subiram e até hoje se mantêm na primeira divisão nacional.
A curiosidade é que, na Série B de 2012, o São Caetano "rebaixou", com uma vitória na última rodada, o Guarani, justamente o time que selou a terceira queda em dois anos, ao vencer o Caxias na segunda-feira. "Pagaram na mesma moeda", brinca Agostinho, preferindo voltar ainda mais no passado, para resgatar as boas memórias do "Azulão".
"Precisamos de Adhemar, César, Silvio Luiz... Naquela época (em que o time foi vice-campeão Brasileiro, chegou à final da Libertadores e conquistou o Paulista), trabalhavam com amor. Hoje, é jogador mal contratado, empresário... Estamos às moscas. Sem espetáculo, não tem torcedor. Nos anos 2000 a 2004, todo mundo estava com a gente".
Apesar de dizer que precisar "abaixar a cabeça" em alguns lugares, para fugir das gozações - acredite, existem -, o líder da Bengala Azul é otimista sobre o futuro do São Caetano. "Calculo que esse ano pode ter servido de lição. Que comece 2015 e pense um pouco como é que caiu. Com apoio, técnico novo, quem saiba a gente não consiga", projetou.
Com a A-2 do Paulista e a Série D do Brasileiro no horizonte, parece difícil imaginar que o São Caetano possa reviver às façanhas do início dos anos 2000. Mas, na Copa Havelange, há 14 anos, era igualmente improvável que um time de uma cidade de 15 km² e 150 mil habitantes pudesse desbancar "gigantes" do quilate de Palmeiras, Grêmio ou Fluminense.

'Bengala' segue presente em jogos do Azulão
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