O 4-3-1-2 do Palmeiras com rapidez pelos flancos com João Pedro e Juninho, volume no meio com Wesley e Valdívia, além da presença de área de Henrique.
As três vitórias consecutivas colocam o Palmeiras mais longe da tragédia do rebaixamento no ano do centenário. Também consolida o trabalho de recuperação de Dorival Júnior. No clube e na própria carreira.
O novo técnico conseguiu a combinação que o antecessor Ricardo Gareca não teve tempo de adaptação e trabalho para alcançar:
Primeiro a "espinha dorsal" experiente: Fernando Prass, Lúcio, Wesley e Valdívia. Com o goleiro, mais segurança e serenidade. Contraponto ao ímpeto do zagueiro campeão do mundo em 2002.
Os dois últimos transferem volume de jogo. O volante conduz, o meia chileno pensa o jogo. Mesmo com oscilações, a dupla faz o time jogar. Ponto para Dorival: se as peças com mais qualidade em setor fundamental estão disponíveis, não importa o que serão delas no ano que vem. Tem que usar, até quando o camisa dez chileno faz bobagens como pular com os braços abertos na própria área e, mesmo com a bola batendo na cabeça, induzir o árbitro Sandro Meira Ricci a marcar o pênalti que Barcos cobrou e abriu o placar para o Grêmio no Pacaembu.
Para dosar, a juventude que o novo técnico sempre aproveita em seus times. Pela direita com João Pedro. Nos 2 a 1 sobre o tricolor gaúcho, boas ultrapassagens às costas de Zé Roberto. A mais efetiva só não terminou em gol porque Cristaldo perdeu chance inacreditável. Felipão tentou corrigir trocando Fellipe Bastos por Riveros, que alternou na lateral com o companheiro veterano. Mas não impediu o gol da vitória do jovem lateral de 18 anos.
Mapa de toques de João Pedro ressalta a forte presença ofensiva do jovem lateral pela direita.
À esquerda, Victor Luiz foi para o meio como volante no 4-3-1-2 abrindo espaço na lateral para Juninho. Qualificou passe no meio, manteve a profundidade no flanco, essencial na execução do esquema com losango no meio-campo.
Saída de bola palmeirense com trio de volantes no meio e laterais João Pedro e Juninho prontos para se projetar à frente.
Cristaldo e Valdívia se apresentam para as tabelas. Marcelo Oliveira ou Washington protege a defesa que conta com a fibra, mas também a falta de jeito de Tobio, herança da "legião estrangeira" de Gareca que Dorival aproveita como é possível.
Na frente, o iluminado Henrique. Artilheiro do campeonato com 13 gols, ao lado de Marcelo Moreno. Quase metade dos 28 gols palmeirenses. Centroavante que luta com os zagueiros, mas também abre espaços e se sacrifica para Valdívia "descansar" na frente. Que mesmo quando erra e não vai às redes pode ser decisivo: no gol que iniciou a virada, um golpe tosco - meio de cabeça, meio no pescoço, que terminou na furada e, enfim, no gol de Mouche.
Outro argentino que Dorival utiliza quando necessário. Diante do Grêmio acuado após a expulsão de Barcos, entrou na vaga de Juninho. Mudança tática para o 4-2-3-1 com Victor Luiz na lateral e Cristaldo mais aberto. Funcionou no "abafa" que garantiu mais três pontos. Vitória do time que mesmo sem controle da bola (47%), tentou jogar. Finalizou e desarmou bem mais, fez muito menos faltas - como bate o time de Luiz Felipe Scolari!
Com a vantagem numérica após a expulsão de Barcos, ousadia no 4-2-3-1 com Mouche que construiu a virada alviverde no Pacaembu.
O clube da eterna turbulência política e das dificuldades financeiras que precisam da ajuda do próprio presidente Paulo Nobre vai encontrando as soluções de emergência para evitar o desastre onde realmente importa: no campo e na bola.
Sem retranca ou pensar pequeno, compreensível apenas para deixar de perder no auge da crise. O blog reforça: tentar jogar bem ainda é a maneira mais eficaz de ficar perto da vitória. O Palmeiras exorciza os fantasmas apostando em qualidade, de jovens e veteranos, brasileiros e estrangeiros. Um bom caminho para sobreviver na Série A e pensar em 2015.
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