Começou a eleição: Paulo Nobre e Pescarmona falam sobre campanha

Aprovados pelo Conselho Deliberativo, principais nomes da vida política do Palmeiras disputarão a presidência do clube em pleito marcado para o dia 29 de novembro

Paulo Nobre e Wlademir Pescarmona vão disputar a eleição (Foto: Felipe Zito/GloboEsporte.com)



O próximo mês será intenso nos bastidores do Palmeiras. Enquanto a equipe do técnico Dorival Júnior jogará para sobreviver no Campeonato Brasileiro, Paulo Nobre e Wlademir Pescarmona intensificarão suas campanhas de olho na presidência do clube pelos próximos dois anos. Após a aprovação de suas chapas em votação no Conselho Deliberativo, na noite da última segunda-feira, eles agora disputarão a eleição no dia 29 de novembro - Luiz Carlos Granieri não atingiu a quantidade mínima de votos dos conselheiros e está fora do pleito.



Na sede social, os dois candidatos conversaram com os jornalistas minutos após o fim da reunião do filtro do Conselho Deliberativo. Separados por poucos metros, os representantes da situação e oposição não esboçaram qualquer aproximação, mas mantiveram discursos firmes sobre o rumo que as campanhas devem tomar a partir de agora.



No próximo mês, 10.250 associados terão a oportunidade de eleger o novo mandatário do Palmeiras. Trata-se de algo inédito, já que, até então, apenas conselheiros votavam. Por isso, os grupos evitam fazer qualquer previsão.



– O que eu posso dizer ao associado é que venha votar, independentemente de quem seja o candidato. Porque foi muito difícil conseguir quebrar esse paradigma e trazer a eleição para o sócio votar de forma direta. Que ele exerça o seu direito, que vote na atual gestão, em mim e nos meus quatro vices caso ele entenda que estejamos no caminho certo. Ele tem todo direito também de não concordar e votar no adversário. O importante é que ele venha. Essa eleição é a primeira. Ninguém sabe afirmar se o sócio vai valorizar mais o futebol ou o clube. Quem afirmar qualquer coisa está chutando – disse Nobre.



– Eu acho que vai ser uma briga boa. Talvez eu leve um pouco de vantagem por estar todos os dias aqui, não sei qual vai ser a estratégia dele (Paulo Nobre) a partir de agora. Vou usar a mesma estratégia de sempre: frequentar o clube todos os dias, em todos os departamentos, conversar com todo mundo, mostrar o que ficou faltando, o anseio do sócio. Eu sei quais são as necessidades. Vai me ajudar com certeza – afirmou Pescarmona.

Com as obras de construção do Allianz Parque, a sala da presidência do Verdão teve de ser deslocada para a Academia de Futebol. E isso influenciou diretamente nas últimas administrações. Apesar de não viver a rotina da sede social, Paulo Nobre tem sido visto com mais frequência no clube nas últimas semanas. No domingo, por exemplo, o dirigente inaugurou uma obra no parque infantil. O objetivo é estar mais presente e acabar com o distanciamento com o público que irá decidir a eleição.



– Tenho uma equipe boa e competente, que ajudou muito a chegar à primeira vitória. Tenho certeza de que eles vão ter o mesmo carinho e cuidado enquanto eu estou mais dedicado agora com o futebol, que é o que prende minhas atenções – disse Nobre.



– Em 2013, nós focamos o futebol. Não existiria um 2014 na Série B. Mesmo sem pujança financeira, tivemos uma reconquista do clube social, que nos últimos anos foi um grande canteiro de obras, com algumas ilhas de convivência para sócios. No último fim de semana entregamos o parquinho. Fiquei satisfeito ao ver no Dia das Crianças o parquinho. Foi o primeiro passo para as mudanças do clube social – completou o atual presidente, eleito no início de 2013.



Já Wlademir Pescarmona aposta justamente na frequência de seu grupo entre os associados para levar vantagem no pleito. Ele critica a atual administração e se diz pronto para assumir o Palmeiras.



– Eu frequento aqui. O futebol tem sua vida própria, anda com as próprias pernas. O professor (Luiz Gonzaga) Belluzzo (ex-presidente), com a equipe que está montando, vai ajudar muito a alavancar recursos ao futebol. O clube social nós vamos ajeitar e tirar todas as ansiedades do sócio, que é ter um clube limpo, com dependências boas, água quente, o que um clube decente precisa, e que honre nossas tradições – disse o candidato da oposição.



– Se eles aproveitaram 10% da parte social foi muito. Eu vou prometer aos sócios, e eles sabem disso, porque eu fui diretor administrativo e o clube estava um brinco: é uma jardinagem, iluminação, banheiro limpo. Aquilo é uma convivência. O clube é o quintal da nossa casa e queremos que aquilo esteja em condições de uso, para trazer os filhos, de ter sala de wi-fi, brinquedoteca, área de lazer com monitores. É isso que precisa. E o futebol vai ter sua administração à parte, separado, como sempre foi, e vamos ter um carinho também, porque é nosso carro-chefe – completou.





Paulo Nobre manteve sua chapa com os atuais vices (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)



A futura administração do Allianz Parque é outro ponto de discordância entre os dois grupos. Enquanto a gestão de Paulo Nobre discute alguns termos do contrato com a WTorre na Câmara de Conciliação e Arbitragem da Fundação Getúlio Vargas, Wlademir Pescarmona defende o diálogo com a construtora.



– Não posso afirmar como seria o relacionamento se o meu opositor vencesse. O que eu posso afirmar é que caso saiamos vencedores desse pleito eu vou defender com unhas e dentes todos os interesses da Sociedade Esportiva Palmeiras. A Arena não está bonita, está maravilhosa. Acho que podemos afirmar que será a arena mais moderna da América Latina, uma das mais modernas do mundo. Mas os interesses o Palmeiras estão em primeiro lugar. A nossa gestão não é populista, ela trabalha pelo clube – disse Nobre.



– Separando bem, os direitos do Palmeiras têm de ser respeitados, os da WTorre também, mas confio no papo, na confiança, uma forma de tentar fazer isso render para os dois lados. Confio muito no diálogo, o Belluzzo vai ajudar bastante. Tenho certeza que, comigo sentado na cadeira (de presidente), vamos resolver os problemas – falou Pescarmona.





Pescarmona tem o apoio do ex-presidente Luiz Gonzaga Belluzzo (Foto: Felipe Zito)



Questionado sobre se a inauguração do estádio durante seu mandato poderia ter influência na eleição, Nobre manteve discurso político e disse defender os interesses do clube. A abertura oficial do estádio poderá ser, na partida contra o Atlético-MG, pela 33ª rodada do Campeonato Brasileiro (dia 8 ou 9 de novembro - a CBF ainda desmembrou a rodada), 20 dias antes do pleito.



– O importante é defender os interesses do Palmeiras nessa discussão com a construtora, que não é nossa inimiga, é nossa parceira. Só que o combinado não é caro. Nós estamos defendendo única e exclusivamente os interesses do clube. O meu interesse como torcedor é de jogar o quanto antes no Allianz Parque. A minha vontade como presidente não é diferente, mas eu tenho de colocar os interesses do clube e não uma eventual inauguração da Arena na minha gestão como prioridade – avaliou.



Para manter as contas em dia, Paulo Nobre teve de recorrer a uma prática questionada por ele mesmo nos primeiros dias de seu mandato: investimento pessoal. Com os cofres comprometidos, o clube foi ao mercado e já teve a injeção de cerca de R$ 130 milhões em empréstimos feitos com aval do atual mandatário.

Em alta no Conselho Deliberativo, o dirigente teve proposta de criação de um fundo para a quitação do débito aprovada em reunião no fim de agosto. Na última segunda-feira, mais uma vitória da situação, que conseguiu a aprovação da chapa para a disputa presidencial com 126 votos – Pescarmona teve 67 votos, enquanto Granieri apenas 36.



– Essa eleição para mim é muito importante porque demonstra não só a credibilidade da nossa gestão como demonstra aprovação do Conselho Deliberativo, mostra um entrosamento político. O Palmeiras você não governa sozinho. Necessita ter governabilidade e só atinge isso se você tiver o Conselho junto com você ou entendendo tudo o que você está fazendo e aprovando. Eu quero agradecer muito o Conselho e toda a confiança em cima do meu nome – avaliou Nobre.



– O presidente Paulo Nobre falou que vamos encontrar um clube muito melhor do que ele encontrou, e eu espero que sim, afinal ele emprestou R$ 100 milhões, e o clube tem de estar com as despesas sanadas, porque senão não adiantou nada emprestar tanto dinheiro – questionou Pescarmona.



Além de Paulo Nobre, a chapa da situação se completa com os vices Maurício Galiotte, Genaro Marino, Antonino Jesse Ribeiro e Victor Fruges. A oposição tem Wlademir Pescarmona como candidato à presidência, acompanhado por Luiz Gonzaga Belluzzo (que será responsável por comandar um comitê de empresários), João Gavioli, Carlos Degon e César Lemos.