22/11/2023 15:07
O que está por trás do sucesso de treinadores estrangeiros no Brasil?
Nos últimos 20 anos, equipes da primeira e segunda divisão do futebol brasileiro contaram com a contribuição de mais de 60 treinadores estrangeiros.
Nesse período, portugueses e argentinos foram os que mais se destacaram, com um total de 12 e 11 representantes, respectivamente. Esse aumento considerável na quantidade de técnicos de outros países, veio após o sucesso do trabalho do português Jorge Jesus, em 2019, que venceu o Campeonato Brasileiro e a Copa Libertadores pelo Flamengo naquele mesmo ano.
De lá pra cá, os times passaram a olhar mais para fora das nossas fronteiras na hora de considerar trazer um treinador. De 2020 até aqui, já passaram mais de 40 técnicos estrangeiros, alguns tiveram uma passagem rápida, sem muito sucesso. Já outros, conseguiram boas campanhas e títulos importantes, como
é o caso do português Abel Ferreira, no Palmeiras.
Por que os times brasileiros estão mais receptivos aos
técnicos europeus?
Antigamente, muitos dirigentes eram resistentes à contratação de um técnico que não fosse brasileiro, principalmente pelas nuances (problemas) que o futebol nacional tem. No entanto, com o passar do tempo, a “escola europeia” de futebol passou a ter grande dominância em todo o cenário global. Isso fez com que alguns dirigentes precisassem repensar essa questão, visto que a possibilidade de trazer um técnico de um grande centro do futebol mundial, pode mudar o patamar tático de uma equipe.
Apesar dessa constatação, ainda havia uma grande barreira para esse tipo de negociação: a moeda. O euro, moeda usada em boa parte dos países europeus, possui uma grande valorização frente ao real. Isso dificultava os acertos salariais e emperrava as negociações. Dessa maneira, por muito tempo, se imaginou que contratar técnicos estrangeiros era um investimento que não valia a pena.

Acontece que, com a implementação de uma gestão mais profissional financeiramente por parte dos clubes, o orçamento começou a não ser mais um empecilho. Atualmente, clubes do Brasil arrecadam um valor muito maior do que times de várias partes do mundo, graças, sobretudo, aos contratos de TV e patrocínios de empresas de diversos segmentos, como instituições financeiras e casas de apostas esportivas. Dessa forma, cada vez mais empresas como as
apostas esportivas NetBet, Betfair, Betano e muitas outras vão ganhando destaque no cenário brasileiro fazendo parcerias com clubes importantes, o que acaba tornando os contratos de patrocínio ainda mais vantajosos financeiramente.
Com uma maior folga orçamentária, os times brasileiros, ainda que timidamente antes de 2019, começaram a sondar treinadores europeus. Com o sucesso de alguns deles aqui no Brasil, houve uma procura maior por técnicos, não só europeus, mas também argentinos. Juan Pablo Vojvoda e Eduardo Cudet são exemplos de treinadores argentinos com uma passagem duradoura e bem sucedida no Brasil.
O mercado de técnicos está mais hostil para os
treinadores brasileiros?
Quando olhamos para o fato de que boa parte dos times brasileiros recorrem a técnicos estrangeiros para comandar suas equipes, temos uma tendência de achar que os treinadores brasileiros são menos capazes, mas isso não é totalmente verdade. Existe ainda uma infinidade de treinadores nascidos no Brasil que conseguem se atualizar e entregar excelentes trabalhos. Fernando Diniz e Dorival Jr. por exemplo, trazem um aspecto de competitividade importante e relevante ao futebol brasileiro.
No caso de Diniz, há um resgate de valores técnicos característicos do futebol brasileiro, mas com uma nova roupagem e intensidade. À medida que técnicos assim vão surgindo e conseguindo mesclar a criatividade do futebol brasileiro com a aplicação tática europeia, não irá faltar mercado para nenhum deles.
A questão toda é que com a possibilidade de trazer treinadores de fora, houve um aumento de exigência para com o desempenho dos técnicos.
Quando o mercado se movimenta dessa forma, quem não consegue se atualizar e melhorar, acaba sendo deixado de lado. Não é algo contra especificamente treinadores brasileiros, mas sim contra uma visão retrógrada e pouco eficiente, que dominou hegemonicamente o futebol brasileiro nos anos anteriores.
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