Aguirre foi demitido do Atlético-MG após eliminação
(Foto: Marcos Ribolli)
Maio ainda não acabou, há 85% do Campeonato Brasileiro por jogar e só oito dos 20 times que o disputam estão com o técnico que começou o ano. Constatação óbvia: 12 clubes estão remunerando mais de um treinador – o que de fato treina o time e os que foram demitidos recentemente.
A insensatez invariavelmente deságua em mais gasto de dinheiro: o treinador demitido recebe uma multa ou vai à Justiça, o treinador que chega traz seus auxiliares. Jogadores do elenco então são afastados (mas seus salários continuam lá, na folha de pagamento) e reforços chegam a pedido do novo técnico que, no fim das contas, vai trabalhar com um elenco remendado.
As consequências dentro do campo são nefastas. Como deixou claro Carlos Eduardo Mansur em mais uma de suas obrigatórias colunas n'O Globo, o ambiente que se cria é "hostil às convicções, à implantação e consolidação de modelos de jogo — em especial aqueles com maior grau de sofisticação".
A soma da dívida dos 20 clubes que disputaram Série A em 2015 está estimada em R$ 4,8 bilhões - o dobro do que era em 2011, segundo levantamento do banco Itaú BBA publicado pelo blog de Rodrigo Capelo na revista Época. Dinheiro do clube é dinheiro de ninguém, depois a gente vê como paga - se é que paga.
Times sem identidade, técnicos com a única preocupação de preservar o próprio emprego, estádios vazios, arrecadações baixas, calotes, dívidas, promessas vendidas às pressas por qualquer dinheiro, o roteiro nós sabemos de cor. Agora até o New York Times flagrou.
Givanildo - a vítima mais recente - não sabia, mas estava obrigado a instalar o América-MG na liderança do Brasileiro após as cinco primeiras rodadas, mesmo com um dos mais baixos orçamentos do torneio. A conquista do Estadual, há menos de um mês (encerrando um jejum de 15 anos) não teve a menor importância. Caiu Givanildo. Cairão outros.
Cada demissão é um atestado de incompetência de quem contratou. O que não exclui o fato de que o rodízio de treinadores interessa à própria categoria. Há 60 clubes nas três principais divisões do Brasileiro - e a quantidade de técnicos disputando um lugar nesse mercado é obviamente maior. Com várias trocas por ano, se ajeitar direitinho todo mundo trabalha um pouco.

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