O médico da seleção olímpica Andre Pedrinelli fala sobre o corte de Prass

31/7/2016 16:06

O médico da seleção olímpica Andre Pedrinelli fala sobre o corte de Prass

Goleiro do Palmeiras deve parar por quatro meses após cirurgia e terá de botar enxerto no cotovelo. Para médico, sequelas de 2014 são maior causa da lesão

O médico da seleção olímpica Andre Pedrinelli fala sobre o corte de Prass

Médico: "Ele me disse: 'Estou sentindo negócio esquisito" (Foto: Raphael Zarko/GloboEsporte.com)



Um copo de água cheio que transbordou. O corte de Fernando Prass da olimpíada machucou o grupo de jogadores que vão disputar a medalha de ouro, mas é difícil dizer que não poderia ser esperado. O médico da seleção olímpica Andre Pedrinelli, em entrevista ao GloboEsporte.com no hotel da seleção nesta tarde em Goiânia, disse que a lesão de 2014 deixou espécies de sequela no cotovelo direito do jogador do Palmeiras – refratura é o termo médico.



Prass não joga mais este ano. A previsão é de recuperação de quatro meses. Ele deve colocar enxerto no cotovelo e fazer cirurgia ainda mais delicada. Até porque todo cuidado é pouco. Aos 38 anos, o goleiro vai precisar de paciência e dedicação, o que tem de sobra, na recuperação, mas também confiança para jogar após a segunda grave lesão na região. Em 2014, ele colocou pinos no cotovelo e ficou bom tempo usando cotoveleira – proteção para amortecer o impacto.



Neste domingo, estava previsto o primeiro treino de Prass de maior esforço. Mas não foi possível. Confira abaixo a entrevista com o médico da seleção.



No exame em Teresópolis, a informação da CBF era que não havia lesão. O que aconteceu até o corte?



André Pedrinelli: Fernando Prass teve uma fratura neste mesmo cotovelo há dois anos. Depois de um tempo tirou os pinos e ficou com dor no cotovelo durante muito tempo. Só recentemente parou de jogar de cotoveleira de proteção. Esse é um cotovelo que quando avalia radiologicamente já tem um monte de alterações. Talvez para mim ou para você não fosse atrapalhar nada na vida, mas como ele é um jogador profissional, sempre tem sobrecarga importante. Quando vê radiografia que fala que não tem nada no raio-x, não tem nada de grave que justifique, naquele momento, tratar de maneira cirúrgica ou desligar o atleta. Não tinha fator de preocupação. Mas se olhar o raio-x tem “n” coisas que as pessoas leigas não vão entender. Ele teve trauma na segunda-feira, nós aguardamos regressão do edema para fazer imagem melhor, justamente sabendo que esse exame tem alterações que são intrínsecas. Esperamos, ele regrediu, tratamos, tinha uma sinovite, inflamação da articulação, algumas alterações no tendão, mas nada que nos fizesse crer que ele fosse ser desligado.



Naquele momento como vocês fizeram o tratamento?



Medicação e fisioterapia. Foi melhorando. Antiinflamatório, analgésico. Massagem, gelo, eletroestimulação, uma série de coisas. Estávamos retomando os treinos de maneira progressiva, com a concordância dele e do treinador de goleiros. Ele estava treinando sem dor. Na véspera fez musculação. A lesão que ele teve foi compatível com esse tipo de cotovelo. Podia acontecer agora, daqui a três semanas, seis semanas...



No site da CBF havia imagens dele fazendo treinos. Parecia fazer o movimento normal, se preparando para voltar.



Ele estava fazendo progressivamente o retorno dele à atividade. Provavelmente, o que aconteceu foram lesões que chamamos de somatórias. Tinha lesão, já tinha alguma coisa em evolução, e vai somando... Essa (nova) lesão foi a gotinha d’água que transbordou o copo.



Quando você diz que não teve nada de importante no primeiro exame. Era um trauma?



Era um trauma articular, em uma articulação que já não é normal. Ele tinha pinos no cotovelo, que ele tirou depois de um tempo.



A cirurgia é realmente necessária?



Sim, agora ele está entregue ao colega do clube. Hoje é fim de semana, na segunda-feira deve ser examinado e acredito que na terça ou quarta ele vai passar por cirurgia. É uma refratura, que é um nome técnico, então você tem que trocar o tipo de cirurgia que você fez. Tem que ser cirurgia mais rígida, provavelmente tem que por enxerto, várias coisas técnicas que você tem que elaborar.



Você estava na hora que ele sentiu a lesão?



Estava do lado. Ele me chamou: “Doutor, estou sentindo negócio esquisito no cotovelo.” Foi para o campo. Mesmo depois que sentiu estava fazendo a flexoextensão normal. Falei: “Tá bom. Vamos descer.” Fiz a suspeita clínica da fratura. Examinei, começou a ter um pouco de volume, de ter dor local. Falei: “Temos que fazer exame de imagem.” Confirmamos que tinha fratura no mesmo local que teve a fratura anterior.



Num intervalo de cinco dias? Vocês pensaram no corte antes disso?



Se ele não desempenhasse o que precisa para um goleiro, ele seria cortado. Mas se a dor não para, temos um prazo de 24 horas antes da primeira partida para fazer o corte. Então tratamos e damos todas as chances para ele se recuperar. Se ele permanecesse com dor até essa data, seria desligado da seleção. Esse período foi abreviado porque o quadro piorou. Às vezes, você não vê nada num exame e o exame seguinte mostra alguma coisa porque a doença está em evolução. O diagnóstico foi confirmado ontem à noite, imediatamente falei com o atleta, a comissão, o médico do clube.



A imagem do cotovelo dele bem inchado impressiona.



Quando se tem uma mudança abrupta do quadro clínico, temos que parar, examinar e investigar. Ele me chamou, eu examinei, fiz uma suspeita e os exames de imagem confirmaram.



É lesão parecida com a do goleiro Rafael em 2012, em Londres?



É uma situação muito parecida com a do Emerson (ex-meia) quando foi cortado em 2002. Ele luxou o ombro no rachão. Ele tinha alguma coisa no ombro? Não tinha nada.



A nova lesão compromete a carreira do Prass?



Não acredito. Ele está com o mecanismo extensor preservado.



É lesão parecida com a do goleiro Rafael em 2012, em Londres?



É uma situação muito parecida com a do Emerson (ex-meia) quando foi cortado em 2002. Ele luxou o ombro no rachão. Ele tinha alguma coisa no ombro? Não tinha nada.

A nova lesão compromete a carreira do Prass?

Não acredito. Ele está com o mecanismo extensor preservado.



Fica a sequela da primeira lesão então?



Fica sequela, entre aspas, fica um pouquinho mais frágil. Difícil falar em “frágil” para um cara do tamanho e do porte do Fernando Prass. Mas é mais ou menos isso. Você vai falar: “é uma surpresa?”, sim, é uma surpresa porque ninguém queria que isso acontecesse. Mas tinha sequela.



Quando ele sentiu em Teresópolis ele chegou a pedir para que o esperassem, pedir mais tempo para ver se conseguia ficar em condições? Porque com mais rigor, talvez, vocês o pudessem descartar logo após a lesão ainda no Rio.



Não. A gente sempre respeitou muito a sintomatologia dele. Quando ele começou a treinar, começou a fazer exercício fisioterápico. Musculação só fez no final. Mas existe a progressão. Você só consegue regredir o edema quando trata o edema. Primeiro, você ganhar em exercícios articulares completos, pela busca da mobilidade completa. Depois, você vai para exercícios de força. Fez isso, vai para coordenação, com bola. Esses exercícios são feitos eu, o fisioterapeuta, o preparador de goleiros e ele. Todo mundo olhando e vimos os filmes que nosso pessoal de filmagem faz. Ele não progride de uma etapa para a outra sem que tenha tido sucesso. Tanto que ele não havia feito treino de queda ainda. Nem ontem fez.



As imagens da CBF dele treinando no chão...



Não, ali, ele está sentado ou deitado, mas sem treino que ele tenha que pular e cair. Para ter noção de tanto que a gente foi progressivo que ele não foi para o jogo e nem no aquecimento ele foi fazer (pulos). Estava marcado da gente trabalhar hoje. Fazer o trabalho de queda que era o passo seguinte. Mas o cotovelo dele não aguentou e teve a fratura.



Em que movimento exatamente ele sentiu?



Isso aqui (estica o braço para cima como se estivesse agarrando bola no alto). Deram chute e ele segurou, esticou o braço. O tríceps tem alavanca mecânica extremamente potente. Essa fratura é causada não por impacto, mas por tração. Tanto que o nome técnico dela é fratura por avulsão. Avulsão porque puxou. Não depende de queda para acontecer. Todo mundo associa fratura com queda, mas não acontecem necessariamente por queda. Especificamente no cotovelo o mais importante é a tração. Que é um mecanismo de trauma diferente da primeira fratura que ele teve (pelo Palmeiras), que foi por queda.



Em Teresópolis também foi por queda, certo?



Sim, foi por queda. Agora é diferente. Fratura no mesmo lugar, no mesmo osso, mas o mecanismo é diferente.



jogar, daqui em diante, vai ter que ter proteção permanente?



Provavelmente sim, porque é questão de confiança também do atleta. Ele me falou que ficou um tempão para jogar sem usar a cotoveleira. Hoje ele joga sem, mas levou um tempo. Isso é normal.



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11124 visitas - Fonte: GE

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é uma pena é ótimo goleiro

Absurdo cortar um ótimo goleiro e profissional que vai fazer falta na seleção.

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