Em 27 de novembro de 2016, às 19h, o palmeirense confirmou o que já se desenhava desde o início do campeonato: enfim, o Palmeiras é campeão. Agora é o maior campeão de títulos brasileiros (9) e de títulos nacionais (13). Uma supremacia dura de ser batida num futebol tão competitivo.
Essa competitividade do futebol brasileiro, aliado ao jejum de 22 anos sem títulos brasileiros e à ansiedade natural do torcedor palmeirense, que costuma exagerar algumas situações, fez Cuca saber mudar e adaptar o modelo de jogo diante das circunstâncias. Além de ter sido o mais regular time do campeonato e o melhor nos números, o Palmeiras foi o que mais brigou e brigou pelos resultados.
Se há um aspecto que sobressai nesse Palmeiras campeão é a intensidade. É a luta por cada jogada, por cada bola, a velocidade em executar o plano proposto - seja a forte pressão no adversário após perder a bola, seja as corridas e jogadas de velocidade depois de recuperar a bola. O Palmeiras foi o time mais intenso do ano, e isso ganha campeonatos - pois faz o grupo superar obstáculos e dificuldades.

Os 4x0 no Atlético Paranaense e no Figueirense, os 2x0 no Fluminense e no América-MG são bons exemplos do time de futebol propositivo e bonito do 1º turno. Uma equipe que “gastava mais a bola”, trocava mais passes e jogava com Tchê Tchê e Moisés atrás de Cleiton Xavier. Jogadores mais técnicos para propor o jogo sem sair de sua característica de reação rápida e fortes contra-ataques.
Mas algumas derrotas nesse percurso fizeram Cuca mudar um pouco o estilo da equipe. Contra Ponte, São Paulo e Cruzeiro, o Palmeiras saiu perdedor de campo vendo um de seus principais aspectos táticos darem errado: a marcação. Os encaixes individuais, onde cada jogador acompanha seu marcador, muitas vezes geravam espaços, como o gol de Ganso: Thiago Santos não acompanha e o ex-camisa 10 do São Paulo fica livre pra marcar.

Junto disso veio a sequência ruim: derrota para Botafogo e Atlético, única no Allianz, e empate com a Chapecoense. O Palmeiras que jogou bem e dominou o primeiro turno viraria um Palmeiras brigador, brioso e ainda mais intenso. Um time mais reativo, que ficava mais recuado, “encaixando” o adversário e tentando alguma jogada em bola parada ou os fortes contra-golpes com Dudu, Gabriel Jesus e Roger Guedes.

Os encaixes começaram a ficar imbatíveis. Uma, porque eram executados com muita pressão e encurtamento de espaço, tentando desarmar o adversário antes dele escapar da pressão. Outra, porque o time fazia mais coberturas, preenchendo mais os espaços. O jogo contra o Fluminense, em Brasília, e toda a difícil sequência invicta até o jogo contra o Flamengo é um bom exemplo desse Palmeiras “mutante”.
Deu certo. A confiança aumentava partida a partida, fazendo os resultados, suados, chegarem. Uma dessas vitórias, contra o Corinthians na Arena Corinthians, é emblemática: construída em lances fortuitos, bola parada e muita dedicação sem a bola. Um Palmeiras intenso ao máximo.

É inegável o papel de Alberto Valentim, que comandava muitos treinos e dava auxílio em aspectos teóricos do jogo, e de Eudes Pedro, que junto a Cuca, auxiliava o treinador a pensar estratégias para o adversário. O uso de muitos jogadores como Thiago Santos, Cleiton Xavier, Fabiano (com Jean no meio), Gabriel, Barrios e Alecsandro vem de identificar fraquezas no adversário e saber usar o ótimo elenco para exploratórias-las. Deu muito mais certo que errado.
As críticas sobre o futebol do Palmeiras não ser plástico têm um fundo de razão, mas não podem desmerecer outros pontos positivos do campeão. Foram 48% dos gols de lances de bola parada - pênalti, escanteio, falta e lateral direto. É um aproveitamento absurdo, de deixar Muricy Ramalho com inveja - e um grande ponto positivo. A bola parada é mais um momento do jogo, assim como é a fase ofensiva. Aproveitá-la ao máximo é um mérito para poucos.
O Palmeiras é o melhor, mais competitivo e campeão com justiça. Amplia sua hegemonia no país ao mesmo tempo que presenteia sua torcida que chorava um rebaixamento há 4 anos. Ao que tudo indica, Cuca não ficará em 2017. Ele cumpriu sua promessa e foi campeão pelo time de infância. A chave para o sucessor - que tem em Roger Machado o melhor nome - é usar a base de pressão na bola, intensidade e disputa para um time completo, que possa ampliar os tempos de conquista do Alviverde Imponente.
Lembra da promessa de Zé Roberto lá atrás? Ela se concretizou: o Palmeiras é campeão brasileiro pela nona vez.
3177 visitas - Fonte: GE