Com metrô até 0h19, corintianos saíram durante jogo contra o Bahia: tarde demais(REPRODUÇÃO/ESPN)
Não faço parte dos que demonizam a Rede Globo pelos jogos de futebol às 22 horas. É comum no mundo inteiro competições esportivas serem disputadas em dias e horários até então incomuns por causa das emissoras de televisão.
A TV abarrota os cofres dos grandes clubes de futebol pelo mundo. Na Espanha a bola já rolou à meia-noite. Nos anos 1980 os ingleses, que historicamente tinham jogos aos sábados, já assistiam partidas ao vivo na telinha nas noites de segunda-feira.
No mesmo dia da semana, nos Estados Unidos, o Monday Night Football se consagrou com partidas de futebol americano acompanhadas de costa a costa, e também aqui no Brasil, pela ESPN. E os estádios ficam lotados, como sempre na NFL.
Se os clubes aceitaram receber determinada quantia, que cresceu muito nos últimos anos, ao contrário da audiência, que caiu, significa que pensaram na grana e não na volta do torcedor para casa. A TV paga por isso, para adequar o jogo à grade.
Shows nos estádios em geral invadem a madrugada. Cabe a quem detém a concessão de transportes públicos, seja o Estado ou empresas, atender à demanda. O cidadão tem o direito de usar metrô, trem, ônibus, não só para o trabalho. Para o lazer também.
Estender o funcionamento por mais 30 minutos provoca custo, mas também gera receita. Caso 25 mil pessoas saiam de um estádio e embarquem no trem ou metrô, mais R$ 75 mil serão arrecadados em meia hora. Fora o que torcedores pagaram na ida.
É evidente que existe um forte viés político em ano eleitoral na decisão tomada em São Paulo, com os trilhos sendo utilizados até 0h30 quando pelejas ocorrerem às 22 horas. Mas independente disso, o torcedor/cidadão tem o seu direito.
Se achamos que futebol às 22 horas é inadequado, cobremos dos dirigentes, para que questionem a Rede Globo. Ela, por sua vez, poderá oferecer menos dinheiro se não mais puder transmitir os cotejos no horário que lhe convém.
O horário da novela é valioso demais e responsável por audiências médias muito superiores às do futebol. Obviamente o interesse da emissora que detém os direitos dos campeonatos é conciliar as diferentes atrações.
Mas não esqueçamos que na última grande negociação havia o interesse da Rede Record, que em tese seria mais flexível quanto ao horário das partidas nas noites de quarta-feira. Os clubes fecharam com a Globo. Quem é o vilão?
Metrô lotado na Estação Sé, em São Paulo: movimento que cresce com jogos de futebol(GETTY IMAGES)
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