Os 17 mais longos anos do centenário: a história da quebra do jejum, em 1993

12/8/2014 08:26

Os 17 mais longos anos do centenário: a história da quebra do jejum, em 1993

Craques como Evair e Roberto Carlos relembram o título paulista conquistado sobre o rival Corinthians, com o supertime montado pela Parmalat

Os 17 mais longos anos do centenário: a história da quebra do jejum, em 1993

Depois da Academia, o Palmeiras teve de enfrentar um dos piores momentos de sua história.



Do título paulista de 1976, vencido em pleno estádio Palestra Italia (até hoje o recorde de público do local, com 40.283 torcedores) com uma vitória por 1 a 0 diante do XV de Piracicaba, gol de Jorge Mendonça no fim da primeira etapa, o clube só voltou a ser protagonista em 1993.



E foi em grande estilo, com direito a polêmica, provocação e uma goleada inesquecível na partida em que o Verdão confirmou a taça diante do maior rival.



Mas a preparação começou antes, em 1992, quando o clube assinou uma parceria com a Parmalat, multinacional de laticínios que passou a investir pesado em contratações.



Herói daquele time, Evair, que no ano passado repetiu os passos na área do Morumbi em comemoração aos 20 anos da conquista estadual, tem um currículo invejável no Palmeiras.



Além do Paulistão, o ex-atacante comemorou um título da Libertadores e duas conquistas do Campeonato Brasileiro. Mas ele não tem dúvida em classificar o estadual de 1993 como o mais especial.



– Eu me tornei ídolo naquele dia 12 de junho de 1993. Esse jogo resume o que foi a minha história no Palmeiras. Daquele titulo para cá que o palmeirense passou a confiar em mim.



O palmeirense só tem alguém como ídolo quando essa pessoa demonstra ter vestido a camisa com vontade, determinação e título. Aquele dia foi um marco para mim – afirma.





Em pé, da esquerda para a direita: Mazinho, Roberto Carlos, César Sampaio, Tonhão, Sérgio e Antônio Carlos;

Edmundo, Daniel, Evair, Edilson e Zinho: o time campeão paulista em 1993 (Foto: Agência Gazeta Press)




PARCERIA E CRAQUES



A cogestão com a Parmalat trouxe ao clube nomes de destaques como Antônio Carlos, Edmundo, Roberto Carlos, Zinho, Edílson, entre outros. Depois de bater na trave e ficar com o vice-campeonato paulista de 1992, em dezembro, o clube entrou em janeiro de 1993 na estrada que o recolocou definitivamente no caminho dos títulos.





Tonhão e Roberto Carlos, na final do Paulistão de 1993 (Foto: Fernando Santos / Folhapress)



– Em 1992 já tínhamos chegado à final, não era um supertime, era um time mediano, mas era aguerrido e sabia vestir a camisa do Palmeiras. Perdemos, mas chegamos.



Em 1993, muitos jogadores foram contratados e já existia uma preparação para o título. Nós sabíamos que fazíamos parte de um grande grupo e que poderíamos ser campeão. Para chegar até ali foi muito difícil. São coisas que só acontecem dentro do Palmeiras – relembra Evair.



– Claro que você via as contratações de jogadores jovens e de atletas experientes, mas eu não sabia que o Roberto Carlos ia virar o Roberto Carlos, assim como Edílson e Edmundo.



Eles eram muito jovens. O Edmundo tinha uma passagem boa pelo Vasco, mas o Roberto vinha de um time menor e o Edílson não tinha conquistado títulos na carreira.



No banco tinha jogadores de altíssimo nível. Formou-se um grupo muito forte, não era uma equipe com 11 jogadores apenas. Por isso que nós começamos a acreditar na chegada de conquistas importantes – completa Zinho.





Edmundo parte, marcado por Marcelinho Paulista (Foto: Vidal Cavalcante / Agência Estado)



Um dos principais nomes daquele time foi o lateral-esquerdo Roberto Carlos. Revelado nas categorias de base do União São João, de Araras (SP), ele já tinha até sido convocado para a seleção brasileira quando desembarcou no Palmeiras, aos 19 anos.



E o promissor talento não precisou de muito tempo para assimilar o que o clube e os torcedores mais desejavam naquele momento.

– Nós entrávamos em campo sabendo que estávamos tirando um peso das costas do torcedor. Todo mundo ganhava, menos o Palmeiras.



Foram 16 anos sem ganhar um Paulista – conta Roberto Carlos.

– Não é que éramos imbatíveis, mas éramos um time muito forte.



Naquela época não tinha equipe mais forte que o Palmeiras, com jogadores com tanta história, experientes e de seleção. Nós sabíamos que nosso time poderia fazer história – completa o ex-lateral.





Evair arrisca cobrança de falta (Foto: Vidal Cavalcante / Agência Estado)



JEJUM DE TÍTULOS



Apesar da grande espera e ansiedade, aquele 12 de junho – o dia em que o verde voltou a ser cor (veja no vídeo acima) – fez valer a pena todos os minutos de angústia e desilusão vividos pelos torcedores ao longo da década de 1980.



Mesmo se tratando de um período nulo de conquistas para o Verdão, o clube conseguiu formar grandes times e chegar até as decisões. Mas, tropeços diante da Inter de Limeira, na final do Paulistão de 1986, e do Bragantino, a única derrota da equipe no estadual de 1989, acabaram interrompendo e aumentando o sofrimento dos torcedores.





Mazinho, Evair e Zinho vibram pelo Palmeiras

(Foto: Masao Goto Filho / Agência Estado)




Treinador do Palmeiras em 1989, Emerson Leão por pouco não se eternizou ainda mais na história do clube. O tropeço em Bragança Paulista do técnico Vanderlei Luxemburgo adiou por mais alguns anos o fim do jejum. Para o ex-goleiro, faltava tranquilidade aos dirigentes da época para montar uma equipe.



– Tudo está relacionado com a capacidade. Os outros cresceram, e o Palmeiras não cresceu na mesma capacidade. Mesmo assim, quando eu fui técnico pela primeira vez nós jogamos o campeonato inteiro invicto. Era superior, mas na fase final foi desclassificado.



Infelizmente isso acontece. É nessas horas em que você precisa ter sustentação do trabalho. Não é por causa disso que precisa mudar tudo. Tinha que melhorar aquele time – conta Leão.



– Eu me lembro que alguns presidentes pediam opinião para nós depois de títulos e perguntavam o que o time precisava. Faltava um ponta, um atacante? Escolhiam o melhor e compravam na hora. Não estavam satisfeitos com o bom, queriam o melhor.



Não estavam satisfeitos com o melhor, queriam o excelente. Não estavam satisfeitos com o excelente, queriam o maravilhoso. E depois, ia pra onde? Para a Academia – completa.





Torcida do Palmeiras vibra nas arquibancadas do Morumbi (Foto: Vidal Cavalcante / Agência Estado)



Comandante da última conquista, em 1976, o ex-volante Dudu não consegue encontrar palavras para descrever o longo jejum alviverde. Ele ainda dirigiu o clube em 1981, e depois entre os anos de 1990 e 1991.



– Eu assumi no lugar do Dino Sani. Era auxiliar e não queria porque achava que era muito cedo. Mas como eu gosto do clube aceitei. Depois, eu não tenho ideia porque ficou tanto tempo sem ser campeão depois daquela conquista de 1976 – afirma.





Zinho comemora gol pela final do Paulistão (Foto: Ormudzd Alves / Folhapress)



PROVOCAÇÃO E MAIS FESTA



No primeiro duelo, vitória corintiana por 1 a 0. Mas o improvável gol de Viola após cruzamento de Neto ficou em segundo plano na semana que antecedeu ao último duelo. O que mais foi comentado por jogadores, jornalistas e torcedores foi a comemoração do atacante do Timão.



Após surpreender Sérgio e desviar a bola para o gol com o pé esquerdo, Viola caiu fora do campo. Irreverente, o atacante não se levantou rapidamente e aproveitou alguns segundos para festejar a vantagem alvinegra imitando um porco.





Evair celebra um dos gols da vitória sobre o Corinthians (Foto: Djalma Vassão / Agência Estado)



A provocação empolgou o lado corintiano e enfureceu os palmeirenses. Para evitar que a pressão aumentasse ainda mais, Vanderlei Luxemburgo optou por isolar sua equipe durante a semana inteira na cidade de Atibaia, no interior.



– Foi meu jogo mais marcante, não pela vitória em si, mas pelas duas semanas que tivemos de pressão, pelo gol do Viola e toda aquela imitação do porco, pela rivalidade. Eu sentia muita tensão e muita cobrança naquele momento.



Nós não podíamos deixar o torcedor palmeirense triste. E já tínhamos deixado uma semana antes. Aquela segunda partida foi o jogo das nossas vidas. Foram duas semanas marcantes – lembra Roberto Carlos.





Tonhão carrega Edmundo (Foto: Vidal Cavalcante / Agência Estado)



A tranquilidade só veio aos 36 minutos do primeiro tempo da segunda final, após o chute de pé direito de Zinho que passou por Ronaldo e tocou a trave antes de morrer no fundo da rede. Daquele lance em diante, o Palmeiras não apenas confirmou o título paulista de 1993 – Evair (duas vezes) e Edilson fecharam o placar em 4 a 0 – como abriu caminho para uma das épocas mais vitoriosas do clube.



– Aquele título marcou muito pela maneira que foi, pelo meu gol de pé direito (risos)... A conquista fortaleceu o grupo porque tirou um peso. O primeiro grande objetivo, que era o Palmeiras voltar a ser campeão, tinha sido alcançado. Isso deu força para o grupo. E jogar ganhando, sem pressão e em um time de altíssimo nível, era muito melhor – recorda Zinho.



– Em 1992 e 1993 o time já tinha cara de voltar a ser campeão. Depois do Paulista quebrou o jejum de títulos no Brasileiro, depois veio o bi.



O Palmeiras passou a ser novamente colocado como grande e voltou a conquistar títulos. E por isso hoje é um dos times mais respeitados do Brasil. Não é fácil ser campeão tantas vezes – finaliza Evair.





Edmundo exibe a camisa do Verdão (Foto: Sergio Gandolphi)





Evair recriou no ano passado o gesto que imortalizou na comemoração de 1993 (Foto: Marcos Ribolli)





Zinho, com a camisa de 1993, em foto tirada em 2013, antes de ele virar gerente do Santos (Foto: Sergio Gandolphi)





Tonhão exibe a camisa do Palmeiras (Foto: Sergio Gandolphi)

















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18531 visitas - Fonte: Ge

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