Gol de Deyverson, que decidiu a Libertadores, nasceu de falha de Andreas Pereira e situação tática criada pelo Palmeiras.

2/12/2021 15:23

Gol de Deyverson, que decidiu a Libertadores, nasceu de falha de Andreas Pereira e situação tática criada pelo Palmeiras.

Entendendo a complexidade de um só lance

Gol de Deyverson, que decidiu a Libertadores, nasceu de falha de Andreas Pereira e situação tática criada pelo Palmeiras.

Como você vê o gol de Deyverson, que decidiu a Libertadores: uma falha individual de Andreas Pereira ou um erro forçado pela marcação pressão do Palmeiras? No fim das contas, as duas coisas estão certas. Elas coexistem. E dizem muito sobre a forma que vemos o jogo.

O escritor David Foster Wallace diz que é impossível sabermos a verdade, por um motivo simples: tudo o que vivemos e pensamos teve um protagonista: você. Tudo o que você diz e acha sobre o mundo tem um viés, por menor que seja, da sua visão de mundo e de seus valores.



É por isso que um jogo produz opiniões e sensações tão diferentes. Já parou pra pensar que todo mundo vê o mesmo jogo, e mesmo assim, todo mundo tem uma impressão ou algo diferente a dizer? Vai no que David fala: o jogo que você vê é aquele que sua mente diz pra você. Não exatamente o que aconteceu. Por isso tem tanta opinião diferente sobre o gol de Deyverson: cada um puxa a sardinha para o seu lado.

No fim, todas essas opiniões podem coexistir. O gol do Palmeiras foi um erro do Andreas, provocado pela má decisão do jogador....e, ao mesmo tempo, foi uma situação tática pensada por Abel Ferreira no intervalo da prorrogação. Entender essa teia de decisões complexas que é o jogo nos ajuda a ter uma visão mais ampla do que acontece em campo.

Entendendo a complexidade de um só lance
O Flamengo jogou mal no primeiro tempo e melhorou na segunda etapa, muito por conta de Andreas. Renato mudou seu posicionamento: ele ficou mais à frente, nas costas da pressão do Palmeiras. Assim, ele tinha espaço e tempo para receber a bola e pensar o jogo pros atacantes.

Esse posicionamento cansa o Danilo e Zé Rafael, que saíram. Danilo Barbosa entrou e ficou confuso com a movimentação de Andreas, o que gerou ainda mais espaço em campo. Espertamente, Arrascaeta começa a buscar a bola ali, pra servir ao ataque - foi assim que a grande chance de Michael nasce.

Abel entendeu isso e substituiu Veiga, que cansou, por Deyverson. Mas antes do futuro herói do Palmeiras entrar, ele é orientado por João Martins, auxiliar de Abel, junto do Danilo Barbosa. João mostra uma foto, que parece ser da saída de bola do Flamengo, com os palmeirenses olhando atentamente.

Essa orientação seria uma forma de mudar a marcação do Palmeiras. Quando a prorrogação começa, o Palmeiras fica 3 minutos com a bola. No primeiro segundo do Flamengo com a posse, dá pra ver uma disposição totalmente diferente do Palmeiras. Veja Rony, Deyverson e o Wesley em funções distintas do que fizeram nos lances acima.

Um minuto antes do gol, acontece isso: o Deyverson pressiona o David Luiz, o Rony pega o R. Caio e o Danilo Barbosa sai lá de trás e vem marcar o volante que fica na frente quando o Arão se enfia entre a zaga do Flamengo.

Deyverson faz a falta e o Arão, vendo que ficou difícil pro zagueiro jogar, sobe e ocupa a região do lateral. Isso provoca um espaço vazio no campo, que o Andreas ocupa, no intuito de ajudar os zagueiros a avançarem e escaparem da pressão do Palmeiras.

Andreas passou 45 minutos sem receber pressão nenhuma do Palmeiras, com muito tempo pra jogar. Nesse instante, o Flamengo não tinha ficado nem 30 segundos com a bola. Era simplesmente impossível entender a mudança de postura do adversário nesse contexto.

.O mesmo desenho da pressão acontece. Danilo Barbosa tira a linha de passe do Arão, que trocou de posição com Andreas. O Deyverson novamente pressiona o David Luiz e obriga o passe a ir pro Andreas.

Andreas reage mal a todo esse contexto. Primeiro, ele fica olhando pro Danilo Barbosa, o único que encurtou pra ele no segundo tempo. E não calcula que o Deyverson, que tem como característica pressionar zagueiros até´o fim, pode trocar a pressão no David Luiz nele.

O erro de cálculo faz ele posicionar mal o corpo e virar de frente pro gol, o que é péssimo, porque não te permite olhar pro campo e entender o que está acontecendo. Isso sem tirar o mérito de Deyverson, que troca a pressão. Um milésimo de segundo a menor e ele não teria chegado.

É tanta coisa acontecendo que é impossível dizer, com exata precisão, se foi uma tática do Palmeiras ou uma falha individual do Andreas. Na verdade, foram as duas coisas. Ao mesmo tempo. E uma não exclui a outra!
Jorge Jesus e Abel Ferreira, que venceram as últimas 3 Libertadores, já deram declarações de que o "jogador brasileiro precisa aprender a jogar sem a bola". Vale também para a forma como vemos o jogo.



Se olhamos apenas para a bola, tendemos a buscar culpas individuais pro que acontece em campo. É sempre o jogador que erra ou o técnico que é o culpado. Nunca tem mérito do outro lado, nunca tem o peso do contexto, nunca tem o coletivo. Veja bem: não é parar de olhar a bola e achar que tudo é tática. Não é isso. É apenas enxergar o entorno e entender que o futebol é um esporte essencialmente tático, técnico, físico e mental. Que o contexto afeta o individual.



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