Euller, em duelo contra o Corinthians nas semifinais da Libertadores de 2000
Sonhei que o Valdivia voltava para o Palmeiras. Sonho ou pesadelo? – foi a primeira mensagem que recebi no dia de hoje. Era o meu irmão. O menino que tinha que fingir que dormia para que eu fosse pra cama e ele e meu pai pudessem assistir aos jogos. Eu chorava por causa de futebol, mas os motivos eram outros. Isso sim era pesadelo.
Não saber o que era o Palmeiras é motivo para perder várias noites de sonhos. Time que me tira sono. E que me traz o sonho. O da taça que eu não tinha idade o suficiente para vibrar. E comemorar. Mas perdi tantas noites revendo os jogos e os lances que virou realidade. Eu estava lá. E agora estou aqui, pela mesma vitória.
Veja bem, Cleiton Xavier fazer gol quase do meio campo na Libertadores é sonho. Dudu perder o pênalti no primeiro jogo de uma final é pesadelo. Euller fazer dois gols de cabeça em quatro minutos é sonho. Ganhar de 3x0 no primeiro tempo da Mercosul e tomar 4x3 no segundo é pesadelo. Entre vitórias e derrotas, lances impossíveis e milagres, nos fizemos sonhadores. Não iludidos. Só se ilude quem se apequena, não quem encobre o adversário com a sua grandeza.
Pesadelo é não existir o Palmeiras para amar. Cornetar. Ou chorar. Seria a dor de não ter um pseudo-ídolo para reclamar e, timidamente, sentir um pouco de saudade. A realidade é ter um técnico palmeirense que vai fazer a gente ficar com a bola, ensinando ao jogadores o que fazer com ela. O sonho é ver o time golear fora de casa em busca da classificação. Sim, professor, você tem 14 dias.
Só espero que o pesadelo das lágrimas que sobraram por não entender o futebol não me faltem agora na hora de amar o Palmeiras.
Continuemos sonhando acordados, então, com o meio campo criativo, com a defesa que ninguém vai passar e a linha atacante que vai dar a raça. O sangue, se preciso. Porque o Palmeiras é o nosso sonho que virou realidade. A classificação pode ser a nossa realidade. Parem de fazer contas. Basta sonhar. Pesadelo mesmo seria desistir.
Coloque a faixa no peito, Cuca. Nos nossos.
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