Vanderlan, lateral-esquerdo do Palmeiras, em entrevista ao ge — Foto: Henrique Toth
A personalidade de Vanderlan chama a atenção dentro e fora de campo. Vivendo o que considera seu melhor momento no profissional, o lateral-esquerdo do Palmeiras já sonha e "produz", para o futuro, um documentário sobre sua trajetória.
O jovem de 20 anos tem comemorado os títulos que conquista no Palmeiras de maneira curiosa. No apito final do título da Supercopa do Brasil, contra o Flamengo, Vanderlan teve uma ideia que agora quer tornar uma rotina.
– Oi, meu nome é Vanderlan e eu acabei de ser campeão – costuma dizer o lateral.
– Eu estava assistindo ao jogo da Supercopa supernervoso. Aí eu pensei, poxa, se um dia sair algum filme meu, alguma história, seria tão legal ver essas cenas. Pensei e falei na hora. Agora vai virar rotina (risos) – afirmou, em entrevista ao ge.
– Um documentário (já pensou?). Acho muito fera. Gosto muito de assistir documentários de atletas, jogadores de basquete, que mostra o outro lado. As pessoas veem as glórias, os troféus, mas não as cicatrizes – completou o jogador.
Buscando mais títulos (e mais conteúdo para sua futura série), Vanderlan vai mostrando serviço no Palmeiras. Após a lesão de Piquerez na primeira partida da final do Paulistão, ele vem de cinco jogos seguidos, com duas assistências dadas.
– Acho que é o meu melhor momento no profissional. E futebol é isso, né. Infelizmente o Piquerez se lesionou, jamais vou querer jogar nessa situação, com um companheiro de equipe lesionado, mas a oportunidade aparece quando menos esperamos. E você tem que estar pronto para representar.
Números do Vanderlan nesta sequência de cinco jogos:
Assistências: 2
Chutes/no gol: 2/0
Passes/certos: 150/119 (79,3%)
Passes longos/certos: 7/2
Cruzamentos/certos: 23/7
Dribles/com sucesso: 9/6
Duelos/ganhos: 86/47
Interceptações: 22
Agora, porém, Vanderlan pode voltar ao banco de reservas na quinta-feira. Piquerez está evoluindo no processo de transição física, já treina com o elenco, mas ainda não é uma certeza para o jogo contra o Cerro Porteño, no Allianz Parque, pela segunda rodada da fase de grupos da Libertadores.
O jovem lateral comentou sobre a troca de ideias constante que tem com o jogador uruguaio e sobre como o Palmeiras sai ganhando com as duas opções.
– Ele me deu uns toques na final contra o Água Santa. A gente troca muitas dicas. É importante dentro de um grupo, né? Todo mundo quer ganhar. Ele me dá dicas, eu dou dicas para ele, vamos nos ajudando, e quem ganha com isso é o Palmeiras.
O garoto, porém, mostra ambição em buscar a vaga de titular. No passado, já deixou Jorge para trás quando virou a segunda opção do elenco. A dor de cabeça para o técnico Abel Ferreira promete ser boa no que depender de Vanderlan.
– Com certeza (é uma meta ser titular). Trabalho todos os dias para isso, quero conquistar meu espaço dentro do grupo sem prejudicar ninguém e fazer história com a camisa do Palmeiras.
Para isso, Vanderlan passa por um processo de evolução dentro das quatro linhas, na Academia de Futebol e no seu dia a dia.
– Eu percebo que venho crescendo a cada jogo, venho evoluindo. E isso também no dia a dia a gente trabalha muito, a parte defensiva. Jogador de futebol é isso, né, nunca vai estar pronto, tem que evoluir a cada dia. Esse é o segredo – disse o jogador, que também fala sobre os cuidados fora de campo.
– A sequência no futebol brasileiro é forte, são muitos jogos. Mas o trabalho da fisioterapia do Palmeiras é excelente, dá tempo de recuperar para chegar bem nos jogos. E vai do seu profissionalismo também, porque você se cuidar, hidratar, comer bem e descansar, parte de você, os caras não controlam.
Outro passo importante na sua evolução, como contra o próprio jogador, foi entender e se acostumar com o tipo de jogo que é disputado no futebol profissional.
– Particularmente, fisicamente a gente sobe bem da base. A diferença é mais no jogo pensado. O futebol profissional é intenso, mas ele te dá uma impressão de falso espaço. Na base não é assim, é mais corrido. No profissional você tem que pensar mais para conseguir jogar – disse.
– O que é um falso espaço? Por exemplo, na base você vê aquele espaço em campo e ele realmente existe. No profissional, você o espaço, mas na hora que toca ali, tem tipo três caras muito perto. Eu senti diferença nisso – explicou Vanderlan.
Natural de Brumado, interior da Bahia, o jogador também relembrou sua infância, a inspiração no seu pai lateral-direito e o hobby por leitura.
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ge: você se sente privilegiado em surgir para o profissional, se estabelecer no futebol, em uma período de um Palmeiras bem estruturado?
– Com certeza. Converso muito com o Veiga, Luan, Mayke, e eles estavam falando disso. Subir no profissional no Palmeiras é um excelente passo na carreira, porque você consegue extrair o máximo dessa comissão, do clube e dos atletas. Tenho certeza que no Brasil não tem nenhum grupo como esse do Palmeiras. Agora é aproveitar a oportunidade, abraçar e não soltar mais.
E o que passa na cabeça desse Vanderlan que saiu da Jacuipense e hoje escreve seu nome em títulos do Palmeiras?
– Sinceramente, todos os dias eu paro antes de dormir e começo a pensar em tudo que já passei, enfrentei. Sair do interior da Bahia e hoje jogar no maior clube do Brasil, é uma história muito bonita. Me inspiro muito nos meus amigos, sei que represento o sonho deles também, que todos tinham o sonho de ser jogador.
Tem lembranças do seu tempo de moleque lá em Brumado?
– Sim, sim. Saí com 13 anos de Brumado. Tenho a lembrança de que toda sexta-feira a gente ia para a educação física na escola, subíamos uma ladeira muito grande. Essa lembrança é muito boa. Na vida é assim, né? Têm várias ladeiras, altos e baixos, mas você tem que seguir confiante que vai dar tudo certo. São amizades que levo até hoje, são meus irmãos.
E o seu pai era jogador, né?
– Meu pai jogou na minha cidade mesmo, era lateral-direito. Me inspiro muito nele, me dá várias dicas até hoje. Quando eu era pequeno eu assistia aos jogos dele, via ele jogando, então comprei a ideia.
Sobre futuro, o que o Vanderlan de hoje pensa?
– O Vanderlan de hoje pensa muito no aqui e agora. Quero aproveitar ao máximo esse momento com a camisa do Palmeiras. Quero sim fazer uma grande história no Palmeiras. E eu acredito muito no tempo de Deus, creio que tudo tem sua hora para acontecer.
E quer dizer que o Scarpa deixou um legado de leitores nesse elenco? Vi que você tem um destaque no Instagram para os livros que leu. É um hobby?
– Eu comecei a ler no ano passado, gostei. O Veiga me indicou dois livros muito bons. Um é “O poder da palavra” e o outro “Não fale negativo”, livros que falam da força que a palavra tem.
Agora tem que aumentar a coleção, né.
– É isso, pode deixar (risos). Estou começando nesse mundo da leitura, tenho gostado bastante.
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