2/8/2016 08:59

Veja como o Palmeiras pode se reerguer

Após oito rodadas, o Palmeiras deixou a liderança do Campeonato Brasileiro ao ser derrotado no domingo pelo Botafogo, no Rio de Janeiro. A perda de fôlego nas últimas rodadas fez com que os rivais Corinthians e Santos o superassem na tabela de classificação.



Até mesmo a vantagem em termos de G-4, tão elogiada semanas atrás, quase desapareceu. Agora na terceira colocação, com 32 pontos, o time de Cuca tem apenas dois de vantagem para o Flamengo, atualmente quinto colocado.



Alguns pontos explicam a queda de rendimento da equipe na reta final do primeiro turno do Brasileirão. Atletas convocados para a seleção brasileira, titulares lesionados ou suspensos e destaques em crise técnica são alguns dos motivos que fizeram com que o Verdão perdesse a liderança.



– Da mesma maneira que perdemos essas duas (partidas), podemos ganhar as duas próximas. Podemos acabar na liderança o primeiro turno. Para isso, precisamos de uma mudança geral de atitude. Podemos dar essa melhorada. Todos nós, inclusive eu – disse o técnico Cuca.



Antes do começo da segunda metade do campeonato, o Palmeiras ainda enfrenta Chapecoense, na quinta-feira, em Santa Catarina, e Vitória, na arena, no domingo. Precisa dessas duas vitórias para voltar ao topo. O que provocou a queda da equipe nas últimas rodadas e o que deve ser feito para a retomara? Veja:



PRODUÇÃO OFENSIVA



Artilheiro do Palmeiras na temporada, Gabriel Jesus está com a seleção brasileira olímpica e só retorna ao clube no fim de agosto. O atacante, aliás, negocia últimos detalhes de sua negociação com o Manchester City, da Inglaterra, transferência que deve ser concretizada em 2017.



Sem o camisa 33, o Verdão somou apenas um ponto em três partidas – aproveitamento de 11,1%, o que prova que a equipe ainda não encontrou uma maneira de manter a produção ofensiva em alta na ausência do atacante.



Contra o Atlético-MG, os palmeirenses apostaram nas bolas cruzadas para a área na primeira etapa, quando o ataque era formado por Erik, Róger Guedes e Dudu (centralizado em boa parte do jogo). Na segunda etapa, com Barrios e Alecsandro em campo, foram poucas as oportunidades pelo alto.



Diante do Botafogo, coube a Leandro Pereira atuar centralizado, mas ele não teve muito destaque. Erik é quem tem ganhado mais espaço. Rende mais quando atua próximo ao gol adversário – ele marcou nas partidas contra Sport, Internacional e Botafogo –, mas tem sido escalado originalmente pelos lados do campo.



Assim, o Palmeiras começa a ver seu elogiado esquema com três atacantes ser superado pelas defesas adversárias. A ideia de jogo foi mantida mesmo sem Gabriel Jesus, porém as peças testadas não funcionaram até agora. Por isso, talvez seja a hora de Cuca repensar a distribuição tática.



REGULARIDADE NO MEIO



Não é apenas o ataque que vive crise técnica. O setor de armação também passou por dificuldades, principalmente durante o período em que Moisés ficou fora por lesão muscular.



Sem ele, coube a Cleiton Xavier ser o único responsável por qualquer lance de criatividade no meio de campo, o que não ocorreu com regularidade, tanto que o camisa 10 chegou a perder a posição em algumas partidas.



Contra o Botafogo, Moisés voltou ao time e teve mais liberdade, já que Thiago Santos atuou mais próximo aos zagueiros. Até Dudu foi recuado para voltar a atuar na função que se destacou em 2015, mas não foi bem.



Para tentar melhorar, Cuca pode tentar testar outras opções no meio. Casos de Fabrício, pouco utilizado até agora, Allione, recuperado de uma cirurgia no joelho esquerdo, Vitinho, atleta de 18 anos que tem dois jogos como profissional, e até Zé Roberto, que vem sendo titular na lateral esquerda, mas pode ser deslocado para a meia.



SEGURANÇA NO GOL



O técnico Cuca já não teria Fernando Prass durante a Olimpíada, mas não contava com o desfalque de seu capitão pelo restante da temporada. O goleiro se machucou durante treinamento da seleção e terá de passar por cirurgia no cotovelo direito.



Primeiro reserva, Vagner não comprometeu contra o Atlético-MG, na semana passada, mas falhou contra o Botafogo, no último domingo. As outras opções são Jailson e o garoto Vinicius Silvestre.

Vagner foi mal no primeiro gol e cometeu o pênalti do terceiro (Foto: Cesar Greco/Ag Palmeiras/Divulgação)



O drama vivido por Prass faz o torcedor relembrar a temporada de 2014. Naquele ano, o goleiro teve de fazer sua primeira cirurgia no cotovelo direito e se ausentou dos gramados por cinco meses, período em que Fábio e Deola se revezaram na equipe titular e não foram bem. Prass retornou na reta final do Campeonato Brasileiro, já em meio à luta contra o rebaixamento. Nesse caso, Cuca não tem muito o que fazer. É dar mais confiança a Vagner ou testar as outras opções.



DESTAQUE INDIVIDUAL



O Palmeiras começou o Campeonato Brasileiro voando. Com tempo para se preparar até a estreia, Cuca promoveu reformulação no elenco e mudou a maneira da equipe atuar. Novidade nas primeiras rodadas, o Verdão surpreendeu com boas atuações de Róger Guedes, Gabriel Jesus, Cleiton Xavier, Dudu e companhia.



Vivendo seu primeiro momento de questionamento no torneio, o Palmeiras viu seus destaques sumirem. Sem o mesmo brilho e protagonismo do ano passado, Dudu foi para o banco em algumas partidas. Róger Guedes, que vinha sendo a grande surpresa do ataque alviverde, ficou abaixo da expectativa nas últimas partidas.

Surpresa no início, Róger Guedes não tem sido o mesmo (Foto: Cesar Greco/Ag Palmeiras/Divulgação)



Depois de começar o Brasileirão como titular e perder espaço por causa de uma lesão, Barrios foi para o banco e parece que não sairá de lá tão cedo. Atleta e treinador se envolveram em polêmica recentemente, fato que já foi superado.



Quem também tem frequentado o banco de reservas de vez em quando é Cleiton Xavier. Com Moisés e Tchê Tchê titulares absolutos, o camisa 10 é utilizado de acordo com a característica da partida. Herói da vitória palmeirense diante do Corinthians, o meia vive altos e baixos.



REFORÇO?



Não foi apenas grande parte da torcida palmeirense que esperava por contratações vindas do exterior. Eudes Pedro, auxiliar de Cuca, publicou sua decepção em uma rede social após o fechamento da janela de transferências internacionais.



Internamente, a ideia é que o time ainda precisa contar com mais opções para a meia e para o ataque. Mas a manutenção do elenco até dezembro – nenhum titular foi negociado mesmo com o assédio de clubes da Europa e da China –, é destacada pela diretoria.

Cuca gostaria de pelo menos um atacante como Gabriel Jesus (Foto: Cesar Greco/Ag Palmeiras )



Sem poder contratar atletas de fora do país, o Palmeiras ainda analisa o mercado nacional e quer ao menos um jogador com características semelhantes às de Gabriel Jesus (um atacante que possa jogar tanto como referência quanto pelos lados do campo).

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