Candidato único: paz política ou oportunidade perdida?

26/10/2016 17:11

Candidato único: paz política ou oportunidade perdida?

Candidato único: paz política ou oportunidade perdida?

Mauricio Galiotte, futuro presidente do Palmeiras



No final de setembro, a comunidade política do Palmeiras sacramentou que apenas um candidato se apresentará para concorrer em nossas próximas eleições presidenciais. A chapa será composta por como candidato a presidente e tendo como seus quatro vices Genaro Marino, Antonino Jesse Ribeiro, Victor Fruges e José Carlos Tomaselli.



A existência de uma única chapa foi tratada como um sinal de que a paz política voltou ao Palmeiras. A oposição, aglutinada majoritariamente no grupo UVB, soltou nota explicando os motivos pelos quais não apresentou candidato e reafirmou suas diferenças com Nobre. Além disso, elogiou o candidato Galiotte, que “sempre ouviu críticas com atenção”.



Estes fatos certamente podem ser vistos como um sinal de paz política. Mas a ausência de contraditório e do debate eleitoral não me parece algo positivo. Por pelo menos três motivos.



Precisamos debater nossos problemas para avançar



A inexistência de outras candidaturas significa, em primeiro lugar, que não haverá debates públicos entre os candidatos. Isso não é bom, nem mesmo para Mauricio Galiotte, que não terá os incentivos e a pressão de afinar o seu discurso público sobre o que quer para o Palmeiras. Menos reportagens sobre o futuro do clube e seu futebol serão produzidas, afastando a coletividade palmeirense - uma das mais engajadas do País, e cujo engajamento é força fundamental das melhorias recentes vividas pelo Palmeiras - de um debate franco e aberto sobre o futuro do clube. Este debate seria ainda mais produtivo no atual contexto de bom desempenho desportivo, que afasta o ambiente de crise, as soluções de emergência e o messianismo político.



Não podemos nos enganar: a guerra política no Palmeiras deriva principalmente da crise gerada pela ausência de renovação política, não do debate político e do contraditório respeitoso de ideias que renova a política.



A eleição é um mecanismo fundamental para a prestação de contas



A distância da torcida do ambiente político, especialmente diante da reta final de um campeonato que podemos e queremos muito ganhar, possui um benefício claro: não contamina o ambiente do futebol com a guerra de grandes egos e pequenas vaidades que normalmente permeia as alamedas e o microcosmos da política palestrina.



Isso se dá, entretanto, ao custo de abdicarmos de uma importante ferramenta de “freios e contrapesos” da democracia. É exatamente no momento eleitoral, que se pode discutir com maior franqueza, dar publicidade aos problemas de uma gestão, imaginar soluções, construir alternativas no imaginário coletivo. Até a situação, que precisa defender seu trabalho, pode eventualmente se beneficiar deste momento de exposição de seus erros, das críticas construtivas, da transparência que a democracia confere aos seus atos. E se o contexto é efetivamente de “paz política”, tanto melhor, já que a agressividade dos debates tende a ser absolutamente reduzida.



Como fica nosso processo de democratização?



Por fim, o problema mais importante de uma sucessão sem confronto de projetos e ideias talvez seja para o lento processo de democratização vivido pelo Palmeiras. Em seus dois mandatos, Paulo Nobre pouco fez de concreto pela mudança do sistema político do Palmeiras, raiz de muitos dos nossos males passados e que certamente será um entrave aos nossos avanços futuros. Há uma comissão para reforma do estatuto, mas neste momento nada indica que qualquer mudança será de fato levada a votação e implementada.





Nobre se elegeu com a promessa de levar adiante o processo de democratização no Palmeiras. Haverá tempo para cumprir esta promessa?



Nobre chegou ao poder e conseguiu estabilidade jogando com as regras vigentes (e não faço uma crítica aqui. Foi uma opção política, muito bem executada). Obteve apoio de Mustafá e de outros caciques, bem como de seus batalhões de vitalícios (só para lembrar, quase metade de nosso conselho). Infelizmente, este apoio é extremamente necessário para a gestão financeira do clube, especialmente diante do COF (Conselho de Orientação e Fiscalização). Nem há necessidade de discutir aqui se o Nobre colocar dinheiro do próprio bolso é ou não uma boa prática de gestão, nem se era ou não era necessário. Apesar da importância da discussão, não é disso que trato aqui. O ponto é que sem o apoio político daquela casta política do Palmeiras que envelheceu muito mal e que feriu nosso orgulho por tantos anos, seria impossível.



Pois, apesar das aparências, este Palmeiras que envelheceu mal continua muito vivo (e se renovando, com novos vitalícios entrando, para envelhecer mal novamente). A popularidade de Nobre poderia ser trunfo em sua reta final para mudar o estatuto e eliminar estes problemas, extinguindo (ou ao menos reduzindo) quaisquer cargos vitalícios. Mas isso certamente afetaria o apoio da velha guarda a Mauricio Galiotte.



O Palmeiras sempre renasceu e se fortaleceu nos momentos em que foi permeável à inovação: na profissionalização dos atletas no velho Palestra Italia (1932), na “Era Parmalat” (anos 90), na aprovação da construção do Allianz Parque (2008). Novas ideias nascem do dissenso, do debate, do confronto. Não há inovação, criatividade e progresso onde todos pensam igual. Nem onde não projetos distintos não se confrontam. Duvida? Veja esse video.



Nosso sistema político melhorou com as diretas e outras mudanças, mas precisa continuar melhorando, pois ainda reforça o protagonismo de velhos nomes e famílias no controle do clube, criando uma série de empecilhos a nossa renovação política.



A chapa única, nesse sentido (leia-me bem, dileto leitor. Nesse, NÃO em TODOS os sentidos), é uma derrota para todos nós. Para a situação, para a oposição, mas acima de tudo para a incorporação do torcedor na vida do clube e para a renovação do sistema político e das ideias que gerem o Palmeiras.



Mesmo que você seja um grande apoiador da gestão Nobre e a considere moderna, tenha a certeza: as barreiras políticas para construir um Palmeiras que olha e se insere no futuro ainda são muito altas. Transparência, profissionalização, eficiência na gestão dos nossos recursos, marketing, uso da tecnologia no esporte, relação com o torcedor, violência dentro e fora dos estádios... há um número infinito de temas que precisávamos discutir, com pluralidade de ideias. O Palmeiras pode até ter conquistado um bom desempenho esportivo em nosso futebol, e apaziguado sua turbulência política. Mas desperdiça uma oportunidade imensa de discutir, em dias de paz, os próximos passos da sua reinvenção.



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3888 visitas - Fonte: ESPN FC

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jornalista quer é ver confusão! !!! se tem briga e porque não devia ter. se não tem briga é porque devia ter !!!!! que carai de asa !!!!

paz total ! é a dinheirama do nobre acalmando os nervos kkkk

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