Em primeiro trabalho de destaque, Cuca enfrentou (e perdeu) a 'Rebelião dos Celulares'

28/10/2016 07:47

Em primeiro trabalho de destaque, Cuca enfrentou (e perdeu) a 'Rebelião dos Celulares'

Em primeiro trabalho de destaque, Cuca enfrentou (e perdeu) a 'Rebelião dos Celulares'





Cuca hoje treina o Palmeiras, líder isolado do Campeonato Brasileiro, e é o grande favorito para conquistar pela primeira vez o torneio em sua carreira de treinador. Realidade muito diferente do que ocorreu há 12 anos, quando o paranaense surgiu para o cenário nacional em seu primeiro grande trabalho de destaque como técnico.



Atacante de destaque nos tempos de jogador, com boas passagens por clubes como Grêmio, Inter, Santos e pelo próprio Palmeiras, Cuca pendurou as chuteiras em 1996, no Coritiba, e iniciou sua carreira de treinador dois anos depois, no Uberlândia-MG.



Após passar por diversas equipes sem muito sucesso, ele brilhou em 2003, quando estava no Paraná e foi contratado pelo Goiás, então pior time do primeiro turno do Brasileirão, para tentar salvar o clube do rebaixamento. Parecia impossível, mas...



Com uma campanha fantástica no returno, o "Verdão do Cerrado" arrancou de maneira espetacular, passou por cima de todo mundo e terminou em 9º lugar (entre 24 times), conseguindo pela classificação para a Copa Sul-Americana. Algo impressionante para quem havia ocupado a lanterna entre as rodadas 17 e 23 daquele campeonato.



Os destaques do time eram nomes como os dos atacante Dimba (artilheiro do Brasileirão 2003, com 31 gols), Araújo e Grafite (hoje no Santa Cruz), o meia Danilo (atualmente no Corinthians), o volante Josué (atualmente sem clube) e o zagueiro Fabão, hoje aposentado.



Daquele "super-Goiás", sobraram também grandes histórias, já que Cuca começava a mostrar o jeito meio "maluco" pelo qual é conhecido até hoje. Foi o caso da "rebelião dos celulares", que fez o paranaense perder boa parte dos seus já poucos cabelos.



"Quando estávamos no meio daquela arrancada, teve uma época que ele proibiu o uso de celular na concentração. Pediu para o grupo desligar tudo às 22h e não usar mais nem a internet, queria todo mundo descansando. Aí ele passava de quarto em quarto com o ouvido na porte para ver quem tinha cumprido a ordem, mas lógico que ninguém cumpriu (risos)", conta ao ESPN.com.br Gilmar Dal Pozzo, atualmente técnico, que era goleiro reserva daquele elenco.



"Na concentração seguinte, ele disse: 'Como vocês não estão sendo disciplinados, vou ter que recolher todos os celulares e não vou deixar mais vocês falarem'. Aí pegou todos, colocou numa caixa e levou pro quarto dele. No dia seguinte, fez a mesma coisa, mas combinei com os jogadores e disse: 'Vamos aprontar uma boa com ele' (risos)", gargalha o ex-atleta.



Todos os jogadores, então, programaram despertadores para o meio da madrugada, o que infernizou o sono de Cuca e fez com que ele fosse derrotado em sua "guerra" contra os celulares, que nem eram smartphones, mas já começavam a dominar.



"Começou o meu despertando à 1h da manhã, aí às 2h tocou o do Grafite, às 3h o do Dimba, e assim por diante (risos). Imagina só um monte de celulares despertando no meio da madrugada, e ele sem saber o que fazer. O Cuca não conseguia desligar, porque para desativar os alarmes tinha que colocar a senha (risos)", relembra.



No dia seguinte, o treinador estava soltando fogo pelas ventas.



"Ele não dormiu a noite toda. Desci uma 7h da manhã pra tomar café e ele já estava vermelho de raiva me esperando. Me olhou no fundo dos olhos, apontou o dedo e gritou: 'Alemão, seu filho da p..., foi tu que mandou ligar os alarmes de noite?'. Ele ficou puto da vida e não falou comigo por uns dois dias depois disso (risos)", sorri.



"Depois disso, ele nunca mais proibiu os celulares. Mas aí o ambiente estava tão descontraído que nem precisou mais", relembra o ex-goleiro, vencedor na "rebelião".



Apesar do episódio, os dois são bons amigos até hoje. Foi para Dal Pozzo, por exemplo, que Cuca revelou pela primeira vez que iria comandar o São Paulo após o fim da participação do Goiás no Campeonato Brasileiro de 2003.



"Quando ele estava acertando com o São Paulo, me chamou pra conversar atrás do gol um dia. Contou que estava de saída, que era a grande oportunidade dele, e eu fiquei muito feliz. Também me disse que ia levar o Cuquinha e toda a comissão técnica. Eu disse que estava triste por ele não estar mais com a gente, mas fiquei muito contente dele compartilhar aquele momento de felicidade comigo", conta Dal Pozzo, que enche o amigo de elogios dos mais variados.



"É um cara que sempre me ajudou muito, desde quando eu estava começando a virar treinador, sempre me manda mensagem. Ele sabe muito de trabalhos de campo e de parte tática. É muito equilibrado e organiza bem as equipes. Mas o que mais chama a atenção é a parte humana, pois ele sabe falar a linguagem dos atletas no vestiário. Todos o entendem, ele é muito simples na comunicação, além da capacidade e conhecimento dele", exalta.



Atualmente sem clube, Gilmar, que é conhecido por ter levado a Chapecoense à Série A do Campeonato Brasileiro, em 2013, agora se prepara para assumir uma nova equipe em 2017. Seu último trabalho foi no Paysandu, durante a Série B deste ano.



"No momento, minha ideia é começar um trabalho no ano que vem, e estou me preparando para isso. Quero fazer um trabalho para dar minha sequência na minha carreira, algo como na Chapecoense, na qual fiquei três anos, ou no Veranópolis, em que fique quatro anos. Estou monitorando clubes assim", ressalta.



Mais causos do "Super-Goiás"



Dal Pozzo chegou ao Goiás na 7ª rodada do Brasileirão de 2003, quando o clube vivia fase tenebrosa. Ele estava jogando no Marítimo, de Portugal, mas topou o desafio de substituiu o ídolo Harlei, que havia sido flagrado em exame antidoping e suspenso.



"Passamos o primeiro turno inteiro na lanterna, todo mundo já falava que estávamos rebaixados. Mesmo assim, nossa equipe era muito boa. Aí, conseguimos uma sequência de 16 partidas sem perder, arrancamos e saímos da zona da degola. Foi uma retomada excepcional, praticamente um título pra gente. E vários caras daquele grupo fizeram sucesso depois: Josué, Grafite, Araújo, Fabão, André Dias...", lembra.



Segundo o ex-goleiro, Cuca transformou um grupo de jogadores de muito talento, mas que não conseguiam render, em uma equipe que jogou o "fino da bola" no Brasileiro.



"Ele ajustou nosso time de maneira perfeita. É só lembrar aquela virada em cima do São Caetano, que tinha um timaço. Saímos perdendo de 1 a 0, mas o Cuca arrumou a casa e viramos, com um gol do Dimba aos 46 do segundo tempo. Foi o início da nossa arrancada, e tudo mudou a partir dali", recorda, saudoso.



Outra partida memorável foi o 4 a 3 em cima do Vitória, depois de sair perdendo por 3 a 0, em pleno Barradão.



"Foi uma partida sensacional. Estávamos bem, com a confiança lá em cima, mas os caras fizeram 3 a 0 na gente, só no primeiro tempo! E o pior é que estávamos jogando bem. Imagina como estava o clima no vestiário no intervalo... Mas aí o Cuca pediu pra todos fazerem silêncio e reorganizou o time", relata Dal Pozzo, que também contribuiu.



"Pedi também ao Cuca pra falar com o pessoal. Reuni todo mundo e disse que estávamos jogando bem, motivei os caras e falei que iríamos virar o jogo. Falei com tanta convicção que até eu acreditei (risos). Acredite ou não, viramos e ganhamos de 4 a 3. Depois, todo mundo veio me abraçar e foi uma festa especial. O Cuca é um cara ótimo, porque me deu essa liberdade, e poucos caras fariam isso", exalta.



Apesar de ser calmo em muitos momentos, Cuca também tinha suas explosões.



"Ele é um cara bem tranquilo na hora de dar as instruções, é bem didático, faz todo mundo entender muito bem o que ele quer. Mas também pode ser bem sanguíneo (risos). Eu lembro um jogo contra o São Paulo, por exemplo, que ele estava cuspindo fogo e quebrou um quadro e uma garrafa no vestiário (risos)", diverte-se.







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É um técnico diferenciado. Vai ficar no verdão e nos ajudar muito o ano que vem.

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